E cá estamos nós novamente. Em 2022, tive a feliz oportunidade de ter jogado Elden Ring de maneira antecipada e, para a minha felicidade, o mesmo foi possível com sua expansão – Shadow of the Erdtree.
O objetivo desse review de Shadow of the Erdtree é determinar se vale a pena pagar o valor que está sendo cobrado atualmente pela expansão. Por conta disso, esse texto foi escrito com o menor número de spoilers possível.
Os inimigos comuns, especiais e chefes citados diretamente no texto podem ser encontrados/enfrentados nas horas iniciais da expansão. Sem mais enrolação, vamos para a review de Shadow of the Erdtree.
Busca Implacável
Nossa jornada começa após a derrota de Mohg, ou seja, logo no começo da expansão o jogo já te entrega que se trata de um conteúdo voltado para jogadores que já estão habituados com a experiência base.
No palácio de Mohg, uma personagem misteriosa chamada de Leda faz um convite inusitado ao jogador: se unir a ela e seus aliados para rastrear Miquella no Reino das Sombras.
Logo ao adentrar no novo mapa, o tom da expansão já é firmado. O reino está em colapso, fruto da guerra entre a Ordem Dourada com as facções que povoam o Reino das Sombras.
É graças a esse contexto que conhecemos diversos aliados inéditos que enriquecem a lore e também servem como uma ajuda extra contra as batalhas brutais de Shadow of the Erdtree.
Indo em um caminho contrário ao jogo base, a narrativa da expansão é mais direta, na medida do possível. Ainda temos diálogos “vagos” que brincam com a imaginação e dezenas de fragmentos da lore espalhados em vários lugares, mas com um objetivo central bem definido, ficou mais fácil acompanhar e entender a trama.
Em relação a conteúdo e duração, um tópico importante que foi questionado pelos jogadores quando o preço foi anunciado, pode ficar tranquilo – Shadow of the Erdtree dura pelo menos 25 horas. Isso, é claro, se você não rushar feito um louco. O 100% da DLC deve beirar tranquilamente as 40 horas ou mais.
Mestres da “forja”
Quando eu penso na FromSoftware, logo me vem a mente um ferreiro. Aqueles da Idade Média mesmo. O estúdio tem um esmero com seus projetos que, infelizmente, se tornou raro na indústria.
Com Elden Ring, eles já haviam entregado um jogo quase perfeito, mas, como mágica, conseguiram melhorar todos os pontos fracos do jogo base, entregando uma das melhores expansões da história.
Shadow of the Erdtree trás consigo diversas armas inéditas, como a Garra da Fera e o Frasco de Perfume, expandindo o leque de jogabilidade e oferecendo ainda mais opções para montagem de builds. São dezenas de armas, armaduras, magias e encantamentos inéditos.
Um dos principais pontos de reclamação do jogo base foi concentrado nos calabouços e na repetição deles. O estúdio esteve atento a isso, melhorando e muito o level design das dungeons da expansão e reduzindo bastante o sentimento de “repeteco”. O trecho final do Poço do Dragão por exemplo me arrancou boas risadas.
A reciclagem de chefes ainda existe, mas, tratando-se de um RPG com agora quase 200 horas de duração, é inevitável que isso aconteça.
Não foi somente o design dos calabouços que a FromSoftware aprimorou. O senso de descoberta e recompensa do mapa está ainda melhor, premiando o jogador com itens realmente úteis na jornada. Altamente interativo, cada pedaço do mapa possui um segredo ou item te esperando e isso ajuda demais a extender a duração da expansão.
A exploração está ainda mais vertical, com castelos gigantescos, cavernas cheias de ramificações, florestas e acampamentos inimigos escondidos no meio de formações rochosas. Ah e tem um local específico – Belurat – que vai fazer qualquer fã do estúdio pensar em Anor Londo.
Outro ponto de destaque vai para a IA dos inimigos. Eles estão mais inteligentes e com um tempo de reação ainda mais letal, portanto, tenha cuidado caso jogue de maneira agressiva. Você arremessou um projétil ou uma magia? Na maior parte das vezes eles irão pular e já acionar um ataque mortal em sua direção. Punitiva é uma palavra que descreve bem essa expansão.
Os novos adversários, tanto comuns quanto de elite e chefes, fazem jus ao legado do estúdio. Temos carneiros dourados que rolam e soltam raios, hipopótamos que se transformam em um outro animal, golems do tamanho de um prédio que disparam dezenas de bolas de fogo… A criatividade desse estúdio é assustadora.
Vale destacar, contudo, que nem tudo é novo e contamos com a presença de diversos inimigos que fazem parte do jogo base. Se você, assim como eu, jogou mais de 120 horas do jogo principal, aquele sentimento de repetição acaba aparecendo vez ou outra mas não é nada que estrague de fato a experiência.
Eu tenho a força…. Só que não
Eu não poderia ficar sem falar da progressão nesse review de Shadow of the Erdtree. Mesmo que você seja um jogador experiente, a expansão adiciona um novo mecanismo de upgrade que se torna ESSENCIAL para progredir na expansão.
