O mercado varejista no Brasil está tomado por alguns eventos caóticos nos últimos tempos. Tivemos, como exemplo, problemas envolvendo as Americanas. Mas houve mais notícias agitadas, como as que cobriram a disputa entre as empresas Magazine Luiza e Kabum, envolvidas um processo de aquisição. Mas o que de fato aconteceu? O que a Magalu e a Kabum buscam?
Em 2021 foi assinado um contrato de compra e venda, aprovado três meses depois pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), permitindo à Magazine Luiza comprar a Kabum. Desde então o processo de venda estaria transcorrendo, mas ocorreram turbulências. Os fundadores da Kabum, os irmãos Thiago e Leandro Santos, entraram com duas ações judiciais. Uma contra o banco Itaú, que participou das negociações, e outra contra a própria Magalu, afirmando haver um mal assessoramento no processo de venda. Foi solicitado acesso a mensagens envolvendo o Magazine Luiza e o banco Itaú e, embora o pedido tenha sido aceito uma vez, foi suspenso posteriormente.
Neste embaraço havia uma regra no contrato de compra e venda que permitia que os negócios da Kabum continuassem sendo comandados pelos irmãos Santos em até dois anos após a compra. Após os problemas envolvendo a aquisição, porém, seus contratos de trabalho foram suspensos. Mais recentemente uma medida mais gravosa foi tomada pela Magalu: a demissão dos irmãos. De acordo com a carta de demissão, houve constatação de improbidade com serviços particulares sendo contratados usando dinheiro da Kabum e também havendo um embolso indevido usando o patrimônio da empresa.
Contrariados, Thiago e Leandro entraram na justiça para que a decisão não valesse. Segundo eles, ambas as demissões já estavam sendo planejadas pela compradora. Alega-se que, por conta do processo contra o Itaú, houve retaliação e isto caracterizaria demissão sem justa causa – que dá direito a verbas rescisórias. No total, caso a decisão fosse favorável aos irmãos, eles teriam direito a milhões de reais a serem pagos pela Magalu.
A história vem se arrastando há meses. Os irmãos Santos acusam o Itaú de estarem envolvidos em um conflito de interesses, manobrando para que a Kabum fosse vendida justamente para a Magazine Luiza.
A venda da Kabum foi fechada por R$ 3,5 bilhões e, em tese, o todo pertencente à antiga empresa seria agora parte da controladora, a Magalu. Outras empresas teriam se interessado por fechar negócio, entre elas a Havan de Luciano Hang, a Whirlpool, a B2W e a Via. Entretanto, segundo os irmãos Santos, o Itaú agiu para que outras propostas não se concretizassem. Para comprovar o conflito de interesses os irmãos Santos haviam pedido uma produção antecipada de provas na Justiça, além de arguir indícios como o fato, segundo eles, de que quem realizava as negociações por parte do Itaú era cocunhado do diretor-presidente da Magalu e membro da família Trajano, que controla a empresa.
Segundo o Brazil Journal, uma das razões para a insatisfação dos fundadores da Kabum seria também o fato das ações da Magalu terem caído vertiginosamente nos meses posteriores à compra.
A aquisição do Kabum pela Magalu faz parte de uma estratégia de crescimento da varejista, podendo alcançar um maior público com mais eficiência e de maneira complementar. A Kabum é uma loja especialista em produtos de informática, PCs e produtos gamers em geral, podendo agregar à Magalu. A compra não seria lesiva para concorrentes porque a Kabum seria responsável por vender produtos de “maior valor médio” em comparação com a Magalu, segundo o Cade. Além disso, para o órgão, a compra seria benéfica para o mercado ao aumentar a competitividade em um universo com empresas como Amazon, Mercado Livre e Americanas.
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