Ao observar as diversas aparições de Donkey Kong nos últimos anos, fica claro que a Nintendo tem se movimentando para retomar a relevância da franquia que nasceu há quase 45 anos lá nos arcades. Nesse sentido, é curioso ver como Donkey Kong teve uma grande aparição no filme do Mario, ganhou vários kits de LEGO exclusivos, além de uma área própria no parque Super Nintendo World, em parceria com a Universal. Tudo isso, menos um jogo novo próprio.
Considerando que DK recentemente passou por um redesign (que tem aparecido em peças de marketing, além do teaser do próximo Mario Kart), tudo leva a crer que o macacão boa-pinta deve receber um jogo próprio novo em breve — quem sabe, um dos títulos de destaque do vindouro Nintendo Switch 2?
Porém, enquanto o novo console da Nintendo não chega, nem um novo título de DK é anunciado, Nintendo nos oferece a oportunidade de experimentar (ou re-experimentar) um dos poucos jogos side scrolling da série que ainda não estava disponível no Nintendo Switch ainda: Donkey Kong Country Returns.
Seguindo uma abordagem e nomenclatura parecida com a de títulos como The Legend of Zelda: Skyward Sword HD e Luigi’s Mansion 2 HD, Donkey Kong Country Returns HD é um port direto que se foca em trazer leves melhorias gráficas, mas sem adicionar novos conteúdos ou fazer modificações muito significativas na experiência original. Sabendo disso, muitos podem estar se questionando se esse título vale a pena em 2025? Bem… A resposta é um pouco complexa e carregada de “poréns”.
Donkey Kong retorna de novo… de novo
Lançado inicialmente para Nintendo Wii, lá em 2010 (e depois para o 3DS em 2013), Donkey Kong Country Returns foi o primeiro título da série a ser desenvolvido pela Retro Studios (responsável também por Metroid Prime) e, como o próprio subtítulo indica, foi o jogo que marcou o retorno de Donkey Kong para o seu estilo mais clássico de plataforma 2D — de certa forma, dando continuidade à trilogia lançada pela Rare durante a geração do Super Nintendo.
Na época, o grande marco da Retro Studios com DKC Returns está no fato de eles realmente terem conseguido criar um jogo à altura dos excelentes jogos da trilogia original, algo que se mantém nessa versão em HD. Isso significa que, em termos de mecânicas e level design, DKC Returns HD apresenta um jogo de plataforma side scrolling extremamente engajante, criativo e muito, muito desafiador.
Contando com 80 fases distintas, divididas através de 9 mundos com temáticas únicas, o pacote presente em DKC Returns HD promete oferecer dezenas de horas de gameplay — principalmente se você for complecionista e quiser encarar os maiores desafios do jogo.
Com um gameplay extremamente fluído e muito expressivo, DKC Returns HD se destaca até hoje de outros jogos de plataforma ao apresentar um balanço interessante entre fases majoritariamente lineares, mas com diversos segredos escondidos que devem ser encontrados caso você queira desbloquear as fases mais difíceis de cada mundo.
Misturando comandos de pulo, batidas, sopros, rolagem e até mesmo um flutuar (sem contar as fases temáticas de carrinho de mina e foguete), o jogo apresenta excelente variedade de gameplay, com fases únicas e criativas do começo ao fim.
Eu vim ver o “mamaco”
A grande coisa, contudo, está no fato de toda essa descrição extremamente positiva a respeito do gameplay de DKC Returns HD poder ser aplicada desde a primeira versão do jogo. Esse gameplay responsivo e level design instigante já estavam presentes lá na versão do Wii, lançada há 15 anos. Os segredos e fases extras desafiadoras?
Ídem. Comparativamente, DKC Returns HD não traz muitas novidades quando colocado lado a lado às versões anteriores, e mesmo as melhorias gráficas parecem deixar a desejar em certos aspectos.
Como o subtítulo implica, essa versão em HD de DKC Returns atualiza os gráficos do jogo original para os tempos modernos, incluindo uma taxa de quadros estável de 60fps e uma resolução Full HD.
Todavia, ao invés de aproveitar essa oportunidade para recriar o jogo todo com um estilo gráfico mais moderno e elaborado, esse port realizado pela Forever Entertainment mantém a direção de arte original intacta, basicamente fazendo apenas um “upscalling” para a plataforma mais moderna.
