Lost in Random é um novo indie de aventura com foco na narrativa desenvolvido pela excelente Zoink Games. Parte do selo EA Originals, o jogo foi lançado hoje (10 de Setembro) nos consoles e PC. Com diversas semelhanças às obras de Tim Burton, neste review você vai conferir por que penso que Lost in Random é uma belíssima surpresa e um indie obrigatório para todos que gostam de experiências diferentes.
Random, Even e Odd
Se você sabe o mínimo de inglês, o título deste parágrafo já entrega bastante sobre a principal temática do jogo e detalhes da genialidade de seu roteiro. Mas, vamos começar do começo! Lost in Random é ambientado em… Random (Aleatoriedade). Neste reino mágico, todos os seres humanos possuíam um dado mágico que determinava os seus respectivos destinos.
O que você vai comer, o que você vai vestir, o que você vai fazer.. Enfim, todas as ações das pessoas eram determinadas pelo rolar dos dados. Contudo, em um dia sombrio, a Rainha decidiu instaurar Ordem no mundo (os motivos são explicados ao longo da trama, mas, por razões óbvias, não irei falar sobre isso aqui). Após a decisão da Rainha, todos os dados das pessoas foram apreendidos, fazendo com que a terrível monarca adotasse controle absoluto sobre a população.
Com o controle, veio uma lei nefasta: o destino de todas as crianças seriam sempre decididos quando a criança completasse 12 anos. Na ocasião, um dado é rolado para a criança e seu papel na sociedade é definido pelo número rolado. Em suma, isto acabou criando um sistema de castas no Reino. Sendo o número Um os párias descartáveis e os números Seis os súditos pessoais da Rainha, uma das maiores “honras” que podem ser obtidas.
Odd, irmã de Even, acaba tendo seu destino traçado pelo sistema. Ela se torna uma Sixer (número Seis) e é levada para o palácio da Rainha. Bom, o resto da trama você já consegue advinhar. Even acaba partindo em uma jornada perigosa com o objetivo de salvar sua irmã. Ela adquire um dado perdido a anos, seu fiel escudeiro Dicey, e diversas coisas acontecem nesse meio tempo. Vale mencionar que Dicey é tanto um protagonista quanto Even. Além de ser a grande estrela no combate do jogo, ele consegue abrir portas (ao ser melhorado) para
Lost in Random: O jogo de “Tim Burton”
Se eu não soubesse que o jogo foi desenvolvido pela Zoink Games, com certeza pensaria que o título foi desenvolvido por Tim Burton. A trama e os elementos estéticos lembram bastante obras do prestigiado cineasta. Aqui podemos citar A Noiva Cadáver e 9: A Salvação. O roteiro impecável, recheado de brincadeiras com jogos de palavras, foi assinado por Olov Redmalm, diretor criativo de Lost in Random.
Contudo, um dos pontos mais fortes e cativantes do jogo, é também uma de suas principais fraquezas. Infelizmente, o título não possui localização para o nosso idioma. E, como mencionei acima, a narrativa é a principal peça da obra. Os diálogos são geniais demais e os personagens carregam consigo histórias extremamente necessárias para o nosso cotidiano. A ausência de localização faz com que milhões de jogadores em potencial percam o que o jogo tem de melhor.
Além da qualidade imensa dos diálogos, a construção dos mundos e dos personagens é simplesmente fenomenal. Cada personagem, por mais secundário que eles sejam para a trama, deixam uma marca enorme em quem joga e possuem bastante originalidade e identidade. Não existem personagens genéricos na jornada de Even. Não tenho dúvidas de que muitas missões secundárias, personagens e lições presentes no jogo ficarão comigo por um bom tempo!
Além da ausência do nosso idioma, o outro defeito que consegui encontrar foi a navegação no mapa. Não existe um ponteiro ao abrir o menu exibindo as localizações, demandando que os jogadores advinhem em que seção do mapa eles se encontram.
Ação + Cartas: Mistura Genial!
Não é só de narrativa que Lost in Random vive. Como uma Portadora do Dado, Even usa cartas para despachar os lacaios da Rainha nas batalhas. Diferente dos demais jogos que se apoiam em cartas no gameplay, aqui as coisas funcionam de uma forma muito mais dinâmica e emocionante. Você tem cartas que geram armas como Espadas, Arco e Flecha, Martelo e Lança. Outras cartas geram bombas ou envenenam os inimigos e por aí vai. São mais de 50 tipos diferentes de cartas.
Ao coletar as cartas, você obviamente monta um deck com elas. Seu deck é limitado em 15 cartas. Durante os rounds, essas cartas possuem um Valor para serem jogadas. Por exemplo, o Martelo só pode ser gerado se você rolar um 3. Contudo, você pode estar com o HP baixo e precisará escolher entre usar o Martelo ou recuperar seu HP caso a carta de poção tenha aparecido. Felizmente, o jogo tem um sistema de Pin onde você pode salvar a carta para a próxima rodada.
A quantidade de cartas que podem ser fixadas aumenta conforme você progride na história. Mas, a existência da opção evidencia o quanto a equipe pensou nos sistemas e felizmente a implementação foi muito bem realizada. A dificuldade não é injusta e o combate possui um excelente ritmo entre ação e estratégia, agradando tanto quem gosta de planejar cada movimento quanto quem prefere jogar de maneira mais “livre”. E, sim, temos lutas contra chefes bem criativas que vão arrancar um sorriso seu!
As cartas podem ser obtidas de três formas: realizando missões secundárias, progredindo na história principal e comprando com moedas de ouro no NPC Mannie Dex.
Recursos de PS5
Lost in Random faz um bom uso do SSD do PS5. O “padrão” aqui se repete: praticamente não existem loadings no jogo e o desempenho está excelente. Contudo, o uso do DualSense é bem tímido, quase imperceptível em alguns momentos. Certamente uma adição maior de vibrações e uma exploração maior dos gatilhos trariam mais imersão ao jogo.
Outro ponto que podemos citar é a ausência do uso do Game Help. Este é mais um jogo que passa batido na função, o que decepciona. Felizmente, os puzzles do jogo são bem bobos e os colecionáveis são bem fáceis de serem encontrados, o que suaviza a situação.
Aviso aos platinadores: mais da metade dos troféus do jogo são perdíveis. Após visitar uma cidade, você não consegue voltar para a mesma, logo, você acaba perdendo todas as missões e colecionáveis do lugar. Também existe um troféu bugado, o de completar todos os puzzles. Ele não está pipocando como/quando deveria e até o momento não existem soluções.
Lost in Random: Vale MUITO a Pena!
Lost in Random é um dos jogos mais criativos do ano. Curiosamente, ele consegue disputar igualmente com It Takes Two, outro jogo do selo EA Originals. Não há duvidas de que o selo é um dos maiores acertos da história da EA. Com lições essenciais, uma trilha sonora tocante, personagens marcantes e diálogos geniais, Lost in Random é facilmente um dos melhores jogos de 2021.
PS: Esta análise foi feita com um código de PS5 cedido pela assessoria da EA.