E aqui estou eu falando sobre mais um roguelite. O avaliado da vez é Towa and the Guardians of the Sacred Tree, jogo desenvolvido pela Brownies inc. e publicado pela Bandai Namco. Um ponto interessante é que, desde a sua revelação, Towa and the Guardians of the Sacred Tree tinha um aspecto mais acessível, muito graças à sua estética que lembra um anime e o flerte com cozy games.
Buscando seu lugar ao sol
A narrativa de Towa é entregue através de diálogos e cenas estáticas que flertam com a proposta dos visual novels. O grande problema aqui é a falta de localização de textos em PT-BR. Como a história é cheia de clichês, ela acaba se tornando desinteressante rapidamente, o que ajuda a acentuar o outro grande problema de Towa and the Guardians of the Sacred Tree – o combate é incrivelmente simples, um pecado para um roguelite.

Para se diferenciar dos demais jogos do gênero, afinal, lançam dezenas de roguelites anualmente, Towa usa uma série de mecânicas ousadas e que, até certo ponto, funcionam bem. A mais evidente delas é a capacidade de selecionar e controlar dois personagens de maneira simultânea.
No geral, um personagem, selecionado como o principal antes de começar uma run, chamado de Tsurugi, é capaz de golpear com as duas espadas e lançar habilidades especiais, enquanto o outro, o Kagura, tem uma função mais de suporte. Como falei, inicialmente a ideia encanta, contudo, após as primeiras horas em Towa, podemos ver o quanto o sistema é superficial.
Lâmina sem fio
Temos poucos botões de ação, apesar da boa variedade de magias do personagem de suporte. Com isso, o loop de gameplay se torna entediante rapidamente. As “builds” do jogo são montadas através de um sistema de cartas que reforça o quanto o combate é limitado. Diferente de títulos como Hades e, sendo mais justo na comparação, Yasha: Legends of the Demon Blade, a percepção de diferença na jogabilidade, mesmo usando personagens diferentes, é baixíssima.
Apesar de ter um elenco com vários personagens jogáveis, parece que selecionar Tsurugis diferentes não tem impacto algum e o motivo é a escolha do estúdio em não fazer com que cada personagem use um estilo de arma diferente.
E a situação é agravada pela ausência de impacto nos embates. Não existe uma resposta sonora ou visual, deixando a impressão de que estamos golpeando o vento. O hitbox dos chefes também é inconsistente, principalmente quando eles acionam ataques em área.

O loop do combate consiste em golpear os inimigos com ataques básicos e, quando a barra de durabilidade de uma das espadas se esgota, apertamos triângulo para alterar a espada e repetir os combos.
O mais surpreendente é que o sistema de forja do jogo é bem rico em detalhes, sendo um dos mais completos que eu já vi. Claramente o estúdio colocou mais recursos e criatividade nisso do que no combate, o que não faz sentido, afinal, a jogabilidade é o pilar central de um roguelite. Outro ponto que me incomodou é que as runs eram incrivelmente longas. Levava uma média de 25 a 30 minutos para derrotar o chefe final, mesmo focando a build em dano.

Colírio aos olhos
O que Towa acerta em cheio é na sua estética. O design dos cenários, inimigos e personagens está fantástico e o vilarejo que serve como hub principal é bem charmoso. A cereja do bolo são os chefes, repletos de identidade e que reforçam bem os elementos da cultura japonesa.

Como o jogo é incrivelmente leve, não tive nenhum problema técnico no PS5 Pro. O jogo rodou de maneira estável, sem quedas de frames, glitches ou crashes. Um ponto curioso é que o loading de cada fase é “longo”. Não chega a ser nada no nível da geração PS4 mas, como se tornou incomum ver um jogo levar cerca de 20 segundos para carregar uma fase, foi algo que não poderia deixar de mencionar.
Review de Towa and the Guardians of the Sacred Tree – Vale a pena?
Apesar das boas ideias e da execução visual excelente, Towa tropeça em aspectos que são fundamentais em roguelites, entregando uma experiência que fica aquém de vários dos jogos do gênero. Como é um espaço altamente concorrido, não consigo recomendar o game, ao menos, não em seu estado atual.
Towa and the Guardians of the Sacred Tree apresenta boas ideias, contudo, falha na execução de boa parte delas, entregando um roguelite bonito mas com um combate desinteressante.
Pontos Positivos
- Belos cenários
- Design dos personagens e inimigos é ótimo
Pontos Negativos
- Combate extremamente simples
- Sem legendas em PT-BR
- Falta de impacto nos golpes
- Narrativa
- Jogabilidade
- Visuais
- Desempenho
- Som