Quando foi anunciada, a expansão Beyond the Dawn pegou praticamente todo mundo de surpresa. É bem incomum que um jogo receba algo do tipo dois anos após o lançamento. A chegada da expansão foi tão tardia que muitos fãs já haviam desistido de ver qualquer novidade anunciada para Tales of Arise.
Felizmente, a Bandai Namco ouviu o apelo da comunidade e preparou um conteúdo especial, que adiciona por volta de 20 horas na belíssima experiência que vivenciamos no jogo base. Mas, após tanto tempo, será que a expansão vale seu tempo? É isso que você vai descobrir em nosso review de Beyond the Dawn.
PS: O review vai cobrir especificamente a expansão, caso você queira ler sobre o jogo base, acesse esse link. Por conta disso, iremos presumir que você já conhece o game principal e não falaremos sobre os sistemas já existentes de Tales of Arise.
Unindo o mundo
Os eventos de Beyond the Dawn acontecem um ano após o término do jogo base. Alphen e seus amigos salvaram o mundo e agora precisam lidar com a nova dinâmica da humanidade onde rehnanos e dahnianos tentam coexistir de maneira pacífica. O problema é que os dois povos preferem se ater às suas diferenças, gerando segregação e conflitos constantes.
Em meio a nova realidade do mundo, o grupo acaba se deparando com uma garota misteriosa que está sendo perseguida. Chamada de Nazamil, a garota é descendente tanto dos rehnanos quanto dos dahnianos e por isso ninguém a aceita. Poderosa e cheia de segredos, ela serve como a força motriz da narrativa de Beyond the Dawn.
O background de segregação e da não aceitação entre os povos é o tema principal da expansão e, graças a isso, temos momentos impactantes na trama, muito pela qualidade elevada do roteiro. O time responsável pelo desenvolvimento de Tales of Arise é mestre em desenvolver personagens e fazer com que o jogador se importe e se sinta parte do grupo. A qualidade que vimos no jogo base se repete aqui e, surpreendentemente, novas camadas e histórias de cada membro da equipe é apresentada em um bom ritmo.
Apesar do foco primário ser Nazamil, Alphen também é desenvolvido ao longo da trama. O portador da Espada Flamejante está cada vez mais sobrecarregado, tendo que lidar com o problema de todos e ainda sofrendo represálias por isso. Por conta disso, ele acaba criando uma conexão especial com Nazamil e a evolução da relação entre os dois é fantástica. As missões principais de Beyond the Dawn levam entre 8 a 10 horas para serem concluídas, isso na dificuldade normal. O jogo tem um conteúdo secundário substancial que aumentam essa duração em 10-15 horas. Para se ter uma ideia, 40 novas missões secundárias foram adicionadas!
As sidequests em sua maioria apresentam aquela roupagem de fetch quest, isto é, vá até X lugar, derrote X inimigos e volte. Essas missões de abate e coleta se repetem constantemente, contudo,os diálogos que envolvem as missões estão ótimos, o que ajuda a mitigar um pouco o quest design pífio. Outro destaque vai pras missões secundárias de personagens. Essas ajudam a expandir a história dos outros membros do grupo, reforçando a conexão de quem joga com cada um deles.
Acho que já vi isso antes..
Por ser uma expansão, é compreensível que diversos assets do jogo base estejam presentes novamente. Contudo, Beyond the Dawn vai além, adicionando poucas mudanças visuais de impacto e poucos inimigos novos. Ao longo das 20 horas para fazer o 100%, prepare-se para revisitar cidades já conhecidas, batalhar contra centenas de inimigos com a mesma aparência do jogo base e desbloquear pouquíssimos equipamentos novos – e sim, temos armas ultimates inéditas.
Essa dinâmica gera dois caminhos interessantes. Se você jogou Tales of Arise no lançamento e vai retornar agora somente para a expansão, a sensação de repeteco não vai te incomodar. Contudo, se você desfrutou da aventura original pouco tempo atrás, se prepare para ser invadido pela sensação constante de repetição.
Felizmente, os novos chefões e inimigos elites estão formidáveis, tanto em suas mecânicas de luta quanto no design, proporcionando bons embates. Algo inusitado é que Beyond the Dawn é tratado como um standalone pelo jogo e até seu menu principal é separado. Precisamos criar um save distinto e nosso grupo inicia a aventura no nível 65. Diversos bônus são concedidos mediante o progresso do jogador no game base.
No campo das adições, também temos o muito pedido Modo Foto. Contudo, os devs aparentemente colocaram a funcionalidade sem ter muito tempo para trabalhar nela. A ferramenta tem pouquíssimos recursos disponíveis e mal podemos personalizar a foto, o que acaba sendo uma grande pena. Quem vivenciou a aventura original vai ficar feliz com o retorno de diversos personagens emblemáticos, além de locais especiais como o reino das corujas!
Uma experiência refinada
Por ter sido construída em cima de Tales of Arise, Beyond the Dawn apresenta um desempenho de ponta. Não tive nenhuma queda de frame, os loadings quase inexistem e os visuais e a trilha sonora continuam no mesmo nível de qualidade do jogo base. O combate continua frenético e temos algumas poucas habilidades inéditas para os veteranos no game.
Um detalhe levemente decepcionante é que o time não explorou tanto o uso do DualSense. O controle poderia ser melhor explorado, funcionando como um motivo a mais para retornar para esse belíssimo mundo construído pela Bandai Namco.
O level design segue à risca a filosofia do jogo base, com uma estrutura de mundo semiaberto e uma exploração bem direta. Os mausoléus, calabouços atrelados à história principal, apresentam a mesma linha de pensamento.
Review de Beyond the Dawn: Vale a Pena!
Beyond the Dawn é um ótimo incremento do melhor JRPG de 2021, expandindo a história de personagens muito bem construídos e de um universo inesquecível. Enquanto o próximo Tales Of não chega, o jogo base juntamente com a expansão são facilmente a melhor experiência que a franquia pode fornecer para jogadores veteranos e novatos!
Beyond the Dawn expande o que já era bom, reforçando a qualidade absurda de Tales of Arise. Apesar de chegar um pouco tarde, a expansão com certeza vale o seu tempo!
- Narrativa
- Jogabilidade
- Conteúdo Secundário
- Visuais
- Som (Trilha e Efeitos)
- Desempenho