Lançado em 11 de maio, Soundfall que é desenvolvido pela Drastic Games e distribuído pela Noodlecake Studios, chega com uma proposta interessante e inovadora no gênero de jogo “rítmico”, onde utiliza a música e suas variações como parte essencial de todo desenvolvimento do jogo, principalmente em sua gameplay. Mas será que o jogo sabe realmente trabalhar esses aspectos? Saiba mais em nosso review!
O que é Soundfall
Você está sob o controle de Melody, uma jovem cujo o sonho sempre foi se tornar uma grande cantora, é inegável que talento ela possui, e até mesmo seus amigos a incentivam a correr atrás deste objetivo. Porém as obrigações básicas de qualquer ser humano como comer e pagar aluguel fazem com que ela sempre esteja ocupada demais para cantar. Até que um dia ela é “sugada” para um mundo paralelo do qual a música é parte fundamental para a sobrevivência de todos naquele ambiente, e ela acaba se tornando uma inesperada heroína e a única capaz de salvar aquele lugar, pois ela tem que destruir uma maldição que está corrompendo toda música e afetando a todos, e só após a destruição desta entidade, ela conseguirá retornar para casa.
Narrativa genérica, mas que tem carisma
Apesar de Soundfall possuir uma interessante premissa, seu desenvolvimento é cheio de buracos, não existe muita interação com o mundo que você se encontra, e falta personalidade a ele também. Você raramente se sentirá uma heroína que está salvando pessoas, pois falta vida. Mesmo todo o carisma demostrado em alguma raras cut-cenes animadas, e que são muito bonitas com arte feita a mão, logo se perde para uma nova progressão de andar para frente e nula interação com o mundo.
O jogo se esforça ao apresentar alguns personagens ao longo de sua jornada, personagens sempre muito fofos e que com certeza teriam mais peso caso fossem melhor desenvolvidos, mas é difícil se importar com eles, pois suas funções acabam sendo muito mais de um tirador de dúvidas, do que um ser que corre real perigo.
Sinto que o estudio fez isto de forma proposital, em somente colocar um objetivo para seguir e criar toda atsmofera necessária para fazer sentido você estar ali naquele momento. Pois o real interesse do jogo não é te manter interessado na “jornada do herói”, mas sim pelo o que você está ouvindo.
Trilha sonora que encanta e impressiona
Por se tratar de um jogo rítmico, onde a música e toda sua trilha sonora é o que irá atrair os jogadores, é onde Soundfall se diferencia, os desenvolvedores podem ficar orgulhos, pois eles conseguiram me manter no jogo somente por minha curiosidade para ouvir a próxima música. Infelizmente fazendo uma busca, eu não posso afirmar que todas as músicas foram feitas de forma original para o jogo, mas dificilmente foram, afinal de contas estamos falando de um estúdio pequeno, mas mesmo as “originais” e as “escolhidas” o time de desenvolvimento foi muito bem.
O jogo possui uma vasta lista de trilhas e elas variam muito durante a jornada, músicas eletrônicas, rock, rap e até samba estão estão presentes durante a aventura, e não são somente instrumentais, na verdade a maioria delas possui letra e algumas são muito lindas que me levaram a procurar no Youtube e salvar em minha Playlist.
Outra coisa que vale destacar sobre sua trilha é que ela influência diretamente na gameplay, então ritmos diferentes fará com que você realize abordagens diferentes para as fases. O jogo conta com atividades secundárias em seu mundo, e nelas há repetição de algumas músicas, mas nada que atrapalhe, pois a variedade é tão grande, que não dá para reclamar por que houve uma repetição. As músicas são ótimas e são uma mão amiga em momentos que o jogo deixa muito a desejar.
Ideia brilhante, execução ruim
Eu fico realmente chateado em ver boas ideias sendo desperdiçadas por um motivo tão bobo como o de “quanto maior, melhor”. Soundfall infelizmente abraça o conceito que o jogo precisa ter no mínimo mais de 6 horas de duração para ser algo “comprável” por todos. Eu realmente penso o contrário e jogos como esse reforçam esse meu pensamento, deixa eu explicar.
