Quando eu vi o primeiro trailer de Awaken – Astral Blade, fiquei empolgado por dois motivos: o jogo foi estruturado em um dos meus gêneros prediletos, o metroidvania. Além disso, ele faz parte do China Hero Project, uma iniciativa da PlayStation para apoiar o desenvolvimento de jogos na China.
Como eu gostei de todos os games que eu joguei que faziam parte do projeto, a chama do hype se acendeu. Agora, muito tempo depois de ter visto o primeiro trailer do jogo da Dark Pigeon Games, finalmente chegou a hora de contar pra vocês se a espera valeu a pena!
Portanto, se aconchegue e vem ler o meu review de Awaken: Astral Blade!
A história
Em um primeiro momento, eu estava detestando a narrativa de Awaken: Astral Blade. Além da história estar desinteressante, ela é bem desconexa no começo.
A aventura começa com Tânia, um ser biônico criado pelo Doutor Harveus. Tania é enviada para uma ilha misteriosa para investigar picos gigantescos de Energia Karpa, uma energia mágica que está transformando os seres da floresta em mutantes grotescos.
Contudo, ao chegar no local, Tania se vê em uma conspiração mirabolante envolvendo reinos perdidos e clãs rivais, além claro, de mistérios que envolvem o Dr. Herveus e a Orson Tecnologia, uma empresa poderosa que busca aprimorar o uso da energia Karpa.
Felizmente, após as três primeiras horas de jogo, a história começa a fazer bem mais sentido e os plottwists começam a acontecer com frequência. Isso causa aqueles picos de ansiedade para saber o que está por vir e ver como a história se desenrola.
Um ponto muito positivo é que todos os textos foram localizados em PT-BR. Existem pequenos erros de tradução, como letras faltando em certas frases, mas nada que atrapalhe o entendimento da história!
A duração da campanha de Awaken: Astral Blade depende de dois fatores – o nível de dificuldade escolhido e o ritmo do jogador. Uma run normal, na dificuldade padrão, deve levar entre 12 a 15 horas para veteranos no gênero. O 100% pode levar cerca de 20 horas se você for bastante diligente. Existem muitas paredes escondidas com itens necessários para a platina!
O combate de Awaken: Astral Blade
O combate é o maior diferencial de Awaken: Astral Blade. O ritmo é mais frenético, pautado na construção de combos usando as três armas diferentes do jogo: a Espada Maquinária, a Foice Escarlate e os Dardos Brilhantes.
É prazeroso demais construir cadeias massivas de combo e por muitas vezes me senti jogando uma espécie de spin-off de Devil May Cry com estrutura de metroidvania. Um ponto negativo é que a responsividade dos inimigos ao dano não é das melhores, o que entrega o baixo orçamento do projeto.
Um dos momentos mais marcantes dos metroidvanias são as batalhas contra os chefes em arenas minúsculas e esse elemento se faz presente em Awaken: Astral Blade. O nível de desafio na dificuldade Normal está ótimo e tive que prestar atenção em várias lutas para evitar a morte.
Existem conflitos que chegam a ser até injustos, como em um certo momento da história onde enfrentamos três chefes de uma só vez. Felizmente, a esquiva do jogo funciona muito bem e podemos aprimorar ela para acionar uma espécie de slow down que ajuda a causar quantias massivas de dano em segurança.
Um ponto negativo é que o que a esquiva tem de eficaz, o sistema de aparagem tem de disfuncional. O recurso tem uma animação relativamente longa e eu quase nunca consegui acertar o timing da habilidade. Após um tempo, acabei desistindo de tentar, focando apenas no uso da esquiva.
Para quem busca um metroidvania com fator replay, após zerar o game, abrimos um modo hardcore que é bem desafiador. Embora entendo a existência do mesmo, acredito que apenas os jogadores que amarem muito o jogo vão dar uma chance a ele, visto que a recompensa é quase nula.
A progressão
Evoluir em Awaken: Astral Blade segue princípios bem básicos que todo jogador já está calejado de saber. Abatemos inimigos, adquirimos Éter e usamos esse recurso para aprender habilidades.
As habilidades podem ser ativas, como a técnica de aparar, ou podem ser passivas, aumentando 5% da vida máxima por exemplo. O sistema é bem básico e intuitivo.
Um ponto negativo é que a melhoria das armas também está atrelada ao Éter e esse sistema gasta uma bela quantidade do recurso. Em certo momento do jogo, eu acabei tendo que dar uma farmada para manter minha personagem bem preparada para os desafios.
Awaken: Astral Blade não consegue entregar uma boa sensação de escala de poder. Você só sente que está ficando forte quando melhora a arma. Aprender novas habilidades acaba dando a sensação de que nenhum incremento foi feito.
Outros dois sistemas que detestei foram os Ornamentos e os Trajes. Ao longo da jogatina, coletamos ornamentos que funcionam como equipamentos, melhorando aspectos como dano causado. Ao serem equipados, esses ornamentos consomem capacidade.
