O survival horror é um gênero que sempre despertou o interesse dos jogadores, proporcionando experiências únicas e inigualáveis, popularizando-se em um mercado que estava em decadência com a falta de bons títulos que impactam. Com a chegada de Alone in the Dark no ano de 1992, a indústria buscava formas de trabalhar com o formato 3D para tornar a gameplay ainda mais imersiva e repleta de mistérios. Além de criar uma ambientação sombria, o game desenvolvido e publicado pela Infogrames introduzia um sistema de puzzles enquanto os jogadores exploravam um ambiente inóspito e cheio de criaturas perturbadoras.
Anos se passaram e a tecnologia beneficiava o avanço em projetos 3D realistas que mais tarde se tornaram tendência no mercado de games. Um grande exemplo de experiência imersiva que podemos destacar durante esta análise é Resident Evil para PlayStation 1, revolucionando o survival horror com puzzles inteligentes, combates realistas e até mesmo inúmeras possibilidades em novas campanhas.
Avançando no túnel do tempo, Alone in the Dark veio se popularizando com sua chegada no PlayStation 3, utilizando recursos que só eram possíveis de serem alcançados através de um novo hardware. Embora o jogo tenha recebido notas baixíssimas dos críticos no Metacritic, a tentativa de recuperar o seu legado e apresentar uma narrativa sombria e impactante não seria em vão! Seu lançamento nos consoles da atual geração provam que o game está mais vivo do que nunca, entretanto, algumas ressalvas podem impactar na experiência final dos usuários.
Hoje você irá conhecer o retorno “quase triunfal” de Alone in the Dark, o novo survival horror da THQ Nordic que será lançado em 20 de março de 2024. Prepare-se para explorar os maiores mistérios da mansão Derceto!
Esta Review foi produzida graças a um código de PS5 cedido gentilmente pela THQ Nordic!
Pode ficar tranquilo(a), esta análise é totalmente livre de SPOILERS!
Os mistérios da mansão Derceto
Situado na década de 90, Alone in the Dark coloca os jogadores na pele do detetive Edward Carnby, um renomado investigador contratado por Emily Hartwood para localizar seu tio Jeremy Hartwood, que desapareceu sem deixar rastros ou provas de um crime. Ao chegar na mansão Derceto, o detetive percebe que não está sozinho e que coisas misteriosas estão afetando na sua investigação.
Ao finalizar sua investigação e descobrir novas evidências sobre o desaparecimento, Edward se depara com um talismã que tem a capacidade de gerar portais dimensionais. Esses portais ligam a mansão Derceto aos lugares por onde Jeremy passou para tentar escapar do Homem Sombrio. Esta entidade está presente durante toda a campanha e conforme progredimos, descobrimos sobre o culto.
Mesmo com poucas informações sobre o Homem Sombrio durante toda a campanha, os jogadores poderão se aprofundar ainda mais na narrativa ao coletar arquivos que preenchem essa ausência. Por outro lado, um dos capítulos do game explora ainda mais o lado “humano” desta entidade, onde podemos observar que o Homem Sombrio utiliza vestimentas similares aos faraós do Antigo Egito.
No início da campanha, os jogadores terão a opção de jogar como Edward Carnby ou Emily Hartwood. No entanto, ambos os caminhos são semelhantes, com apenas pequenas variações nas cutscenes. É importante ressaltar que o jogo oferece novos finais, aumentando o fator replay, mesmo reciclando as campanhas com trechos similares.
Em suma, Alone in the Dark utiliza algumas mecânicas já estabelecidas do gênero survival horror, permitindo aos jogadores resolver puzzles, coletar arquivos para aprofundar na história, implementar um sistema de combate que funciona tanto a curta quanto a longa distância com armas e permitir realizar viagens no tempo com o talismã.
