Assassin’s Creed é, indiscutivelmente, uma das franquias mais conhecidas e cultuadas da indústria. Iniciada em 2007, após dezenas de jogos, a Ubisoft vai tentar entregar a experiência premium dos consoles nos dispositivos móveis. É diante desse contexto que surgiu Assassin’s Creed Codename Jade, RPG de mundo aberto ambientado na China antiga.
Nós fomos convidados pela Ubisoft Brasil pra escrever o preview de Assassin’s Creed Codename Jade com base no beta fechado. Já adianto que elas não poderiam ser melhores!
Uma merecida viagem até a China
Os fãs de Assassin’s Creed passaram anos pedindo para que a Ubisoft construísse uma experiência premium ambientada no Japão Feudal. Após passarmos recentemente pelo Egito, Grécia e Escandinávia, finalmente teremos um contato mais próximo com a cultura Oriental através de Codename Jade. O jogo aborda um período importantíssimo de China numa época onde o primeiro império da história do país estava sendo formado.
O game rapidamente nos introduz a Wei Yu, o pai adotivo do nosso personagem, em uma missão no exterior ao lado de ninguém mais, ninguém menos que Kassandra, protagonista de Assassin’s Creed Odyssey. Em poucos minutos adentramos na tela de criação de personagem e começamos a trilhar o nosso próprio caminho no jogo.
Apesar de ser uma experiência focada em dispositivos móveis, o jogo apresenta uma campanha tradicional que conta uma história de vingança. Não darei mais detalhes pra não spoilar o enredo, mas o nível do plot não fica devendo nada às experiências de console, o que impressiona para um projeto mobile.
Por ser uma experiência de acesso antecipado e em fase de beta, algumas cutscenes estavam inacabadas, assim como o trabalho de voz nos diálogos. Fora isso, tudo funcionou perfeitamente bem e o trabalho cinematográfico, seja em relação aos cortes das cenas, assim como na ambientação, segue um nível bem similar ao que vimos nos jogos de console. Poucas empresas conseguem entregar ambientações tão primorosas quanto a Ubisoft e o mesmo se aplica em Codename Jade!
Figuras e locais históricos, como a Muralha da China e a capital Xianyang se fazem presentes, reforçando o empenho da equipe em entregar um trabalho que é pautado no estudo da História, um dos principais charmes da franquia. Temas pesados como escravidão, corrupção e exploração do povo pautam a narrativa da campanha, o que ajuda a manter o interesse de quem joga pelos acontecimentos. Infelizmente, por conta das cutscenes sem impacto, momentos que poderiam ser épicos acabam não tendo nenhum impacto narrativo mas pode ser que isso mude no jogo final.
Preview de Assassin’s Creed Codename Jade – Fórmula conhecida com doses de mobile
Visando envolver os jogadores, Assassin’s Creed Codename Jade segue o DNA de seus antecessores mais recentes – Origins, Odyssey e Valhalla. A jogabilidade segue a estrutura de um RPG de ação com flertes pesados no gênero hack’n slash. O sistema de gear também segue os games anteriores.
Se você for um fã de longa data da saga, calma. As opções furtivas ainda existem aqui, contudo, o jogo se torna muito mais divertido quando você vai pra cima brandindo uma espada longa, lança ou machado. Por falar em armas, elas apresentam níveis e podem ser “avançadas” quando o jogador atinge o nível máximo inicial.
Outro sistema presente é o de Reforjar. Ao obter armas duplicadas, podemos usar o sistema para aprimorar as habilidades e os efeitos passivos do armamento. Seguindo a cartilha dos RPGs, as armas possuem raridades diferentes e é aí que entra o aspecto mobile do jogo.
Ao longo da aventura, podemos obter o recurso chamado de Gold Ore. Com ele, podemos roletar armas lendárias que seguem o sistema de gacha. Acaba sendo um mal necessário por ser um F2P. No beta fechado, não senti que o sistema é P2W ou injusto, contudo, é necessário cautela pra ver como a Ubisoft vai tratar a loja no lançamento final. As possibilidades para uma estratégia de monetização agressiva são vastas, podendo incluir sets completos de armadura, montarias e muito mais, logo, é bom ficar de olho! Outro ponto comum em jogos mobiles é a presença de eventos sazonais. No beta fechado me deparei com o tradicional evento de login de 7 dias, concedendo até uma montaria rara como recompensa. Os eventos costumam ser uma faca de dois gumes. Além de acrescentarem conteúdo temático nos games mobile, eles servem como uma ferramenta de monetização, trazendo roletas temporárias e aumentando o aspecto “gacha” do jogo.
