Atomfall foi lançado no dia 27 de Março pela Rebellion, responsável também pela franquia Sniper Elite, e eu devo dizer que era um jogo que eu estava bem ansioso para jogar por conta da sua temática de sobrevivência com elementos pós-apocalípticos, como se fosse mais ou menos uma mistura de Fallout com Stalker 2, e caso você seja fã desse estilo de jogo, assim como eu, com certeza será um prato cheio.
Apesar disso, o game possui alguns pontos críticos e que impactam de forma positiva e negativa e que estarei discutindo com vocês aqui. Antes de tudo, o que é o Atomfall? Apesar de estar sendo muito comparado à franquia da Bethesda, ganhando até mesmo o apelido de Fallout britânico, por sua história se passar na Inglaterra, o jogo possui muitas características divergentes da saga do Fallout.

Primeiramente, que apesar de ser um jogo survivor com estilo retro-futuristico, ou seja, onde o passado se mistura com o futuro, e se passar em um cenário catastrófico após um desastre nuclear, as semelhanças param por aí com o Fallout, visto que o jogo da Bethesda adota características mais marcantes presentes em um RPG e Atomfall não. Então, por exemplo, você não terá uma grande variedade de armas e equipamentos. Além disso, não é possível equipar armaduras e trajes no seu personagem principal. E, para finalizar, o Atomfall só é possível jogar em primeira pessoa, enquanto Fallout possibilitar jogar tanto em primeira, como em terceira pessoa.
História
Agora que você já sabe basicamente a diferença entre esses jogos, vamos falar mais exclusivamente do Atomfall. A história do Atomfall começa com o protagonista acordando dentro de um bunker logo após acontecer um grande desastre nuclear em Windscale, na Inglaterra, provocado pela companhia B.A.R.S, empresa responsável pela administração das usinas.
Ao conseguir sair do bunker, sem nenhuma lembrança ou memória de como havia chegado a esse lugar, você precisará explorar a região buscando descobrir pistas do que realmente aconteceu e provocou o acidente nuclear, além de procurar uma forma de fugir da zona da quarentena, visto que por precaução, o governo cercou toda a região atingida pelo desastre, selando todos ali dentro.

Nesse meio tempo, você descobrirá sobre um local conhecido como “A convergência” e que nesse lugar está a resposta para todos os mistérios do acidente e também a única saída da quarentena. Então basicamente a história principal do jogo será o protagonista tentando chegar na convergência, enquanto no caminho descobre vários segredos do desastre nuclear e da B.A.R.S, e ao mesmo tempo tentando recuperar sua memória e descobrir quem realmente é.

A história por si só é muito interessante e consegue prender sua atenção por conta de todos os mistérios que você terá que descobrir para prosseguir na campanha principal e esse, com certeza, será o ponto forte do jogo.
Além disso, o Atomfall tem um sistema de progressão de missões bem diferente. Aqui o jogo não te dará objetivos específicos, e muito menos poluirá seu HUD ou mapa com várias marcações e informações desnecessárias.
Em vez disso, Atomfall utiliza do sistema de pistas que você descobrirá através de papéis e documentos que encontrar durante sua exploração, além das pessoas que você conversar que poderão te dar informações valiosas de para onde seguir ou o que procurar.
Gameplay e mecânicas
Com relação a gameplay do Atomfall, gostaria de falar primeiramente da mecânica de movimentação do jogo. Aqui o game utiliza como se fosse um sistema de Stamina, só que em vez de uma barra de energia, você terá uma barra de batimentos cardíacos, onde se seus batimentos se elevarem demais, você não conseguirá fazer nenhuma ação, como bater, atirar, correr ou pular.
A movimentação do jogo também é bem travadinha, e a sensação que passa é que o personagem pesa mais de 100kg, por ser muito lento e duro. A corrida rápida, de rápida não tem nada, e às vezes tive a sensação no jogo que correndo ou simplesmente andando dava a mesma coisa.

Você poderá andar, correr, se esgueirar por entre buracos e fendas, se agachar (e aqui eu abro um parêntese para falar que andar agachado nesse jogo é uma tortura). O boneco simplesmente não sai do lugar. A movimentação realmente poderia ter sido mais polida e deixou a desejar, porém, não mais que o sistema de combate desse jogo, que pelo amor de Deus, meu amigo, só pela misericórdia viu!

Como diria o Alanzoka, o Dev do combate dessa vez não brilhou. Ou ele estava com muita preguiça ou era muito inexperiente, deixando o combate bem maçante por ser muito engessado. E um dos pontos que poderia ser o maior do jogo, acabou se tornando seu pior defeito. O combate do jogo é extremamente duro e pouco variado, e possui duas falhas gravíssimas por não possuir nenhum comando para esquiva e nenhum comando para bloqueio. Aí os combates corpo a corpo, que acontecem com grande frequência, viram uma espécie de “bate ou apanha”.

O combate com as armas é até legal. O jogo possui alguns modelos e tipos diferentes de armas, como escopetas, rifles de precisão, rifles de assalto, submetralhadores, pistolas e revólveres, mas infelizmente tem também dois grandes problemas. O primeiro é que a movimentação lateral do personagem ao você estar mirando com uma arma é muito lenta, impossibilitando que você consiga se esquivar de tiros e ataques de inimigos.
E isso não seria um problema muito grande se não fosse pelo segundo motivo: Os inimigos do Atomfall, sem exceção, possuem Aimbot, e eu não to nem zoando. Você pode estar longe o quanto for e mesmo assim os inimigos conseguirão acertar você com precisão.