Combate simples e funcional
O sistema de combate de Alone in the Dark permite que os usuários utilizem ataques corpo-a-corpo ou através da longa distância com armas de fogo. Conforme Edward é transportado para outras dimensões com o talismã, novas criaturas irão surgir para dificultar ainda mais a nossa investigação. Embora o combate seja funcional, tive a impressão de lidar com um sistema básico onde os inimigos não sofrem alterações no corpo, ou seja, o sistema de impacto das balas é quase inexistente. Além disso, pude notar grandes referências a jogos como Alan Wake e Resident Evil que utilizam armas de fogo e objetos interativos do cenário.
Outro ponto que me incomodou bastante foi a baixa variedade de inimigos! Durante toda a minha gameplay, pude presenciar apenas 5 inimigos novos, incluindo o chefe final da última missão. Apesar da campanha ser relativamente curta (aproximadamente 5 horas), o jogo não oferece grandes desafios para os jogadores, considerando que é possível realizar esquivas para contra-atacar os inimigos, grande quantidade de munição espalhada pelo mapa e a quantidade de itens de combate corpo-a-corpo que podem ser utilizados para derrotar os inimigos mais rápido.
Para quem procura um combate intenso, Alone in the Dark pode não atender às expectativas! As batalhas no jogo ocorrem em trechos específicos da campanha, fazendo com que o jogador utilize a arma apenas fora da mansão Derceto.
Apesar de pecar com a variedade de inimigos, as armas de fogo são variadas e podem ser utilizadas durante os 5 capítulos após desbloqueá-las ao concluir pequenos puzzles.
- Pistola
- Espingarda
- Tommy Gun (metralhadora)
- Molotov
Edward e Emily também podem utilizar armas corpo-a-corpo, entretanto, a utilização das armas de fogo se tornam mais eficientes para cada tipo de inimigo. Vale ressaltar que os objetos quebram após serem utilizados. Não se esqueça de pegá-los sempre que encontrar uma ferramenta nova para combater as criaturas!
Gráficos e aspectos técnicos
Projetado para utilizar os recursos da nova geração, Alone in the Dark entrega um belíssimo trabalho de iluminação em áreas externas e internas, incluindo objetos de cenário que podem ser vistos a longas distâncias. Mas nem tudo são flores! Embora a modelagem dos protagonistas impressione, podemos notar a falta de sincronização labial em alguns diálogos, causando uma certa estranheza durante as cutscenes.
Durante minha jogatina de aproximadamente 20 horas, tive a chance de experimentar tanto o Modo Qualidade quanto o Modo Desempenho. No entanto, devo admitir que as diferenças gráficas entre os dois são quase imperceptíveis. Ao escolher o Modo Qualidade, é possível observar objetos com mais detalhes (o que pode passar despercebido durante as batalhas ou na exploração), contudo, a experiência ficará limitada apenas aos 30 FPS. Por outro lado, os jogadores que optarem pelo Modo Desempenho poderão aproveitar uma experiência mais fluída rodando o jogo a 60 FPS com pouquíssimas limitações gráficas (se comparada ao Modo Qualidade).
OBS: O game foi desenvolvido utilizando a Unreal Engine 4, o que proporciona gráficos mais detalhados e personagens com aparência mais realista.
- Modo Qualidade – Oferece suporte ao 4K 30 FPS;
- Modo Desempenho – Oferece suporte ao 1440p 60 FPS.
A trilha sonora e efeitos sonoros presentes em Alone in the Dark são o grande destaque de toda a obra! Utilizando recursos para tornar a experiência em um terror psicológico constante, podemos presenciar alterações sonoras de acordo com o ambiente, além dos efeitos causados pelos inimigos que estão vagando pelas áreas dimensionais. Aqui podemos presenciar o barulho dos passos, o grito dos inimigos e até mesmo grandes variações climáticas de acordo com cada área visitada pelos jogadores. Todas estas alterações sonoras causam grande impacto com a utilização de um headset com áudio surround ou um soundbar compatível com a tecnologia.
