13 anos depois, Titus está de volta em Warhammer 40,000: Space Marine 2. Warhammer é, sem dúvidas, uma das maiores franquias da indústria.
Apesar de contar com dezenas de jogos, dos mais variados tipos e um universo muito rico que serviu de inspiração para tantos outros títulos, a saga ainda não alcançou o status de mainstream.
Será que o jogo desenvolvido pela Saber Interactive e publicado pela Focus Entertainment tem os requisitos para furar essa bolha? É isso que você vai descobrir nesse review de Space Marine 2!
Os Anjos da Morte
Como o nome indica, Space Marine 2 serve como uma sequência direta do primeiro jogo. Inclusive, isso gera um sentimento bem estranho.
Não temos nenhuma recapitulação da história anterior, mesmo com os eventos sendo citados várias vezes ao longo da jornada. E mesmo assim, qualquer jogador vai conseguir aproveitar a campanha sem necessidade de conhecimento prévio.
É claro que, apesar disso, o sentimento ao jogar será completamente outro. Poder controlar o Ultramarino Titus e sua trupe é uma viagem no túnel do tempo.
Não irei citar detalhes específicos da história, mas ela segue a mesma estrutura do anterior. Temos raças alienígenas invadindo planetas, maquinações do Caos e muito mais.
A diferença aqui é que graças a tecnologia, temos uma representação maravilhosa de tudo isso na tela. A narrativa é frenética, nos moldes de uma campanha de Gears of War ou Call of Duty, mas com uma duração maior.
Um jogador casual vai levar entre 10 a 12 horas para terminar a história no Normal.
As cutscenes estão absurdas, com um nível cinematográfico altíssimo e um ótimo senso de urgência que só jogos como esse conseguem entregar. Os diálogos também são formidáveis e sempre remetem ao Códex Astartes, a “Bíblia” dos Space Marines.
Toda a aura de controlar um Anjo da Morte é muito bem formada e o jogo consegue entregar muito bem a sensação de controlar uma máquina de guerra quase perfeita com 3 metros de altura e uma armadura blindada.
Jogos com essa proposta são raros e fiquei muito feliz em ver que Space Marine 2 não abriu mão de sua essência para se adequar as práticas atuais de mercado!
Pelo Imperador!
Não é uma tarefa nada fácil construir uma jogabilidade prazerosa onde o protagonista é um ser de 3 metros de altura com uma armadura blindada extremamente pesada, mas, felizmente, a Saber Interactive conseguiu!
Os Space Marines são chamados de Anjos da Morte por um motivo e o game consegue entregar muito bem essa sensação. Destruir rochas que bloqueiam os caminhos, disparar ogivas nucleares em naves gigantes, decepar aliens gigantescos, incinerar enxames com centenas de bichos grotescos…
O ritmo do jogo é frenético e muita gente vai comparar ele com Gears mas ele está mais pra um DOOM em terceira pessoa. Não temos um sistema de cover aqui, pelo contrário, as mecânicas do game te incentivam a atirar ou golpear constantemente.
O personagem tem duas barras de vida – a normal e a barra de armadura. Para recuperar a de armadura, precisamos finalizar os inimigos com execuções brutais, uma de minhas partes favoritas do jogo!
Caso você perca a barra de armadura, todo dano sofrido vai diminuir sua vida. Mas aí que entra um sistema parecido com o de Bloodborne. Caso você golpeie os inimigos rapidamente com um ataque corpo a corpo, a vida perdida é recuperada.
Esse mecanismo reforça a agressividade do combate de Space Marine 2. E não, eu não citei um soulslike sem propósito. Por mais estranho e louco que pareça, o combate corpo a corpo de Space Marine 2 flerta MUITO com o gênero souls.
Precisamos aparar ou desviar de golpes constantemente, principalmente nas batalhas contra chefes. Os indicadores visuais na cor azul e vermelho estão presentes até aqui, entregando o quanto o gênero criado por Miyazaki se tornou influente.
Um aspecto muito positivo é que o combate corpo a corpo tem peso e está super responsivo. Tanto o parry quanto a esquiva funcionam muito bem e temos uma quantidade generosa de combos que tornam esse estilo de jogo muito viável.
A medida que avançamos na campanha, vamos desbloqueando novos armamentos, trazendo variedade no combate. Temos várias opções de armas, arremessáveis e habilidades especiais distintas. Um dos personagens jogáveis consegue planar usando um jetpack e é capaz de acionar um golpe estrondoso no chão.
A estrutura das fases segue um design semi-aberto e desviar do caminho principal costuma valer a pena. Além de encontrar recursos valiosos como munição e seringas, podemos achar discos de dados, os colecionáveis do game.
Space Marine 2 foi construído na Swarm Engine e isso é visível no comportamento dos terminideos. Esses aliens conseguem se agrupar e começam a subir uns nos outros, algo que se tornou marca registrada de World War Z, outro jogo da Saber Interactive e que inaugurou a engine.
A IA dos inimigos, mesmo na dificuldade normal, está bem inteligente e qualquer deslize resulta rapidamente na morte do jogador. Se você gosta de desafios, você vai encontrar aqui!
