Aqui estou eu falando sobre mais um roguelite, dessa vez, sobre o recente The Rogue Prince of Persia. Desenvolvido pela Evil Empire, estúdio conhecido pela sua experiência com Dead Cells, o projeto basicamente funde a IP Prince of Persia com elementos de Dead Cells, entregando uma experiência bem satisfatória e de ótima qualidade.
The Rogue Prince of Persia ficou bons meses em acesso antecipado, permitindo que o estúdio colhesse o feedback necessário da comunidade para lançar a versão 1.0 no melhor estado possível e com uma boa dose de conteúdo.
Na trama, acompanhamos o Príncipe em uma luta contra o tempo para colocar um fim nas tropas dos Hunos comandadas pelo Rei Nogai. Após um embate entre os dois, Nogai usa magia negra e acaba vencendo o Príncipe, que acorda três dias depois para encontrar seu lar tomado pelas tropas dos Hunos.

Rapidamente o protagonista nota que algo está estranho. Toda vez que ele é derrotado, ele retorna para o Oásis, um hub que serve como base do jogador. Em poucos minutos de jogo é explicado que o herói da aventura possui uma relíquia capaz de trazer ele de volta a vida, servindo como justificativa para a estrutura roguelite do game.
Uma coisa admirável é que apesar do foco ser a jogabilidade, The Rogue Prince of Persia entrega uma quantidade razoável de narrativa através de diálogos. O único ponto negativo nesse sentido pra mim foi a ausência de voice over nas falas. Esse toque adicional teria deixado a trama mais imersiva.
O Príncipe em todo seu esplendor
O básico muito bem feito é uma frase que se enquadra perfeitamente ao falar sobre The Rogue Prince of Persia. O game não reinventa a roda, pelo contrário, ele abraça todas as mecânicas que já vimos em outros títulos do gênero, colocando, é claro, uma roupagem de Prince of Persia.
O resultado é altamente satisfatório. A Evil Empire usou toda sua expertise obtida criando um dos melhores jogos da história e cada pixel de The Rogue Prince of Persia deixa isso bem claro. A movimentação é bem fluída, as animações apresentam uma ótima qualidade e temos os devidos elementos da saga, como a possibilidade de andar pelas paredes, as acrobacias do personagem e mais.
Um elemento particular do jogo é chamado de Sopro de Vayu. Ao realizar ações específicas no tempo perfeito, ganhamos uma espécie de boost, aumentando a velocidade do Príncipe. Esse sistema é bem interessante por que basicamente transforma a experiência em um jogo rítmico se o jogador quiser.

Se movimentar constantemente é a chave da sobrevivência em The Rogue Prince of Persia e essa sacada do Sopro foi inteligente por parte da equipe. A parte mais louvável é que o game não fica tão punitivo caso você seja péssimo no timing das ações.
Nada de novo sob o sol
A progressão de The Rogue Prince of Persia acontece da mesma maneira que em todos os outros games do gênero. Temos melhorias temporárias e permanentes. Ao derrotar os inimigos, ganhamos experiência e, subindo de nível, um ponto de habilidade é concedido ao jogador, permitindo que esse ponto seja gasto na árvore de habilidades.
Os inimigos também deixam cair Cinzas de Almas, recurso que é usado para desbloquear novos diagramas de armas, medalhões e mais. Os diagramas também podem ser encontrados nos cenários, dentro de baús que geralmente ficam dentro de salas especiais que envolvem trechos de plataforma e coisas do tipo.

Uma coisa que me agradou bastante no jogo é que ele respeita o gênero e tudo no jogo é altamente intuitivo. Mesmo que seja seu primeiro contato com um roguelite, você vai conseguir se desenvolver bem e o loop de gameplay é viciante. Em alguns roguelites, a progressão permanente é propositalmente lenta pra fazer o jogador repetir várias runs. Fico feliz em afirmar que isso não acontece aqui e a todo momento desbloqueamos coisas novas. O sentimento de progressão é bem aplicado.
Outro ponto importantíssimo é a variedade. O jogo dosa bem a quantidade de novos inimigos, ferramentas, armas e medalhões, fazendo com que cada run tenha alguma novidade, reforçando o aspecto viciante do loop. É muito difícil largar The Rogue Prince of Persia e constantemente eu me vi prometendo a mim mesmo: “essa é a última run que eu vou tentar”.

A navegação e exploração pelos cenários está bem tranquila, contudo, os chefes representam um bom nível de desafio. A magia desses games é confeccionar builds absurdas para derreter os chefes e isso é possível aqui.

Digno de Ali Babá
The Rogue Prince of Persia não é um jogo pesado, logo, sua parte técnica está rodando de maneira impecável no PS5 Pro. Eu só senti que o loading inicial poderia ser um pouco mais veloz mas não chega a ser algo que incomoda muito.

Visualmente o jogo está belíssimo e mescla o estilo da Evil Empire com os jogos iniciais da franquia, simulando uma espécie de túnel do tempo para os fãs mais velhos da saga. A trilha sonora mescla batidas lo-fi com instrumentos da Pérsia, apresentando sons agradáveis. Contudo, eu gostaria que o time tivesse optado por seguir um caminho mais clássico pra trilha, possibilitando uma imersão total na cultura persa.
A cereja do bolo é a qualidade das animações. Cada movimento do Príncipe é gracioso, com interações bem feitas entre o personagem e o cenário. São detalhes pequenos que fazem a diferença e ajudam na imersão do jogo.
Review de The Rogue Prince of Persia: Vale a Pena?
The Rogue Prince of Persia é a prova de que às vezes inovações não são necessárias. O básico feito do jeito certo, com identidade e respeito ao material original, já resolve. Com altas doses de diversão, um excelente fator replay e uma jogabilidade viciante, é difícil largar o game. Eu arrisco a dizer que ele se configura facilmente entre os melhores jogos da franquia.
The Rogue Prince of Persia faz quase tudo certo, posicionando-se como um ótimo roguelite.
Pontos Positivos
- Respeito ao material original
- Fator replay altíssimo
- Animações incríveis
Pontos Negativos
- Sem voz nos diálogos
- Trilha sonora as vezes é desconexa em relação à atmosfera
- Narrativa
- Jogabilidade
- Visuais
- Desempenho
- Som