Quando eu vi o primeiro trailer de Neon Blood, eu pirei. O jogo tinha uma porção de elementos que me deixaram muito empolgado. Um estilo visual belíssimo feito em pixel art, uma atmosfera cyberpunk cheia de detalhes interessantes, um protagonista com várias camadas de personalidade e, o mais importante, uma narrativa que me deixou intrigado.
Meses depois, finalmente pude colocar as mãos no jogo da ChaoticBrain Studio. Neste review de Neon Blood após a platina, irei te falar se o jogo vale o seu tempo e dinheiro ou não.
Um futuro próximo?
Em Neon Blood, controlamos o detetive Axel McCoin, um policial desperançoso que não se lembra do passado. Com fortes dores de cabeça, Axel acabou se tornando um usuário de Spark, uma droga que acabou gerando uma epidemia de “homens ratos” na cidade.
Logo no início da trama precisamos investigar uma cena do crime. A vítima foi decapitada e teve seus braços arrancados para dificultar a identificação. Esse é o pontapé inicial de uma trama futurista que envolve corporativismo, controle de massas e poder.
A atmosfera cyberpunk do jogo foi muito bem construída. Temos vários cenários cheios de luzes neon e, claro, os habitantes da cidade são cheios de implantes. A construção de mundo acontece de maneira orgânica, seja através de jornais que explicam um pouco mais a situação da cidade e as intenções das duas grandes corporações do jogo, seja através de diálogos que deixam explícito como o povo da cidade vive e o que eles pensam sobre a situação atual.
Eu obtive a platina em um pouco menos de 3 horas, o que já entrega o quão curto Neon Blood é e, para a minha surpresa, o final fica em aberto para que uma possível sequência ou expansão seja lançada posteriormente.
Um ponto que me incomodou bastante foi a ausência de legendas em PT-BR. Os textos foram localizados apenas em Português de Portugal e, apesar de ajudar na compreensão da história, alguns termos são bem diferentes. Isso é algo bem particular de quem joga, mas acabei optando por mudar o idioma para o inglês por ter mais afinidade com ele.
Apesar da história acontecer de maneira apressada, eu gostei bastante dos diálogos e dos flertes que Neon Blood acaba fazendo com a nossa própria realidade.
Estamos cada vez mais à mercê de grandes corporações que controlam aspectos importantes de nossas vidas. O jogo apresenta uma visão de mundo onde o alcance e poder dos governos acaba sendo minado por essas megaempresas.
Os diálogos são ótimos e os personagens secundários são cheios de identidade, o que acabou sendo algo que me surpreendeu bastante. A história não tira o pé do freio em momento algum, contudo, mesmo com isso, consegui me importar e me identificar com os aliados que Axel acaba fazendo pelo caminho.
Se você gostou de obras como Cyberpunk 2077, Altered Carbon e o excelente Nobody Wants to Die, você vai gostar da temática de Neon Blood. Por sinal, esse último, Nobody Wants to Die, é quase um irmão com mais recursos. A proximidade de narrativa entre as duas obras é gritante.
O Novo Oeste
Apesar de sua curta duração, Neon Blood também tem combate, ou ao menos, o projeto de um. Ao longo da trama enfrentamos alguns bandidos e vários chefes usando uma espécie de blaster de Axel. O combate segue a disposição clássica de turnos.
Não temos uma progressão tradicional com base em ganho de XP. Na medida que avançamos na história, as capacidades de combate de Axel são aprimoradas, fazendo com que o dano causado por ele aumente e novas habilidades sejam desbloqueadas.
Podemos usar um Desfribilador para recuperar o HP, dar Tiros na Cabeça causando dano crítico, usar a Viseira para ficar imune por um turno, defender ataques e por ai vai. Comandos padrões de um combate em turnos.
Uma coisa que me incomodou foi na animação simples de ataques e habilidades. Penso que a equipe poderia ter enfeitado melhor essas animações para deixar o combate um pouco mais especial. A trilha sonora das lutas também decepciona, passando despercebida.
Isso é engraçado por que acaba sendo um contraponto ao que acontece ao derrotar um chefe. Os chefões principais, ao serem derrotados, geram um pequeno trecho de QTE onde destroçamos eles ao apertar os botões corretos.
O nível de qualidade das animações nesse momento é absurdo, o que me deixou pensando por que essa mesma qualidade não se fez presente ao longo das lutas. Elas são tão simples que mal exigem algum tipo de estratégia ou apresentam algum grau de dificuldade.
Penso que no fim seria melhor ter apenas os trechos de QTE ou abraçar o aspecto narrativo por completo como Nobody Wants to Die, deixando de lado o sistema rudimentar de combate.
Quando não estamos ocupados com essas lutas desnecessárias, estamos percorrendo cenários extremamente lineares. Um trecho que me irritou bastante foi um que envolve os esgotos e a necessidade de ficar indo e vindo ativando painéis. A sensação que eu tive é a de que o estúdio teve essa ideia somente para extender a duração do jogo.
Puro charme
Como falei no começo do texto, Neon Blood conta com uma direção de arte belíssima apoiada no uso de pixel art.
Entendo que alguns jogadores não gostam desse estilo, mas o estúdio ChaoticBrain conseguiu fazer bom uso dele, entregando cenários e personagens cheios de identidade.
Como o jogo é super leve, os loadings são ultra rápidos, também não tive nenhum bug ou crash durante meu tempo com o jogo. Minhas ressalvas vão para a falta de legendas em PT-BR e para a parte sonora.
Além de não apresentar voice acting, o que é compreensível visto que estamos falando de um indie, toda a parte sonora deixa um pouco a desejar, passando despercebida em muitos momentos. Em contraponto à isso, ao concluir cada um dos 3 atos do jogo temos cutscenes animadas belíssimas que me deixaram na vontade por um desenho baseado nesse universo.
Neon Blood exala o amor que a equipe teve não só com o projeto, mas com o cenário indie em geral. Podemos ver referências e homenagens à vários jogos como Cyberpunk 2077, Anno: Mutationem e mais!
Review de Neon Blood: Vale a pena?
Custando R$99,50 na PS Store, Neon Blood tem minha recomendação mas com uma pequena ressalva. Só dê uma chance ao jogo caso você goste muito da temática e tenha afinidade com as obras que citei mais acima.
Caso você tenha curiosidade mas não tenha tanta afinidade assim, recomendo esperar por uma promoção, deixando o jogo um pouco mais em conta para o público brasileiro. A curta duração, menos de 3 horas, acaba pesando quando observamos o preço cobrado na loja BR.
No fim, Neon Blood mostra que o estúdio tem talento e que vale a pena ficar de olho nos próximos projetos da equipe!
Neon Blood pega várias ideias de obras do gênero emprestadas e cria um universo próprio que interessa mas que esbarra na superficialidade em alguns momentos.
Pontos Positivos
- Pixel art belíssima
- História interessante
- Bons personagens
Pontos Negativos
- Toda a parte sonora passa despercebida
- Sistema de combate é muito rudimentar
- Ausência de PT-BR
- Animações nas lutas poderiam ser melhores
- História
- Jogabilidade
- Desempenho
- Visuais
- Som