Já os trajes são roupas, disponíveis em uma quantidade bem limitada, onde cada uma apresenta um efeito diferente. O Conjunto Ilimitado por exemplo aumenta a saúde máxima em 5%. A junção dos sistemas de progressão me causou uma sensação de desconexão.
O jogo não se decide em abraçar os seus aspectos de RPG ou priorizar os elementos de ação, o que acaba fazendo com que ele não entregue nem um e nem outro de maneira satisfatória.
A exploração
Explorar é um dos principais elementos de todo metroidvania. Existe um certo prazer oculto em fazer 100% de cada área e, mesmo que seja irritante as vezes, acaba sendo divertido sair batendo em todas as paredes atrás de entradas ocultas.
Awaken: Astral Blade aposta no seguro e não reinveta a roda, logo, se você já jogou qualquer metroidvania, já sabe o que esperar aqui. Temos trechos de plataforma em túneis de vento, muitas paredes falsas, diferentes tipos de colecionáveis, missões secundárias e, claro, muito backtracking.
As habilidades de travessia no jogo são chamadas de capacidades e até elas são mais do mesmo. Escalar paredes, pulo duplo, se agarrar em plataformas suspensas, dar um pisão forte no chão para quebrar passagens inferiores..
Eu senti bastante a falta de mais originalidade nesse quesito. Um ponto positivo da exploração é que ela sempre recompensa bem o jogador. Verificar cada canto concede uma boa quantidade de itens preciosos como as pedras necessárias para melhorar as armas.
Os colecionáveis, como os diários e os gatos, também se fazem presentes, apesar de que eles acabam tendo pouco valor in-game. Um aspecto interessante é que podemos encontrar altares de benção com uma certa frequência.
Essas benções, que podem ser de ataque ou defesa, fazem bastante diferença, principalmente nas batalhas contra chefes. Um aspecto curioso é que o jogo me fez pensar nos God of War antigos. Ao explorar, podemos obter uma Fruta onde cada uma delas aumenta o HP em 5. Isso me fez pensar nos Olhos de Górgon por algum motivo.
As poções também podem ser aprimoradas no bom estilo Dark Souls. Um dos itens aumenta o valor curado pela poção e o outro a quantidade de cargas. Em suma, a exploração funciona bem mas ela acaba sendo um repeteco de sistemas que já vimos em dezenas de outros games do gênero.
Isso faz com que o jogo não seja ruim, mas, ao mesmo tempo, evita que ele se destaque de alguma maneira.
Parte técnica
Muitos dos problemas técnicos de Awaken: Astral Blade ocorrem em decorrência do baixo orçamento do jogo, logo, isso torna o ato de analisar essa parte bem difícil.
O estúdio não usufruiu de muitos recursos para construir o game, contudo, irei usar os outros jogos do PlayStation Hero Project como parâmetro para ter um certo nivelamento.
No caso de F.I.S.T: Forged in Shadow Torch, o nível técnico geral estava muito maior. Os visuais eram mais bonitos, a trilha sonora tinha uma diversidade de notas e tons bem maior, o voice acting e os cenários tinham mais identidade..
O mesmo vale para ANNO: Mutationem. Logo, fiquei deveras decepcionado com esses quesitos em relação à Awaken: Astral Blade. Dá pra perceber que o projeto envolve muita paixão dos seus criadores, mas por muitas vezes ele acaba tendo um envelopamento de “trabalho de faculdade” e não um produto comercial propriamente dito.
Felizmente eu não tive nenhum bug ou crash, contudo, as quedas de frames ocorreram algumas vezes, principalmente nas seções de plataforma onde os túneis de vento se fazem presentes.
Review de Awaken: Astral Blade – Vale a pena?
Se você for MUITO fã de metroidvanias, Awaken: Astral Blade vai te divertir um pouco, mas recomendo fortemente aguardar uma promoção do jogo. Infelizmente ele não entrega nada de novo no gênero e, como existem dezenas de opções melhores, fica difícil recomendar o mesmo no preço de lançamento.
Vale deixar claro que o jogo não é ruim, ele só não tem nada memorável e, como o gênero tem um elevado grau de concorrência, isso acaba prejudicando as pretensões da Dark Pigeon Games.
O estúdio tem talento e espero que eles se arrisquem mais caso decidam fazer outro game. Apostar no seguro nem sempre é a melhor opção, ainda mais em uma indústria que peca cada vez mais pelo excesso.
Awaken: Astral Blade aposta no seguro e entrega uma boa experiência metroidvania que, infelizmente, não tem nada de memorável.
Pontos Positivos
- Jogabilidade frenética
- História se desenvolve bem
- Bom nível de desafio
Pontos Negativos
- Faltou originalidade
- Trilha sonora passa despercebida
- Quedas de frames
- História
- Jogabilidade
- Visuais
- Som
- Desempenho