Durante a Brasil Game Show de 2023 (BGS 2023), a equipe da República DG teve o imenso prazer de entrevistar Luciana Pucci, gerente de marketing da Razer. Confira a entrevista completa:
República DG: Os consumidores do meio gaming costumam pensar que os executivos não possuem contato com os games e lidam apenas com a parte administrativa. Você pode falar um pouco sobre o seu primeiro contato com os jogos?
Pucci: Claro que sim. Eu sou da época do Mario Bros, do Atari e sou uma executiva. Trabalhei pra empresas de tecnologia por dez anos e agora estou na parte dos periféricos da Razer. Hoje em dia eu tenho contato através do meu filho de nove anos. Eu jogo Mario Bros com ele no Nintendo Switch. Mas, por exemplo, eu trabalho na Razer e não jogo em PC Gamer mas utilizo todos os produtos porque são de alta tecnologia. Um exemplo disso é a cadeira gamer da Razer. Nós falamos sobre cadeira gamer porque temos a de ergonomia, sendo elas a Iskur e a Enki. Costumo utilizar a cadeira ergonômica todos os dias, o que acaba me ajudando muito. Estas cadeiras estão sendo vendidas não apenas para o público gamer. Este talvez seja um ótimo exemplo em relação aos executivos e como eles se conectam com os games e os produtos do setor.
República DG: Você tem um currículo bem extenso nessa área de marketing com algumas atuações no segmento. Você pode falar um pouquinho sobre o que te levou a entrar na Razer?
Pucci: Eu mudei pros Estados Unidos e encontrei uma oportunidade de trabalhar com a América Latina, porque a maioria das empresas de tecnologia estão na Califórnia. Então trabalhei em várias empresas na área de tecnologia e no final cheguei aqui na Razer por ter esse conhecimento na área de tecnologia. Agora os jogos estão super em alta e os consumidores da LATAM são super importantes para nós.
República DG: Como o mundo tem se tornado cada vez mais globalizado, os consumidores têm reclamado de certas marcas que seguem uma comunicação mais impessoal. Como a Razer enxerga e lida com isso?
Pucci: Temos uma comunicação totalmente casual porque a comunidade é super importante até no desenvolvimento dos produtos. Utilizamos muito o feedback dos nossos fãs e consumidores que é importantíssimo para nós. Inclusive, nesse ano lançamos o Deathadder V3 Pro, produto que contou com o feedback total da comunidade de jogadores profissionais! Então, principalmente por atuarmos nessa área de gaming, nossa comunicação é super casual, super aberta pra que todo mundo realmente se sinta perto da marca.
República DG: E quais são os maiores desafios em trabalhar com um mercado tão diverso como a América Latina?
Pucci: Bom, sim, a América Latina representa um desafio enorme por estarmos trabalhando com quase 10 países da região. Outra grande questão é que não lidamos apenas com um idioma. Além do PT-BR, também trabalhamos com o Espanhol nos outros países. Toda essa parte de lançamento de produtos precisamos ter certeza que estamos fazendo a tradução de acordo com o indicado. A localização também não só para o espanhol de um país, mas para todos. Também estamos trabalhando para termos lançamentos simultâneos de produtos com os EUA. Então, se eles começarem a trabalhar com o lançamento de um produto 2 meses antes da data, nós precisamos começar a trabalhar 4 meses antes pra dar conta de todos os pormenores em cada mercado. Outro desafio diz respeito aos preços. Dependendo do país, as variações de imposto para pagar são bem discrepantes, mas, mesmo assim é um mercado no qual a empresa tem muito interesse, principalmente o Brasil e México, dando total atenção. Também temos as linhas de entrada, o tier médio e os produtos premium. E hoje em dia isso se divide em mais ou menos 50%, então está aí a chance para quem está começando a ser jogador. Eles também podem comprar os produtos de entrada!
República DG: E o cenário macroeconômico tem estado extremamente volátil desde um pouco antes do começo da pandemia. Como que vocês lidam com esse processo de precificação em um cenário como esse? Tem alguma estratégia de regionalização de preço voltada para a América Latina?
Pucci: Sim, também não é um desafio aí, mas normalmente temos um valor global, mas, conseguimos ter um pouco de flexibilidade quanto a isso. Olhamos se algum país tem muita demanda por um produto específico, então, sempre estamos observando como podemos adequar o preço para que o produto seja competitivo em mercados determinados. Isso depende totalmente de projeto para projeto, mas pode sim acontecer, onde estaremos sempre abertos a isso.
República DG: A Razer costuma lançar uma quantidade expressiva de produtos ao longo do ano. Você pode falar um pouquinho sobre como é esse processo da decisão para poder definir quais produtos chegam aqui no Brasil ou não?
Pucci: Eu estou super envolvida nesse processo! Eu vejo quais são os produtos que vão ser lançados nos próximos seis meses, e claro, nõs não iremos começar com um produto que
de repente não tenha muito espaço no Brasil. Não queremos perder tempo em provar o produto e fazer marketing, então normalmente começamos com os produtos core que já foram lançados e que sabemos que existe um certo interesse. Para produtos licenciados, não todos, começamos a vender em mercados mais fortes e dependendo da reação da América Latina tomamos a decisão mais tarde se iremos vender ou não.
República DG: E a Razer tem anunciado algumas collabs bem inusitadas com IPs como Roblox por exemplo e até com marcas como a Dolce Gabana. Você pode falar um pouquinho sobre a estratégia por trás dessas colaborações?
Pucci: A nossa marca é For Gamers By Gamers, é uma marca líder na indústria de gaming e a primeira que criou um mouse de gamer; e como nós somos premium, estamos sempre buscando marcas high-end para estarem juntos. Então é isso que está por trás! Tivemos agora uma colaboração com a Dolce & Gabbana e com a Gillette. Sei que esse próximo ano teremos novas collabs com empresas high-end, nos ajudando bastante.
República DG: E muitos brasileiros sonham em trabalhar dentro da indústria de games, mas poucos pensam nessa via voltada para a parte comercial e varejo. Como que você enxerga essa área e tem alguma dica para dar para quem tem interesse nela?
Pucci: Olha, às vezes eu recebo emails aqui para a BGS de brasileiros que me escrevem “por favor, eu estou estudando e eu gostaria muito, eu adoro sua marca, gostaria de trabalhar com vocês, tem alguma chance?” Eu, de repente, no meu caso, porque eu sai daqui, fui para lá e sei que você tem que ser super dedicado! Sejam dedicados e nunca pense que não é possível, porque eu faço questão de responder para essas pessoas. Já é um ponto positivo! Eles me escrevem e eu falo… GOSTEI. Não tenham vergonha de tentar, portanto, escrevam para nós através do Instagram, que eu acredito que para quem tem esse interesse é realmente possível
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