Para a minha surpresa, a qualidade das animações das finalizações está bem acima do que eu esperava. Assim como a responsividade do combate. O hitbox funciona bem e os inimigos respondem ao dano causado, o que é excelente para um jogo mobile. Só senti falta de desmembramentos, afinal, estamos golpeando os adversários com armas gigantescas mas a limitação da plataforma precisa ser levada em conta.
As coreografias dos golpes estão excelentes, o que era de se esperar pensando que se trata de um jogo na China Antiga. O combate é bem acrobático, apesar de não ser tão livre no quesito movimentação. Os controles são bem intuitivos no touch e não poluem tanto o HUD. Tentei jogar com um controle mas o jogo ainda não conta com suporte para tal. A única coisa que me incomodou foi a inteligência artificial. Os inimigos não são tão inteligentes e muitas vezes não notam o personagem mesmo à centímetros de distância. Por conta disso, o jogo raramente apresenta situações de perigo, o que deve afastar os fãs que buscam um nível de dificuldade maior.
Uma verdadeira experiência Assassin’s Creed
A equipe responsável por Codename Jade levou a missão de transportar a experiência dos consoles para os celulares à sério. As estruturas de missões são as mesmas, assim como as atividades secundárias.
Encontrar tesouros em acampamentos bandidos, derrotar algum capitão inimigo, sincronizar pontos de observação, concluir missões secundárias. O mapa, que é gigantesco, segue a divisão por regiões e conta com centenas de atividades secundárias que irão manter os jogadores bem ocupados.
Aliado a isso temos um sistema interessante de conquistas que recompensa os já mencionados Gold Ores, item premium do jogo. Ao concluir as missões principais ou atividades secundárias, ganhamos experiência e mudamos de nível. Assim como nos jogos mais recentes, os inimigos acompanham nosso nível, fazendo com que toda região possa ser explorada livremente pelos jogadores. Ao subir de nível, ganhamos pontos de talento que garantem bônus passivos como aumento no dano de assassinatos, aumento de vida e por aí vai.
A equipe pensou bastante na movimentação do jogo, deixando-a o mais próximo possível do que conhecemos da franquia. Subir elevadores usando o contrapeso, descer de cordas, escalar construções e usar o salto de fé… Assassin’s Creed Codename Jade oferece uma experiência autêntica da saga, isso não tem como negar. Para facilitar e agilizar as andanças pelo vasto mundo do jogo, temos uma montaria e até o conhecido sistema de auto rote onde o cavalo corre sozinho até a direção pré-determinada.
Ótima execução técnica
Como mencionei mais acima, o preview foi escrito com base em um teste na fase beta, portanto, diversos problemas são evidentes e foram avisados previamente. Alguns exemplos são texturas que surgem ainda em carregamento, diálogos narrados por IA por ainda estarem inacabados e por aí vai. Apesar disso, os visuais de Codename Jade impressionam, lembrando títulos do começo da geração do PS4.
Outro ponto notável foi a latência. Mesmo jogando no servidor norte americano, não tive nenhum lag ou disconnect. O jogo rodou perfeitamente bem. Caso a Ubisoft implemente servidores locais, ele vai ficar ainda mais estável.
Joguei cerca de 6 horas no iPhone 13 e, pra minha grata surpresa, não tive nenhuma queda de frame ou problemas de superaquecimento. O jogo também tem um bom uso de bateria, consumindo cerca de 8 a 10% pra cada hora jogada.
Preview de Assassin’s Creed Codename Jade – Potencial enorme
Não sou muito de jogar em celulares mas Assassin’s Creed Codename Jade é tão bom a ponto de me fazer repensar sobre isso. Julgando por tudo que experimentei no teste, já consigo cravar que a Level Infinite conseguiu, com maestria, transportar a exata experiência que temos nos consoles para os dispositivos móveis, democratizando o acesso à uma das sagas mais importantes da indústria. O jogo tem um potencial gigantesco e, caso receba conteúdo com frequência, pode acabar se tornando um dos maiores acertos recentes da Ubi!