Em uma mistura de nostalgia com acontecimentos sobrenaturais, A Space for the Unbound é um jogo em pixel art do estúdio Mojiken e da Toge Productions.
Desde o primeiro momento que vi o game no Steam já me interessei por ele, isso lá em 2020 quando foi disponibilizada uma demo gratuita para teste. Quando joguei achei a história envolvente e fiquei ansiosa pelo lançamento. Mas sabemos muito bem o que aconteceu em 2020, isso mesmo, uma pandemia! Com ela diversos jogos tiveram que ser adiados, justamente por conta desse acontecimento, temos vários jogos sendo lançados neste ano.
Mas fico feliz que os desenvolvedores conseguiram lançar o jogo da forma que sonhavam e finalmente deixar na mão dos fãs essa obra tão aguardada. Mas vamos lá saber se A Space for the Unbound vale a pena?
O que vamos encontrar em A Space for the Unbound
A Space for the Unbound é um slice-of-life que se passa em 1990 na Indonésia rural. Ele é um game extremamente completo e entrega muita narrativa, envolvendo histórias de amor, amizade que se trombam com problemas que encontramos na sociedade e até em nós mesmos, como ansiedade, depressão, inseguranças, dificuldades de enfrentar o luto e lidar com os relacionamentos do nosso cotidiano.
Ele traz muita realidade em todos esses sentimentos envolvidos e é impossível alguém não se identificar com os personagens que nos são apresentados, pois eles possuem muita profundidade e características palpáveis que vemos em nosso dia a dia.
Inclusive, falando em personagens, no jogo a gente pode conversar absurdamente com muitas pessoas, cada uma trazendo uma perspectiva diferente, uma história a ser contada e até nos dão puzzles para resolver.
A jogabilidade é bem simples, eu optei por jogar no controle, mas basicamente podemos andar, lutar e clicar em objetos e em pessoas para interação. Quanto a duração, ela vai depender o quão empenhado em conhecer mais sobre o universo você é, eu o terminei em torno de 12h. No entanto, ainda pretendo jogar mais vezes para pegar as conquistas pendentes e saber mais sobre alguns pontos que posso ter deixado passar.
Algumas curiosidades
Também temos easter egg nos personagens, caso considere SPOILER da história pule essa parte, mas uma das personagens é a protagonista de When The Past Was Around (outro jogo da Toge Productions e Mojiken Studio), que me fez chorar relembrando a belíssima história daquele casal!
Outro easter egg é um personagem inspirado em uma figura pública muito conhecida pelos brasileiros, ou melhor, um jogador renomado do nosso futebol! O Ronaldo Fenômeno, ou melhor, o Ronaldola está no game. Ele nos pede para fazer embaixadinhas, mas assim como na vida real, no jogo eu também sou péssima em esportes.
Esses detalhes fazem total diferença na nossa jogatina, trazendo representatividade e mais profundidade para história. Tenho certeza que os jogadores irão se encantar com cada personagem e por cada passo que derem pela cidade onde o jogo se passa. Vale citar que também traz elementos do local, fiquei muito feliz em descobrir mais sobre outra cultura que não tinha conhecimento, como se tivesse fazendo uma viagem para aquela cidade.
Falando sobre isso, eu facilmente moraria lá, com a Raya e o Atma, nossos personagens principais que estão no Ensino Médio. A cidade traz uma vibe muito gostosa de união e aconchego, repleta de cenários diversos e paisagens únicas. Inclusive, eu fiquei tão imersa na história que estava sendo contada que me senti dentro de um anime colegial, tanto pelos gráficos impecáveis, quanto pelas conversas.
Pontos a serem apreciados
Os diálogos são muitos, no entanto parecem que foram escritos por um poeta, de tão bonita que são as mensagens transmitidas. Ora nos dão um quentinho do coração, ora joga uma verdade na nossa cara e até podem te fazer lacrimejar. Vale comentar que como o jogo é recheado de muitas falas, tem como abrir no menu a opção “História”, no qual estão os registros de texto caso você tenha perdido alguma parte.
Não poderia deixar de citar a trilha sonora, ela é bastante completa e diversa, alternando dependendo de que momento estamos, seja ele de tensão ou mais tranquilo. Os efeitos sonoros também dão um toque todo especial, pois parece que estamos jogando um game retrô. Os visuais e a arte te colocam ainda mais dentro dessa atmosfera, em que pude notar que foi feito com muito capricho e dedicação.
Para os amantes de animais, em especial por felinos, sintam-se presenteados nesse jogo, pois você vai encontrar um gatinho em cada esquina, é muito interessante essa mecânica em que podemos interagir com eles, dando carinho e todo o cuidado que eles precisem.
Em cada obstáculo que precisamos enfrentar em A Space for the Unbound, um mini game é criado, eles são extremamente interessantes de serem jogados, como o jogo de luta Future Fighter que me deixou viciada em tentar bater o recorde no fliperama. Quem é da década de 90 e é apaixonado por jogos de lutas vai adorar esse game, porque ele traz muitos elementos desse período e especialmente para os amantes de artes marciais.
Os puzzles são um show a parte para quem gosta de resolver mistérios igual eu, cada passo que damos dentro do jogo temos um quebra-cabeça diferente para ser desvendado. Teve um em específico que eu me senti muito inteligente resolvendo, que envolvia fórmulas matemáticas, voltei para minha época de cursinho pré-vestibular.
Citando as mecânicas acho importante comentar sobre o livro que temos, ou melhor, o grimório, nele podemos consultar o mapa que é muito útil, já que andamos bastante em busca de respostas. Além disso, nele estão nossos objetivos, o inventário, alguns itens que colecionamos e os contos.
Ele também possui uma função importante que é a dimervenção, quando vamos para ela entramos em contato com a parte mais íntima de alguém, ou seja, o coração daquela pessoa. Toda vez que isso era ativado, eu ficava animada, pois é uma das melhores partes do jogo, a sacada foi genial!
Outro detalhe que faz total diferença para mim em um jogo, é a opção em que podemos salvar a qualquer momento, apesar de possuir o salvamento automático, você pode escolher por salvar em slots, facilitando muito na jogatina.
Pontos que poderiam ser melhorados
Eu achei que não encontraria nenhum ponto negativo para citar, mas eu notei que os personagens dão muitas dicas para resolver os puzzles, como destacando em amarelo a palavra que ajudaria a resolver aquilo. Então acaba facilitando para encontrar a resposta para alguns problemas. Ainda que essa dificuldade vá aumentando durante o progresso do jogo.
Outro ponto que achei foi no momento de ler os contos, a barra de rolagem é muito sensível, tanto no controle quanto no teclado, ela sempre rolava demais e eu tinha que ficar voltando pra conseguir realizar a leitura.
A tradução em português também deixou passar alguns erros gramaticais e de digitação, mas nada que atrapalhasse a minha experiência. Porém, vale ressaltar que eles tiveram a preocupação de localizarem em 7 idiomas, (português do Brasil, inglês, japonês, coreano, chinês, tanto o simplificado quanto o tradicional e indonésio). Sendo assim, mais pessoas podem aproveitar o jogo, uma atitude muito louvável dos desenvolvedores!
Afinal, A Space for the Unbound vale a pena?
A Space for the Unbound era um dos meus jogos mais aguardados de 2023, ansiava por ele desde antes da pandemia! Ao jogá-lo pude sentir que toda a espera valeu muito a pena, esse é exatamente o tipo de jogo que me encanta, além disso ele é completo! Digo no sentido de entregar uma história emocionante, arte impecável, trilha sonora envolvente, combates, problemas a serem encarados e personagens marcantes!