Warhammer 40.000: Space Marine – Master Crafted Edition é o mais novo remaster desenvolvido pela Relic entertainment em colaboração com a SneakyBox, um jogo de ação em terceira pessoa que mescla bem combate a distância e corpo a corpo, aproveitando a nova leva de popularidade da franquia instaurada pela sua sequência, o anúncio do relançamento aparenta ser uma boa chance para apresentar aos novos jogadores o início da jornada de Demetrian Titus, mas será que esse jogo de 2011 envelheceu bem? Venha conferir!
O que (resumidamente) é Warhammer?
Aposto que mesmo sem consumir nenhuma obra nessa série, você ao menos já ouviu falar nesse nome, seja em algum vídeo do YouTube, algum serviço de streaming ou, mais possivelmente, em algum evento de jogos.
Warhammer é basicamente o resultado de colocar e bater em um liquidificador Star Wars, Senhor dos Anéis e a Igreja Católica Apostólica Romana (sim!), um universo brutal que engloba humanos, orcs, elfos, demônios, ciborgues, robôs zumbis e dezenas de outras raças e civilizações por incontáveis galaxias no quadragésimo primeiro milênio, e que uma famosa frase presente em praticamente toda obra ambientada nessa franquia resume muito bem: “na escuridão sombria do futuro distante, só existe guerra”.

A história do jogo se passa no planeta de Graia, um mundo-forja cujo objetivo é alimentar a máquina perpétua de guerra do império dos homens com armamentos e máquinas de destruição em massa, mas que se encontra no meio de uma invasão de orks, destruindo tudo que encontram e tendo como espólios os equipamentos militares.
Um esquadrão de Space Marines da legião dos Ultramarines, soldados geneticamente modificados, liderados pelo capitão Demetrian Titus, são enviados ao planeta para auxiliarem as tropas locais e assegurarem que as mais importantes armas não caiam na mão dos inimigos, mas que esconde algo bem mais sinistro no centro dessa invasão.

A narrativa e progressão de Space Marine é bem similar à de outros jogos da época do Xbox 360, você detona inimigos indo do ponto A ao B, coleta alguns arquivos de áudio, assiste algumas cutscenes e repete o processo. Não que isso seja ruim, mas é evidente a dissonância com jogos mais atuais e até mesmo com Space Marine 2, sequência direta do game, que aposta em momentos mais cinematográficos, foco maior nos personagens e apresentação bem melhor da lore do universo Warhammer.
Bolter, Chainsword e Bomba
A primeira vista o jogo pode lembrar bastante de outros como Gears of War, com soldados fortemente armados enfrentando extraterrestres sendo o foco, mas a identidade do game brilha (em sua maior parte) com o gameplay hibrido carta registrada dos space marines, seu bolter automático e tão importante quanto seu machado de energia, não existe cover ou kits médicos, agressividade e finalizações que restauram HP são chave para o sucesso, principalmente na dificuldade mais alta, incentivando engajamento próximo dos inimigos constantemente.
O arsenal de Titus é simples, mas bem satisfatório, temos as famosas Bolters(metralhadoras), Lascannons(snipers), Vengance launcher(lança-granadas), armas de energia e suas variações. Porem o jogo tem como ponto forte o combate corpo a corpo, empunhando chainswords, as famosas espadas serras, machados de energia, thunder hammers entre outros, cada um com seus combos focados em dano puro ou stun, que serve para incapacitar os inimigos para as já citadas finalizações, muito parecido com o que encontramos no reboot de DOOM.

Entretanto, alguns inimigos que aparecem após metade do jogo quebram esse ritmo satisfatório de combate, com precisão e dano de suas armas de fogo superiores e, ao mesmo tempo, tendo mais HP e menos entidades em campo, aquele frenesi e adrenalina que sentíamos destroçando hordas de orks no início do jogo desaparece e dá lugar a encontros restritivos e chatos, resumindo em dar tiros, recarregar atrás de um obstaculo e atirar novamente, negando totalmente o loop de gameplay dinâmico até então.
O jogo também contem modos de jogo multiplayer muito bem servidos, tendo tanto coop em horda como PvP 8v8 de classes.
Simples, porém grandioso
Corredores e algumas arenas compõem 90% da campanha de Space Marine, e apesar de a paleta de cores e estilo dos ambientes não terem muita variedade, a escala de alguns cenários agrada qualquer fã ou não de Warhammer, com Guindastes quilométricos se movimentando pelo cenário, estruturas que em outros jogos da época seriam “fake” ou 2D, são apresentados de formas majestosas e de tirar o fôlego. Boa parte dos interiores não desaponta também, mesclando com triunfo a estética singular da Franquia: ficção científica industrial com características religiosas ritualísticas.

As texturas e a apresentação geral em si não difere muito do original, mesmo sendo notável que houve sim uma melhoria, principalmente na HUD e mixagem sonora do game. A trilha sonora tem infelizmente como maior ponto positivo ser totalmente amena e descartável, não tendo praticamente nenhuma faixa musical memorável ou que amplificasse o gameplay, bem triste haja vista que jogos do mesmo universo como Mechanicus e Darktide possuem OST fenomenais. em contrapartida os efeitos sonoros após destroçar inimigos com a chainsword e explodir quem estiver na frente com explosivos raramente enjoa.
Apesar do desempenho perfeito (esperado, por ser um jogo de 2011), tive alguns pequenos bugs, como precisar apertar start duas vezes para sair do menu quando carregando um save, mas nada de mais, além disso. Também tentei testar o game no steam deck mas infelizmente parte do launcher dele, provavelmente o anticheat, não deixou iniciar, veremos se isso se remediará após o lançamento.
Warhammer 40.000: Space Marine – Master Crafted Edition – vale a pena?
Sabe aquele jogo que você só gosta por ser baseado em uma franquia ou obra de que você gosta muito? Essa é mais ou menos a minha relação com Space Marine, ser ambientado nesse universo tão querido por mim acabava me cegando para muito de seus problemas. Mas após ter jogado o 2 esse ano, no qual considero por si só um ótimo jogo, comecei a reconhecer abertamente as falhas de seu antecessor. Tudo ele faz melhor que o 1: apresenta de forma melhor o conjunto e organização geral do Império, combate mais balanceado, desenvolvimento maior da relação entre os marines e os soldados comuns, entre outros vários pontos.

Mas mesmo com todos esses desfalques, é inegável que ser um produto de sua época é um dos maiores chamarizes do game. Quem não sente saudades de sentar no sofá sábado de tarde sem nenhuma preocupação além de matar alienígenas no Xbox 360? Uma introdução honesta a uma das minhas franquias favoritas, gameplay divertido e duração perfeita fazem de SpaceMarine uma boa recomendação se você procura se sentir um pouquinho dessa época novamente.
Pontos Positivos
- Gameplay híbrida bem funcional
- Visuais atrativos e desempenho perfeito
- É Warhammer
Pontos Negativos
- História e narrativa mal apresentadas
- Trilha sonora tímida
- Perde fôlego na segunda metade
- Narrativa e Lore
- Jogabilidade
- Gráficos
- Trilha/ efeitos Sonoros
- Desempenho/bugs