No controle de Melody você terá algumas formas de abordar seus inimigos, que são basicamente “minions” da corrupção que toma conta do mundo. Você possui em seu arsenal, uma arma para longa distância, uma espada para curta e alguns outros elementos que deixarão a personagem mais forte conforme você evolui, ele abraça o aspecto RPG nesse sentido, onde tudo tem nível, armas, espada, armadura e inimigos.
Apesar de sua premissa extremamente comum e simplista é como ele faz isso que o tornou ele tão especial, pelo menos em seu inicio. Em baixo de sua tela fica um ícone de “ritmo”, que traduzido para nosso português comum seria algo como “sinta a batida”, no meio deste traço existe uma marcação, onde os ritmos da música que está tocando se aproximam desta marcação, e neste exato momento, quando o ritmo toca o centro que você deve atirar, atacar ou desviar. Pois é neste contato que você fará o movimento com perfeição, pode ser um pouco difícil de entender em seu inicio, mas depois de uma música você pega o jeito.
Essa é uma forma quase brilhante de combinar música e gameplay, afinal de contas você realmente precisa estar atento a música e senti-la para que você no momento perfeito execute seu ataque, obviamente que nem sempre você irá acertar, mas mesmo no erro, Melody irá responder seu comando, mas seu ataque perde força e após alguns erros consecutivos, a personagens fica “exausta” e fica completamente vulnerável por pelo menos 2 segundos.
O motivo de meu lamento é que essa combinação tão gostosa perde todo seu brilho quando o jogo começa a estender demais sua duração e mostrar pouquíssima criatividade nas fases e inimigos durante a jornada. Tudo é reciclado demais, o que muda é somente sua estética e mais nada. Os inimigos são praticamente os mesmos do inicio ao fim, o design das fases são muito pobres, sendo somente corredores de apertar para frente, onde você deve atirar e se esquivar durante cerca de 8 a 10 horas. É realmente frustrante o time de desenvolvimento cair nesta armadilha em achar que duração vende jogo, pois ao fazer isso, eles fazem que toda sua inovação na soma de gameplay e música, seja ofuscada por sua repetição absurda.
O jogo até tenta esconder isso de maneira surpreendente até, ao introduzir outros personagens jogáveis, onde cada possui uma habilidade “ùnica”, um rápido, outra possui um escudo, mas não adianta introduzir personagens somente para refrescar a gameplay, se sua estrutura se mantém a mesma do inicio ao fim. O jogo possui modo co-op local para duas pessoas, e online para 4 pessoas, talvez toda sua repetição possa ser menos sentida em companhia, mas isso eu não posso afirmar, pois durante toda a jornada eu joguei sozinho.
Legendado em Português do Brasil
Algo que sempre irei valorizar em jogos atualmente é a atenção que os times de desenvolvimento e publisher oferecem para o Brasil. Soundfall está totalmente localizado em Português brasileiro, o jogo não conta com dublagem, mas não faz diferença, pois os personagens não possuem voz, somente textos. Então parabéns a Drastic Games e Noodlecake Studios por esse carinho aos fãs brasileiros.
Vale a Pena?
O gênero que Soundfall está inserido infelizmente não atrai muito público ao redor do mundo, os jogadores ainda não estão 100% habituados com essa proposta de jogo, mas acho que ele pode ser uma excelente porta de entrada para quem busca algo novo. Sua parte artística que embora simplista, possui personalidade, o que acaba tornando o jogo bastante bonito. Mas sem dúvidas que é em suas músicas que o jogo pode realmente desperta a curiosidade de qualquer um.
É uma pena que você descobre toda sua variação musical depois de se frustrar em sua gameplay repetitiva e longa, deixando o brilhantismo sonoro ofuscado no final do jogo. Caso você tenha interesse em conhecer e jogar Soundfall, eu deixaria ele em sua lista para comprar em uma promoção.
Soundfall está disponível para Playstation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series S/X, Nintendo Switch e PC.
Essa Review foi possível graças ao envio da chave de acesso ao jogo feito pela equipe da Noodlecake Studios, da qual nós agradecemos muito pela confiança em nosso trabalho.