E agora vamos para a cereja de bolo do combate que é o sistema de Stealth. Sim! No Atomfall é possível jogar no modo Stealth, evitando lutas desnecessárias e eliminando inimigos furtivamente. Pelo menos isso em tese, porque na prática, meu amigo, o combate furtivo é inexistente.
Isso porque os inimigos conseguem te ver e te detectar a quilômetros de distância. Tinha vezes onde eu nem estava totalmente exposto ou estava muito longe para ser visto e mesmo assim era detectado. Então não contem com um sistema furtivo arrojado.


Outro ponto que, com certeza, pesou negativamente para mim foi o sistema de inventário do jogo. Eu sei que eles tentaram fugir de um inventário mais característico de um jogo de RPG, onde você teria uma quantidade de peso definida que pode carregar, e caso passasse desse valor ficaria sobrecarregado, mais ainda assim conseguiria lootear, sacrificando sua velocidade. Em vez disso eles adotaram um inventário mais característico de um jogo survivor, bem na pegada dos Resident Evil antigos, onde você tem slots livres para colocar itens e equipamentos.


Só que no caso do Atomfall, considero que o inventário não funciona direito, isso porque você tem uma quantidade muito pouca de slots para colocar os itens. Além disso, o jogo possui 4 slots maiores para colocar armas de maior porte, não sendo possível colocar esses equipamentos nos outros slots. Trocando em miúdos, você só consegue lootear até 4 armas de grande porte, e caso queira coletar mais armas, deverá vender ou guardar seus equipamentos.
Isso se torna extremamente inconveniente durante a gameplay, pois você vai conseguir encontrar diversos itens e armas para coletar, e não conseguirá pegar por falta de espaços. E os baús do jogo para guardar os itens ficam em locais muito específicos do jogo, e muita das vezes você estará bem longe deles, o que vai impedir de você lootear muitas vezes.

Agora falando sobre a progressão do protagonista, o Atomfall não segue um sistema de nível e level up, onde você ganharia pontos de skills para ir liberando novas habilidades ou fortalecendo atributos específicos.
Em vez disso, você terá aqui um item específico conhecido como “estimulante de treinamento”, onde você poderá gastá-los para liberar novas habilidades que poderão melhorar seu condicionamento físico, saúde, força com armas brancas, manuseio de armas de fogo e exploração. Além disso, será possível encontrar diversos manuais espalhados pelo jogo onde você poderá aprender novas habilidades.

O comércio do Atomfall também é bem diferente e eu não recordo de ter visto em algum jogo recente. Aqui o jogo não terá uma moeda específica para você poder ganhar e comprar as coisas. Em vez disso, você terá um sistema de troca e permuta, onde quanto maior a qualidade e raridade do item, mais coisas você poderá comprar. Ao conversar com algum comerciante, observe no meio da tela de permuta que terá uma balança, e para conseguir fechar a compra, você deverá equilibrar a balança adicionando ou removendo itens da barganha. Depois disso, basta fechar o negócio e o detector será seu.


Gráficos
Agora falando um pouco dos gráficos, o Atomfall possui um gráfico com uma boa qualidade, porém nada demais ou inovador, e poderia ser facilmente classificado como um jogo da geração PS4 nesse quesito. Não à toa que o jogo está disponível também para os consoles da geração passada. Mesmo assim, o jogo conta com ambientes bonitos e paisagens bem trabalhadas, que irão te fazer pensar que realmente está em um mundo pós-apocalíptico.
Apenas um detalhe me incomodou muito aqui, pois algum dev decidiu colocar a abertura de 90% das portas para dentro do ambiente, em vez de para fora, o que faz com que a animação da abertura “bata” no boneco sempre que abrir.


Um detalhe importante também é que aparentemente o jogo não possui um sistema de fast travel, o que dificulta muito sua locomoção durante sua gameplay. Eu, pelo menos, estou no final do game e até agora não encontrei a viagem rápida.
Review de Atomfall: Vale a Pena?
Apesar desses pontos críticos, o jogo tem um ponto super forte que faz valer a pena jogá-lo, mesmo com essas dificuldades, que é justamente a sua história. A história principal de Atomfall passa uma atmosfera muito misteriosa, que faz com que você sempre se pergunte o que está acontecendo e acaba te prendendo para que continue procurando as respostas desses mistérios.
Você começa o jogo sem saber quem é e como chegou lá. Sem saber como ou o que provocou o acidente nuclear. E a pergunta principal: O que tem dentro da convergência? E isso será seu combustível para chegar até o final do jogo

Aliás não só a história principal, como as missões secundárias serão bem interessantes, podendo resolver elas de diferentes formas e tendo diferentes desfechos na sua gameplay, o que manterá a sua atenção presa até o final do jogo.
Segundo os Devs o jogo leva em torno de 25 horas de gameplay para zerar somente a história principal. Porém vi relatos de jogadores que fizeram em apenas 7 a 8 horas. Eu por exemplo estou com aproximadamente 10 horas de jogo e já estou chegando ao final do game, tendo feito ainda algumas missões paralelas.
Então é um jogo que não é demorado, tem uma história interessante e, com certeza, renderá boas horas de gameplay para você que é fã desse estilo de jogo de sobrevivência e exploração. E por isso minha nota para Atomfall é 7,0 de 10,0.
Apesar das deficiências de mecânicas de gameplay, Atomfall te prende pela sua história misteriosa que te faz querer ir até o final.
Pontos Positivos
- História intrigante
- Ambientação
Pontos Negativos
- Movimentação truncada
- Sistema de furtividade é raso
- Combate corpo a corpo terrível
- História
- Jogabilidade
- Desempenho
- Visuais
- Som