Ravenswatch é o mais novo roguelike do pedaço. O jogo foi desenvolvido pelo estúdio Passtech Games, os responsáveis pelo excelente Curse of the Dead Gods. Caso você não se lembre, o jogo já foi concedido como um dos títulos da PS Plus Essential em Maio de 2022.
Entre os roguelikes indies, Curse of the Dead Gods é amplamente considerado como um dos melhores, logo, as expectativas para Ravenswatch eram altíssimas.
Neste review de Ravenswatch, você vai descobrir se o jogo faz jus à essas expectativas e se ele ajuda a solidificar o legado da Passtech Games ou se ele coloca o mesmo em cheque.
Todos contra a corrupção
Se você já jogou qualquer título do gênero roguelike, você já sabe que a narrativa não é bem o forte deles. E isso se repete aqui. A história é simples e direta ao ponto: controlamos personagens de lendas, como Beowulf, Wukong e a Rainha da Neve.
Cada um desses personagens jogáveis possui um estilo próprio mas a missão principal permanece a mesma: colocar um fim na corrupção que ameaça o mundo. A história é dividida em capítulos, são 3 ao todo e o Epílogo é dividido em duas partes.
Ao jogarmos com cada uma das lendas, ganhamos experiência que aumenta a classificação delas. Na medida que subimos a classificação com os personagens, desbloqueamos novas entradas no Glossário e aprendemos mais sobre a história deles.
Basicamente, essa é a única “ponte” entre a jogabilidade e um aspecto narrativo no game. O estúdio prefere que o jogador fique sempre em movimento e a estratégia aqui foi usar “figurinhas carimbadas”. São poucos jogadores que não conhecem a história de Aladdin, Beowulf, Chapéuzinho Vermelho, o Flautista Mágico e por aí vai.
O tempero fica por conta da pitada de maturidade que o estúdio colocou nos personagens. Suas origens são respeitadas mas são versões adaptadas para o jogo e cada releitura casou perfeitamente bem com a proposta!
Mestres do gameplay
Se você jogou ao menos um minuto de Curse of the Dead Gods, você já sabe o quanto a Passtech Games é formidável no que diz respeito à criação de um loop de jogabilidade viciante.
Agora, graças a presença das lendas jogáveis, isso foi elevado de uma maneira inimaginável. Cada personagem altera drasticamente a forma de se jogar. Somado a isso, lembre-se que estamos falando de um roguelike, logo, temos várias e várias opções de construção de builds, ajudando a entregar uma das jogabilidades mais ricas e diversas que eu já vi em um game.
É bem difícil largar Ravenswatch, o que é algo incrivelmente perigoso. Quando você se dá conta, já se passaram 3-4 horas de jogatina. Para exemplificar a situação, vou usar o exemplo da Chapéuzinho Vermelho.
A personagem, que aqui é uma mulher, usa adagas para atacar. Só que, surpreendentemente, o game conta com um ciclo de dia e noite e, quando a noite chega, a Chapéuzinho se transforma na Mulher-Lobo, uma Lobisomem com um conjunto de habilidades completamente diferentes.
Ao concluir uma sessão, vamos supor que você queira trocar para Beowulf. O lendário guerreiro nórdico é capaz de acionar um dragão que fica em seu ombro temporariamente, o que faz com que seus ataques causem dano de fogo e gerem combustão. Cansou de Beowulf? Hora da Rainha de Gelo.
Com ela, a jogabilidade se transforma em uma espécie de jogo twin-stick onde a criação de ataques em cadeia é vital para a sobrevivência. A experiência de gameplay de Ravenswatch é ríquíssima e tudo funciona de maneira intuitiva, mesmo para players que nunca jogaram absolutamente nada do gênero.
Salvando o mundo
A diferença para outros títulos, como Hades, é na disposição do mapa. Cada capítulo acontece em um mapa aberto, com névoa, e precisamos sair explorando por aí para nos equipar e mudar de nível enquanto o Pesadelo Mestre, o chefe final do capítulo, não nasce.
