Quem não gosta de um bom RPG, não é mesmo? Uma enorme quantidade de poderes, personagens e uma história com consequências imprevisíveis esperam quem for participar destas aventuras. Em jogos eletrônicos, também há muitas possibilidades e com isso tivemos a popularização de RPGs digitais em diversas partes do mundo. Nessa toada, faz quase 20 anos que Tales of Symphonia chegou aos consoles. Aparecendo primeiramente no saudoso Nintendo GameCube, algum tempo depois ele chegou ao PlayStation 2. Após também surgir no PS3, em 2013, ele está sendo agora lançado para os consoles da oitava geração de maneira remasterizada. Buscando uma reapresentação junto a uma nova geração de jogadores, Tales of Symphonia Remastered consegue chegar lá e se mostrar como uma boa experiência? Vamos descobrir.
Visuais
Tales of Symphonia incorpora o estilo de anime que permeia a saga Tales of, com personagens e ambiente com estas características. É possível lembrar de outros RPGs como os primeiros Final Fantasy, com um mundo bastante explorável. Há muitos ambientes a serem descobertos, com salas e desafios. Todos os personagens são bem detalhados em seus rostos, vestes, armas e armaduras, ajudando a compor espaços desde mais bucólicos até os mais ameaçadores. As construções também seguem este padrão, podendo ser mais simples ou exibir um grau maior de complexidade.
Entretanto, como estamos falando de uma remasterização, também é preciso fazer necessárias críticas. Os gráficos estão claramente datados, com inconsistências como texturas borradas. Isto acaba sendo um problema e um ponto negativo.
Jogabilidade
Tales of Symphonia Remastered é, como um RPG, um jogo que privilegia exploração e combate. Os protagonistas podem visitar diversas seções do mundo do jogo e obter poderes, técnicas e também abrir baús com itens. Existem muitas áreas menores em Symphonia como vilarejos e florestas onde nos aventuramos. Nos vilarejos podemos entrar em casas e vasculhar seus interiores, conseguindo recompensas por isso. Já quando deixamos estas áreas nos encontramos em um mapa maior no qual podemos andar com relativa liberdade e rapidamente chegar ao destino seguinte.
Na maioria dos lugares percorridos há NPCs que podem participar de alguma missão, vender itens ou simplesmente contar algo sobre o mundo. Outro detalhe interessante é a possibilidade de cozinhar, além de comprar itens que melhoram os atributos dos personagens.
Todas as regiões estão cheias de inimigos. Há vários tipos, mas a repetição acaba se tornando um fator um pouco preponderante por aqui. Podemos evitar os adversários em combates opcionais, mas quando somos tocados por eles a tela muda para uma arena de combate. Em relação a este quesito também há um certo grau de liberdade, com o jogador podendo pausar o game para utilizar itens ou até mesmo fugir, caso opte por isso e espere tempo o suficiente. No que tange aos itens é possível, por exemplo, adicionar vida aos personagens ou revivê-los. Ataques físicos e mágicos podem ser utilizados para derrubar os inimigos, também. Ao longo do game os adversários vão ficando mais difíceis e exigem técnicas que vão além do simples ato de esmagar botões. Quando se chega aos bosses, isto se torna mais perceptível com os golpes extremamente fortes e impiedosos que surgem.
De modo geral as possibilidades em combate são muito boas e condizentes para o que se espera de um jogo RPG, mas é possível ver que tudo é um pouco datado e poderia estar melhor considerando os dias de hoje.
Ainda sobre a jogabilidade importa falar para quem está procurando puzzles: o game possui obstáculos que necessitam de raciocínio lógico por parte do jogador. O cuidado nesse sentido é bom e acaba sendo uma adição positiva.
A história de Tales of Symphonia Remastered
Tales of Symphonia se situa em um universo alternativo no qual a energia do mundo, denominada de Mana, está sendo sugada por criaturas humanoides conhecidas como Desians. Os Desians também hostilizam e escravizam humanos, fazendo experimentos neles e os oprimindo. Na esperança de vencerem os inimigos, os humanos lançam mão da figura do Escolhido que deve despertar poderosos espíritos. Este evento levará à reaparição da deusa Martel e, em teoria, salvar a humanidade. Nas últimas centenas de anos isso foi impedido, e agora há uma nova tentativa com o Escolhido surgindo na figura da jovem Colette. Há também detalhes que tornam a ambientação singular como o contato da magia com a tecnologia, os objetos conhecidos como exspheres e o choque entre diferentes raças de seres.
No game controlamos primariamente Lloyd, amigo de Colette. Symphonia acaba demonstrando uma dose de coragem ao nos retirar do lugar comum que seria controlar o Escolhido e nos colocar na pele de um de seus aliados, o que enriquece a experiência. Como estamos falando de uma aventura de jovens, normalmente temos também um trio e aqui ele se completa com o garoto Genis. Existem outros personagens recorrentes também, como o guardião Kratos. Os personagens de modo geral são divertidos e simpáticos, cada um com suas particularidades e sendo fáceis de se conectar com o jogador.
A história é interessante e faz com que tenhamos curiosidade sobre o mundo em questão. Ainda assim, há alguns elementos datados e passagens extremamente descritivas que podem irritar o jogador em alguns momentos.
Desempenho, trilha sonora e localização
Tales of Symphonia Remastered possui um desempenho estável, mas poderia eventualmente ter algumas melhorias em questões como loadings, por exemplo. A oitava geração de consoles possui potencial para rodar o game de maneira mais fluída e realmente acaba sendo algo estranho notar que por vezes o game tenha flashes de alguns segundos em tela preta na passagem de uma área para outra. Já no que tange à trilha sonora, temos boas músicas — mas nada que se destaque tanto.
No que se refere à localização é visível que o game encontra seu calcanhar de Aquiles. Não há nenhum texto em PT-BR, o que é um ponto negativo. Não é só pelo jogo em si não poder ser jogado com familiaridade por boa parte de nosso público, mas também pelo fato de ser um RPG e exigir uma certa leitura para que se entenda o contexto e a jogabilidade do título. Uma pena.
Conclusão
Tales of Symphonia Remastered é um bom game com uma interessante história e combates divertidos, mas sente sua própria idade. É de se pensar que a evolução oferecida pelo remaster não é suficiente para elevar o game a um júbilo unânime, tornando-o mais um exemplo de nostalgia que tem grande valor, mas que já possui uma época própria assinalada. A falta de localização é um problema importante, mas quem não tiver grandes dificuldades com isto encontrará um produto com sabor de infância.
Obs: Esta análise foi feita em um PlayStation 5 com uma cópia cedida pela Namco, a quem agradecemos.