O poder do Capítulo
Além da campanha tradicional, Space Marine 2 chega com dois modos multiplayer – o Operações, focado no PvE e o Guerra Eterna, focado no PvP.
Sendo transparente, não consegui testar o modo Guerra Eterna. Como apenas um número bem pequeno de pessoas estavam com o game de maneira antecipada, não foi possível formar partidas.
Contudo, fiz várias missões de Operações e já adianto que ele por si só já adiciona um fator replay absurdo ao jogo. Temos 6 Operações disponíveis no lançamento e, surpreendentemente, elas servem como um adendo para a campanha.
Por exemplo, na campanha concluímos uma missão com Titus e seus dois “irmãos”. Na Operação, controlamos um esquadrão diferente que foi enviado para essa mesma missão, mas com objetivos e rotas completamente diferentes.
Cada Operação dura entre 40 a 50 minutos e podemos jogar com o nosso próprio personagem, podendo personalizar seu visual e, claro, escolher a classe.
As classes variam bastante entre si. Temos Baluarte, Assalto, Franco-Atirador e mais. Cada uma apresenta uma habilidade especial própria.
Tanto as classes quanto as armas vão até o nível 25, reforçando o tremendo fator replay do jogo. Ao subir de nível, ganhamos pontos de habilidade, abrindo melhorias para a classe e para as armas, além de novos visuais.
Eu só senti que, ao menos no modo Operações, o ganho de XP é pouco. Pelas minhas estimativas, para chegar no nível máximo de cada classe, é necessário concluir com sucesso ao menos 42 operações. Isso vai dar algo em torno de 28 horas jogando apenas este modo.
Vale destacar que não me debrucei no modo por completo para encontrar métodos de ganhar mais experiência!
Um ponto positivo é a qualidade da conexão. Eu só consegui achar partidas com gringos e mesmo jogando com dois colegas do Oriente Médio, a conexão se manteve estável.
No quesito dificuldade, eu conclui 5 operações no Normal e elas são bem desafiadoras. Os chefes são implacáveis e um esquadrão sem comunicação ou organização dificilmente sairá com vida.
Uma decisão curiosa é que os itens consumíveis não são compartilhados entre todos. Por exemplo, viu uma seringa pra recuperar vida e os três membros estão com pouco HP? Somente um será beneficiado.
Isso gera uma necessidade ainda maior de cooperação e coordenação. Arrisco a dizer que as dificuldades mais altas só poderão ser concluídas por um trio bem equipado e com comunicação ativa!
Colírio aos Olhos
O tempo fez muito bem a franquia e, nesse review de Space Marine 2, posso confirmar que o jogo está belíssimo. Alguns dos cenários beiram o fotorealismo e, como era de se esperar, o nível de detalhes das armaduras dos Marines é surpreendente.
Temos dois modos gráficos disponíveis, o tradicional Qualidade, focando nos visuais e textura, e o Velocidade, priorizando os frames.
Curiosamente, esse é o jogo em que eu mais notei diferença entre ambos. No Velocidade, a perda da qualidade das texturas é MUITO notável e no Qualidade, na minha visão, ele beira o injogável.
Space Marine 2 é um game que demanda agilidade máxima no combate, logo, não priorizar os frames dificulta bastante nisso.
Os loadings estão bem velozes e o DualSense foi muito bem usado. Podemos sentir o peso de movimentar um Space Marine pelo controle. Um aspecto que preciso mencionar é que o jogo é incrivelmente pesado.
As quedas de frames, mesmo no modo Velocidade, são notáveis e arrisco a dizer que não existe muito a ser feito. Esse é o jogo com mais elementos na tela dessa geração atual. Felizmente, elas não acontecem numa frequência e intensidade a ponto de incomodar.
Em certos trechos, temos 400-500 inimigos aparecendo simultaneamente na tela e vindo em nossa direção, enquanto explosões acontecem no fundo. O hardware da geração atual de consoles acaba sendo exigido demais.
No aspecto sonoro, temos um trabalho impecável e tanto os efeitos quanto a trilha estão impecáveis. Os atores de voz também realizaram um trabalho formidável e a voz de cada um deles cada bem com os personagens.
Tecnicamente falando, o que mais me incomodou foram as expressões faciais. Elas lembram bonecos de cera e estão com um nível de qualidade baixíssimo. Até o lip sync está defeituoso e isso acaba reduzindo o impacto narrativo nas cenas.
Review de Space Marine 2: Vale a Pena!
O Imperador ficaria orgulhoso do retorno dos Space Marines. Com uma campanha frenética e com uma escala rara de se ver no mercado, um conteúdo robusto que atende a todos os tipos de jogadores e uma parte técnica atualizada, Space Marine 2 consegue lançar a franquia Warhammer ao Sol e deve servir como uma excelente porta de entrada para os gamers.
Warhammer 40,000: Space Marine 2 era a peça que faltava para tornar a franquia Warhammer mainstream. O jogo faz jus ao legado brutal dos Space Marines e é uma excelente porta de entrada na saga.
Pontos Positivos
- Campanha eletrizante
- Jogabilidade prazerosa
- Muito conteúdo
Pontos Negativos
- Expressões faciais
- Leves quedas de frames
- Narrativa/Lore
- Jogabilidade
- Fator Replay
- Desempenho
- Visuais
- Som