Espalhadas pelo mapa, encontramos Fragmentos da Umbrárvore e Cinzas Espirituais Reverenciadas para amplificar o nosso dano, aumentar nossa resistência ao dano causado pelos inimigos do Reino das Sombras e tornar nossos espíritos mais poderosos.
É possível progredir sem melhorar esses fragmentos mas boa sorte. Até os inimigos comuns da expansão causam dano massivo e os chefes estão extremamente agressivos e com um leque extenso de golpes em área. Se você gosta de dificuldade, prepare-se para se esbaldar. Mesmo que você esteja com um personagem bem preparado no jogo base, é um mundo completamente novo com uma forma de progressão nova. Por muitas vezes, senti até que a expansão estava sendo injusta/quebrada.
Mesmo jogando com um personagem de nível altíssimo (no NG+), diversos inimigos comuns da expansão conseguiam me matar com 4-5 golpes. Os invasores e os chefes então, nem se fala.
Mas não precisa se assustar com a progressão. Quase todos os Fragmentos da Umbrárvore que eu encontrei estavam praticamente na rota principal da história. Alguns chefes também concedem esses fragmentos ao serem derrotados! Em suma, a evolução acaba sendo um “processo natural” durante a jogatina na expansão.
Além dos fragmentos, temos um novo tipo de inimigo elite que aparece várias vezes pelo mapa. Lembrando um Golem do tamanho de um prédio, mas com uma Fornalha na cabeça, cada luta funciona como um puzzle e concede uma recompensa especial, permitindo a confecção de novos tipos de poção de uso único.
Por falar em lutas, sei que é difícil de acreditar, mas temos embates ainda mais épicos do que o que vimos no jogo base. Após ter jogado Elden Ring, tive a sensação de que seria extremamente difícil pro estúdio se superar no design dos seus chefes, tanto visualmente quanto mecanicamente falando. Algumas lutas me deram vontade de arremessar o DualSense na parede, algo comum no caso da FromSoftware, mas as lutas contra chefes principais são um espetáculo a parte.
Além disso, uma parte significativa delas tem um grande peso na lore, servindo como um ótimo fan service para quem mergulhou na história da experiência principal.
Alô, é do Louvre?
É chover no molhado falar que a FromSoftware é mestre na direção de arte. Shadow of the Erdtree é a síntese disso. Usando o forte alicerce construído para Elden Ring, a equipe brinca com a penumbra e a sobreposição do dourado em cima do preto para conceder um charme de nobreza para a expansão.
Existem áreas, como a Costa Cerúlea, que são de tirar o fôlego, justamente pela mescla entre o aspecto cinzento do mapa com cores vibrantes. Mas não é só de cinza que o mapa é composto. Existem regiões, que não nomearei no texto, que são bem ricas em cores e na flora, tornando-se um frescor aos olhos.
A nova região me surpreendeu muito positivamente. Não esperava que a expansão fosse ser tão rica na diversidade de cenários. Tratando-se de desempenho, o jogo rodou perfeitamente bem no PS5, sem nenhuma queda de frame ou glitch, mesmo jogando com um bom grau de antecipação e sem updates.
No geral, a “base” da expansão já beirava a perfeição, deixando um trabalho bem pequeno para a FromSoftware fazer no quesito desempenho. O ponto negativo vai para a ausência de troféus.
Apesar de ser algo rotineiro para o estúdio, não iria machucar adicionar algumas conquistas novas para incentivar os complecionistas e até servir como uma espécie de checklist.
Review de Shadow of the Erdtree – Uma expansão histórica
Graças à Shadow of the Erdtree, a FromSoftware destrona a CD Projekt RED, dando aula de como fazer uma expansão que não só prolonga a experiência do jogo base mas a eleva a um novo patamar.
Com uma nova forma de progressão, dezenas de chefes, armas, magias e a resposta para várias perguntas da história, Shadow of the Erdtree é mais um capítulo maravilhoso no livro lendário da FromSoftware.
Se você sempre quis jogar Elden Ring, o momento perfeito é agora. Se você tinha dúvidas sobre retornar a esse mundo fantástico, não tenha. Cada segundo gasto aqui vale muito a pena e a expansão faz algo que poucos jogos fazem atualmente: ela respeita o seu tempo e investimento, entregando o mais alto nível de qualidade em cada pixel.
O que achou do nosso review de Shadow of the Erdtree? Mande seu feedback pelos comentários!
A FromSoftware conseguiu o impensável, trazendo melhorias significativas para um jogo que já era praticamente perfeito. Shadow of the Erdtree é muito mais do que uma expansão, é um símbolo de uma equipe que valoriza sua comunidade.
Pontos Positivos
- Novos chefes são incríveis
- Novas armas criativas
- A lore é expandida de uma maneira excelente
- Tamanho faz jus ao valor cobrado
Pontos Negativos
- Dificuldade elevadíssima
- Acesso à expansão pode ser complexo para novatos
- Narrativa
- Jogabilidade
- Conteúdo Secundário
- Visuais
- Desempenho
- Som