Sendo bastante transparente, não é que os gráficos de DKC Returns sejam feios. A questão é que, embora melhorias tenham sido feitas, ele não alcança o mesmo nível de excelência de outros títulos disponíveis no Nintendo Switch.
Essa sensação é exacerbada ainda mais quando você compara DKC Returns HD com o outro jogo da série disponível no Nintendo Switch: Donkey Kong Country: Tropical Freeze. Embora esse também seja um título de uma plataforma mais antiga (já que foi lançado originalmente para o Wii U), Tropical Freeze é muito mais bonito e mais detalhado que Returns. É uma pena que a Nintendo e a Forever Entertainment não tenham trabalhado mais em Returns HD para deixá-lo nesse mesmo nível.
A preço de banana?
Por si só, a ideia de fazer um port mais contido de um jogo antigo não é necessariamente um problema. Afinal, mesmo considerando o fato de DKC Returns já ter sido lançado em duas plataformas, essa nova versão de Switch pode ser uma porta de entrada para que novas pessoas tenham acesso a esse jogo de plataforma fantástico.
Porém, o detalhe que acrescenta certo amargor à DKC Returns HD é o seu preço. Esse é um jogo vendido a R$299,00 na eShop, o que faz com que seja difícil indicá-lo cegamente. A própria Nintendo já ofereceu excelentes ports por preços mais reduzidos, como Captain Toad: Treasure Tracker e Metroid Prime Remastered. É uma pena que não seja o caso aqui.
Outro detalhe que pesa negativamente é a ausência de tradução para o português do Brasil. DKC Returns HD é um jogo com basicamente nenhuma história, o que significa que é possível aproveitar seu gameplay sem conhecer as línguas nas quais ele está disponível. Todavia, o fato de menus, explicações e outros elementos textuais não estarem disponíveis na nossa língua só faz o valor elevado parecer ainda mais injusto.
O mais triste de todas essas limitações presentes neste port HD de Donkey Kong Country Returns é que de fato existe um jogo de plataforma absurdamente bom soterrado atrás de todos esses “poréns”.
Com opções extras como um modo de acessibilidade que adiciona mais corações e vidas extras, além da possibilidade de jogar o jogo todo entre dois jogadores localmente, Donkey Kong Country Returns é um jogo de plataforma de muita qualidade, que não deixa a desejar quando comparado com os melhores títulos do gênero. Essa versão HD, contudo, infelizmente não traz o suficiente para justificar o preço cheio.
Review de Donkey Kong Country Returns HD — Port limitado de um ótimo jogo
Se você for um ávido jogador de títulos de plataforma 2D, que está atrás de mais opções no Nintendo Switch, digo sem sombra de dúvidas que vale muito a pena colocar Donkey Kong Country Returns HD no seu radar.
Não há o que se discutir em relação à qualidade do jogo em si. Todavia, considerando os poucos novos elementos que foram adicionados nesta versão HD, e o trabalho tímido de melhoria técnica, acho que o melhor a se fazer é esperar uma promoção que coloque o jogo em um valor mais condizente com a sua proposta.
Aqueles que passarem por sua alta barreira de entrada encontrarão um jogo de muita qualidade, que remete de maneira nostálgica à excepcional trilogia do Super Nintendo. Incluindo uma trilha sonora igualmente empolgante, que une músicas originais e reimaginações de músicas clássicas, essa pode ser vista como a versão definitiva de DKC Returns, já que apresenta todas as fases extras que foram lançadas também na versão de 3DS. É só uma pena que ela não seja um pouco mais acessível, e nem apresente o mesmo nível técnico de Tropical Freeze.
Donkey Kong Country Returns HD transporta para o Nintendo Switch o excelente jogo de plataforma que foi lançado anteriormente no Wii e 3DS. Sem muitas novidades e com melhorias visuais tímidas, esse é um port limitado e caro de um ótimo jogo.
Pontos Positivos
- Gameplay excelente
- Level design primoroso
- Desafiador e cheio de segredos
Pontos Negativos
- Melhorias gráficas tímidas
- Preço elevado
- Ausência de localização
- Gameplay
- Level Design
- Desafio
- Visuais
- Trilha Sonora
- Desempenho