A franquia Eiyuden Chronicle já surgiu em meio ao sucesso. O jogo Hundred Heroes foi a terceira maior campanha já financiada no Kickstarter, atrás apenas de Shenmue 3 e Bloodstained: Ritual of the Night. Com o grande nível de interesse por parte dos jogadores, a publisher logo se prontificou para expandir o universo e, claro, fazer a famosa moeda. Diante desse contexto temos o surgimento de Eiyuden Chronicle: Rising, um título estruturado como um prequel e com a missão de apresentar alguns dos personagens e um pouco de contexto antes da chegada do jogo principal.
Mas será que vale a pena se aventurar nesse prequel ou é melhor poupar dinheiro e esperar Hundred Heroes? É isso que você vai descobrir neste review!
A história de Eiyuden Chronicle: Rising
No jogo, inicialmente acompanhamos a história de CJ. Uma jovem que faz parte de uma família de caçadores de tesouros. A família dela faz um ritual inusitado quando os membros atingem certa idade. Eles precisam sair pelo mundo e procurar por um tesouro mais valioso do que o encontrado pelo membro anterior da família.
É sob esse contexto que CJ chega no vilarejo que serve como um dos”protagonistas” do jogo. No entanto, sua caçada ao tesouro não será nada simples. Os habitantes do vilarejo não gostam de exploradores e até a Prefeita exige que eles obtenham carimbos que são concedidos ao ajudar pessoas.
Esses cartões de carimbos se posicionam como uma das principais mecânicas do jogo e extendem e muito a duração da jornada. São dezenas de missões secundárias divididas entre diferentes grupos. Temos missões de loja, missões de personagens e por aí vai. A medida que progredimos, novos aliados se juntam ao grupo, o que torna a história e a jogabilidade mais complexa e ao mesmo tempo divertida. Um problema é que a narrativa demora cerca de 3 a 4 horas para engatar e a porção inicial do jogo é bem entediante.
Maldição, familiares perdidos, maquinações políticas, o fim do mundo… No geral, o roteiro segue a linha de outros JRPGs e a história é bem tranquila de se acompanhar. O título também ensina lições preciosas sobre amizade e desenvolve os personagens de uma maneira magistral. Após cerca de 15 horas (com direito a platina), encerrei minha aventura encantado com a amizade de CJ, Garoo e Isha.
A dureza de se tornar mais forte
Outra mecânica importantíssima de Eiyuden Chronicle: Rising é o desenvolvimento do vilarejo. Quando CJ chega no lugar, quase loja nenhuma existe e a população sofre diversos problemas. A medida que a gente resolve esses problemas e completamos os cartões de selos, as lojas vão surgindo e mudando de nível. Isso traz uma necessidade de gerenciar bem os recursos e, claro, fazer um pouco de farm para completar missões e aprimorar as armas e armaduras.
Cada um dos três personagens só possui uma arma e uma armadura. Podemos aprimorar nosso equipamento de duas formas: melhorando o nível de raridade e a qualidade do mesmo. Por exemplo, a arma começa dessa forma: Arma 1 com uma estrela. No final da jornada, ela termina: Arma 1 SSS +30 com 5 estrelas. Os aprimoramentos melhoram o poder de ataque, o bloqueio e traz um novo leque de possibilidades para o combate. Isha é uma maga e de início ela só pode lançar dois cristais como ataque. A medida que aprimoramos a arma dela, podemos lançar 5 cristais, o que facilita e muito no combate.
O grande problema nisso tudo é a sensação bizarra de repetitividade que fica ao longo da jornada. Como mencionei acima, eu gastei 15 horas para concluir 100% do jogo, mas, a sensação que eu tive é de que foram 50 horas ou mais. Precisamos ficar indo e voltando dos lugares para coletar materiais ou com a finalidade de completar missões bobas. O jogo possui algumas das piores missões secundárias que eu já vi, o que gera uma frustração enorme. Felizmente, graças ao poder do PS5, podemos fazer viagem rápida entre os locais, o que diminui um pouco a frustração. O problema é que existem cenários que funcionam como calabouços. Nos calabouços, a viagem rápida só pode ser acionada usando placas de sinalização.
A exploração nos cenários é bem linear, afinal, o game foi estruturado como um jogo 2.5D. Um elemento que impede a exploração no início é a presença de cristais elementais que bloqueiam as passagens. Para quebrar esses cristais, é necessário obter runas elementais que são encontradas ao longo da história. Essas runas elementais também alteram o tipo de dano dos ataques podendo ser de gelo, fogo, terra ou raio. Como os inimigos também apresentam diferentes elementos, equipar a runa correta em cada cenário garante uma vantagem enorme pro jogador, potencializando e muito o dano dos personagens. O título, que já é fácil, se torna ainda mais moleza. Vale mencionar que após zerar desbloqueamos o Modo Hard. Mas, graças a existência de acessórios extremamente roubados, o jogo se torna um passeio ainda mais. Existem acessórios que transformam todos os ataques em ataques críticos por exemplo. Até mesmo o último chefe acaba sendo derrotado em poucos segundos com o uso do acessório.
Por falar em inimigos, existe uma quantidade bem pouca deles. Para disfarçar e tentar diminuir o senso de repetição, a equipe alterou o design deles usando o elemento (fogo, gelo, terra, raio) como desculpa, contudo, a medida não deu muito certo.
A parte técnica
O review tem como base a versão de PlayStation 5. Não tive nenhum problema ao longo das minhas 15 horas com o jogo. Não presenciei nenhum bug, os loadings são extremamente velozes e o estilo visual adotado pela equipe é um dos mais charmosos que eu já vi. O combate flui bem e mesmo nos ataques linkados, onde muitos elementos surgem na tela, não percebi nenhuma queda de frame.
Um dos pontos fortes do jogo é sua tradução extremamente competente. Temos a presença de diversas piadas que foram transportadas para o nosso contexto, revelando o enorme cuidado que os tradutores tiveram em localizar o conteúdo para PT-BR. Um elemento que não me agradou foi a trilha sonora. Ela não é tão marcante quanto deveria ser, ainda mais se tratando de um RPG asiático que são conhecidos pelas trilhas sublimes.
Contudo, vale mencionar que entendo a situação. O jogo foi feito com o dinheiro excedente obtido na campanha do Kickstarter e, quando levamos isso em consideração, o trabalho realizado pela equipe passa a ser surpreendente.
Eiyuden Chronicle: Rising – Vale a pena!
Se todos os prequels fossem feitos com o mesmo cuidado que Rising, os jogadores estariam muito bem servidos. Apesar das limitações, que são compreensíveis visto o orçamento e tempo de desenvolvimento, Rising proporciona uma ótima entrada na franquia e cumpre muito bem o seu papel: deixar os jogadores com o gostinho de “quero mais”. Como mencionei mais acima, adorei a jornada de CJ, Isha e Garoo e já me sinto muito conectado aos três personagens. Se a equipe conseguir replicar isso em Hundred Heroes, bom, o game certamente será memorável.
PS: Este review foi feito graças a um código de PlayStation 5 cedido pela publisher 505 Games.