Não temos salas aleatórias aqui, contudo, cada sessão é única. Em uma run por exemplo, eu consegui encontrar uma atividade onde um esporo gigantesco surgiu no mapa. Ao destruir ele, consegui reduzir o HP do chefe do capítulo em 20%, o que é uma vantagem excelente.
Em outra run, o esporo não apareceu, mas consegui abrir passagem para uma mina com um miniboss que me concedeu um talento lendário e ajudou bastante na construção da minha build.
Cada run é única e você traça sua própria estratégia. Vale mencionar que existe um certo limite de tempo. O jogo vai te avisando quando o Pesadelo Mestre vai surgir e isso gera um certo senso de urgência interessante para se equipar e aumentar de nível rapidamente.
A progressão acontece em várias camadas. A mais básica é através do level up. Ao matar inimigos, ganhamos XP e subimos de nível, podendo escolher um talento. Esses talentos alteram o funcionamento de alguma habilidade ativa ou concede uma habilidade suprema.
Além dos Talentos, temos Objetos Mágicos que aumentam aspectos como a Vitalidade, incrementando a Vida Máxima ou o Dano. Similar à outros RPGs e roguelikes, cada uma dessas categorias apresenta níveis de raride, indo de comum até lendário.
Como falei mais acima, todo o processo funciona de maneira intuitiva e direta. Mesmo que você nunca tenha jogado nada parecido, você vai conseguir entender os sistemas de maneira fácil e rápida.
Uma decepção em relação à progressão foi justamente na falta de progressão permanente. Basicamente o único sistema que existe após uma run é o de classificação das lendas.
Punitivo na medida certa
Se você jogou Curse of the Dead Gods, você já sabe que a Passtech Games não faz jogos para casuais. Mesmo na dificuldade mais baixa, o “bicho pega” e morrer acaba sendo algo frequente. Tudo bem que isso é um mecanismo central em roguelikes, mas o estúdio parece gostar do masoquismo.
Em Ravenswatch, a dificuldade está um pouco mais acessível. Jogando solo, os players são agraciados com 6 penas de corvo. Essas penas permitem que você reviva ao morrer. Isso torna o processo de concluir a história no modo normal algo menos doloroso.
Além disso, isso faz com que a experiência acabe tendo uma ótima curva de aprendizado, dando a oportunidade para que os jogadores aprendam os sistemas e encontrem builds prediletas para despachar os monstros e chefes rapidamente.
Diferente do game antecessor, onde entregar um game difícil pareceu ser o foco, aqui o estúdio focou na diversão, permitindo que o próprio jogador determine se ele quer ser brutalmente desafiado ou não.
Outro ponto que vale destaque é o multiplayer. Podemos dividir a experiência com amigos, o que, na minha humilde opinião, ajuda a aumentar ainda mais o brilho de Ravenswatch. Se jogar sozinho é incrivelmente prazeroso e divertido, chamar a galera pra fazer uma run dele é ainda mais especial.
Se você busca um roguelike para desfrutar com seus amigos, não existe escolha melhor do que Ravenswatch.
Review de Ravenswatch: Vale a pena?
Respondendo a pergunta, sim, Ravenswatch faz jus às expectativas e ajuda a solidificar a reputação da Passtech Games. Eles realmente entendem do que fazem e conseguiram entregar um roguelike ainda melhor do que o do anterior.
Se você se considera um adepto do gênero ou está buscando por algum jogo para se divertir com seus amigos, recomendo fortemente que você coloque Ravenswatch em sua lista!
Com um fator replay gigantesco, Ravenswatch é um roguelike com pouquíssimos defeitos que merece a sua atenção!
Pontos Positivos
- Fator replay gigante
- Muitas opções de builds
- Belos visuais
Pontos Negativos
- Pouca progressão permanente
- Loadings entre capítulos são longos
- História
- Jogabilidade
- Desempenho
- Visuais
- Som