No entanto, nem tudo é perfeito (mais uma vez)! O jogo enfrenta problemas gravíssimos de áudio, o que prejudica a experiência e força o fechamento do aplicativo diversas vezes. Durante a batalha contra o chefe, o áudio do meu jogo parou de funcionar e várias legendas começaram a surgir na minha tela, tornando-se impossível escutar a aproximação do inimigo. É importante ressaltar que esses problemas também ocorrem em outros trechos do jogo, mas o que mais afetou foi durante a batalha final.
A seleção do elenco também teve um impacto significativo na qualidade final do produto, onde presenciamos uma belíssima atuação dos nossos protagonistas. David Harbour, que interpreta Edward Carnby, é mundialmente conhecido por seu papel como o chefe de polícia Jim Hopper em Stranger Things, e retorna com seu aguçado senso de humor em momentos de pura tensão. Pode ter certeza que esta personalidade não seria diferente em Alone in the Dark!
Jodie Comer também se junta à ação ao lado do nosso detetive particular! Conhecida por seu papel como Villanelle em Killing Eve, ela traz um humor mais equilibrado ao jogo, explorando um aspecto mais racional da personagem.
Problemas e mais problemas…
Como mencionado anteriormente, a versão de PlayStation 5 sofreu com gravíssimos problemas de desempenho em trechos importantes para a progressão da narrativa. Como se não bastassem os problemas de áudio e sincronização labial, tive que reiniciar o jogo já que a chave concedida por um NPC havia sumido do meu inventário, impossibilitando de abrir a porta e progredir.
Além disso, Alone in the Dark também sofre com problemas de Inteligência Artificial (IA), onde é possível escapar de combates ao afastar dos inimigos. Fugindo do combate, os jogadores poderão atacar os inimigos que por algum motivo ficarão presos na parede. Problemas como crashes também estão presentes, fazendo com que a perda de progresso possa ocorrer caso o jogo não tenha sido salvado automaticamente. Tudo isso torna a experiência ainda mais frustrante em relação aos aspectos técnicos gerais!
Outro ponto que me incomodou bastante é que algumas legendas e arquivos não foram totalmente traduzidos para o nosso idioma, sofrendo pequenas alterações do português para o inglês.
Vale destacar que joguei a versão sem a atualização Day One, o que pode intensificar ainda mais os problemas técnicos do jogo. A empresa já tem conhecimento de algumas falhas do jogo e uma atualização será disponibilizada no momento do lançamento oficial.
Review de Alone in the Dark – Vale a Pena?
Apesar de uma série de problemas técnicos, Alone in the Dark se destaca com uma trama envolvente e cheia de mistérios, permitindo aos jogadores assumirem os papéis do detetive Edward Carnby e sua cliente Emily Hartwood. O jogo é dividido em duas campanhas, proporcionando uma nova perspectiva com novas cutscenes. No entanto, essa diferença não se torna tão atraente, já que a jogabilidade é semelhante para ambos os personagens.
Mesmo com uma trama envolvente, é impossível não olhar para Alone in the Dark e se decepcionar com bugs constantes durante toda a gameplay. Em suma, a experiência coloca os jogadores em um mundo hostil, onde podemos presenciar pequenas transições da mansão Derceto para áreas que serão exploradas apenas com o talismã.
Não restam dúvidas, Alone in the Dark é um ótimo jogo de terror psicológico, porém, recomendo comprá-lo em uma futura promoção ou após o lançamento de um patch capaz de corrigir todos os problemas técnicos presentes no game!
Alone in the Dark será lançado em 20 de março de 2024 para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC.
Alone in the Dark sofre com gravíssimos problemas de desempenho, entretanto, sua narrativa repleta de mistérios e segredos obscuros é capaz de prender o jogador do início ao fim da campanha. É recomendado aguardar futuras atualizações!
- História
- Jogabilidade
- Gráficos
- Trilha Sonora
- Desempenho