Desde que Hades conquistou o mundo, temos recebido mais e mais “clones” do fantástico jogo criado pela Supergiant Games.
Vários estúdios, principalmente indies, estão produzindo exemplares com a esperança de abocanharem um pedaço do enorme mercado que se formou diante do gênero roguelike.
É diante desse contexto que surge Yasha: Legends of the Demon Blade, um roguelike do estúdio 7QUARK, uma empresa com sede em Taiwan. Mas será que o game tem ideias próprias o suficiente pra garantir seu lugar ao sol?
É isso que você vai descobrir nesse review de Yasha: Legends of the Demon Blade.
O fim da coexistência
No mundo de Yasha, humanos e demônios coexistem, contudo, a balança da coexistência ameaça entrar em colapso. Em um belo dia, os demônios começam a agir de forma estranha, atacando vilarejos em busca da Lâmina Demoníaca.
Esse é o pontapé para o início de nossa trama. Diferente do supracitado Hades, Yasha: Legends of the Demon Blade conta com três protagonistas diferentes – Shigure, Sara e Taketora.

Cada um dos personagens possui um estilo de jogabilidade diferente e uma “campanha” própria. As campanhas são divididas em capítulos e o capítulo avança mediante cada zerada. Você já deve conhecer a estrutura de um roguelike, caso contrário, saiba que uma zerada com build otimizada leva entre 13 a 16 minutos, contudo, leva tempo para termos upgrades o suficiente para tornar isso possível.
Como um bom roguelike, o jogo busca entregar o fator replay e a história segue isso a risca. Em cada novo capítulo temos novas melhorias, diálogos e cenas que aprofundam a lore do jogo. A experiência é amplificada graças a ambientação charmosa no período Edo cheio de elementos folclóricos do Japão.
Um ponto negativo da narrativa ao meu ver é que devido ao orçamento compacto, o grosso da história é contado através de cenas estáticas que muito se assemelham à visuais novels. Eu entendo que isso acontece devido ao orçamento mas a solução acaba impactando na narrativa, fazendo com que o jogador se importe menos com a jornada e os personagens.
Outro ponto, específico para brasileiros, é que a localização dos textos está em português de Portugal e temos alguns erros presentes. Acaba sendo melhor jogar em inglês.
Lendas letais
O principal pilar de um roguelike é seu combate, tornando-se o alicerce mais importante para garantir um elevado fator replay. Fico feliz em dizer que Yasha: Legends of the Demon Blade faz isso com louvor.
Cada um dos três personagens jogáveis conta com 6 armas únicas, com efeitos passivos bem diversos, que garantem uma variedade absurda no que diz respeito à montagem de builds.

A primeira personagem que eu testei, Shigure, usa katanas que permitem a troca entre elas ao longo do combate. Uma das katanas gera uma área que fica pegando fogo por alguns segundos, outra gera um escudo, outra gera borboletas que podem ser explodidas e por aí vai.
Aliado às armas, após cada sala concluída obtemos Orbes de Almas, permitindo que a gente aprenda uma habilidade passiva para a arma. Cada arma pode ter 3 habilidades passivas ao todo e elas vão até o nível 3.

A progressão é direta ao ponto e segue a cartilha de roguelikes – temos uma progressão permanente, onde pegamos chamas e aprendemos perks como reviver, aumento de dano, aumento do ganho de ouro e por aí vai. Já a temporária consiste na obtenção de ouro para que a gente compre ramen e talismãs ao longo das runs.
Os talismãs também podem ser obtidos através das Provações, arenas que aparecem no festival de demônios que fica entre uma zona e outra.

Eu particularmente achei a curva de dificuldade do jogo esquisita. Os dois primeiros capítulos são bem fáceis para quem já tem uma noção mínima do gênero. A janela de parry do jogo também é bem generosa, o que facilita as coisas.
Contudo, ao chegar no terceiro, você vai precisar dar uma baita sorte e conseguir montar uma boa build causadora de dano, caso contrário você com certeza ficará em apuros!
As batalhas contra os chefes são uma bela surpresa. Elas seguem à risca o folclore japonês e os chefes são mecanicamente ricos, o que ajuda a afastar o senso de repeteco um pouco.
Uma versão charmosa do Japão
Apesar de suas claras limitações, Yasha: Legends of the Demon Blade tem um visual charmoso, que se apoia em cores pastéis e texturas cartoonescas para entregar uma versão calorosa do Japão no período Edo.
Os inimigos, cenários e chefes possuem um design variado, baseado no folclore do Japão. Podemos enfrentar várias figuras conhecidas do imaginário popular, como o Umi-Bozu, Mikoshi-nyudo, samurais, ninjas e até a Kyuubi.

Apesar dos visuais não serem grande coisa, eu fiquei genuinamente surpreso com a trilha e os efeitos sonoros. As músicas são bem competentes e apresentam notas variadas de instrumentos temáticos da época, ajudando na imersão.
Por ser um indie, não tive nenhum problema pra rodar o jogo no PS5 Pro. Não notei quedas de FPS, bugs e nem tive crashes. Contudo, como mencionei acima, a localização em PT-BR deixa a desejar.
Review de Yasha: Legends of the Demon Blade – Vale a pena!
Yasha não reinventa a roda dos roguelikes e não tem nenhum elemento que o torne inesquecível, contudo, ele é um bom exemplar do gênero e cumpre muito bem o papel de segurar a ansiedade por Hades 2.
Se você for um adepto do gênero, vale dar uma chance ao jogo da 7QUARK. Ele é divertido e tem identidade própria o suficiente para merecer seu tempo e dinheiro.
Yasha: Legends of the Demon Blade não reinventa a roda dos roguelikes, contudo, se posiciona como um bom exemplar do gênero, sendo merecedor do seu tempo e dinheiro!
Pontos Positivos
- Boa quantidade de builds
- Nível de desafio bem dosado
- Alto fator replay
Pontos Negativos
- Narrativa poderia ser melhor apresentada
- Sem opção de trocar os personagens jogáveis
- Narrativa
- Jogabilidade
- Desempenho
- Visuais
- Som