
Me considero uma pessoa extremamente eclética no que se diz respeito a jogos, tendo jogado no decorrer de outubro lançamentos bem distintos como Pokémon Z-A, Dispatch e Ninja Gaiden 4.
Mas, como jogador, sempre tem um ou dois gêneros que te prendem e fascinam como nenhum outro, e no meu caso um deles é o de “Grand Strategy”, mais popularmente conhecido como 4x (eXplorar, eXpandir, eXploitar e eXterminar), representado popularmente por títulos tais quais Civilization, Stellaris, Hearts of Iron, Crusader Kings e, o foco da review de hoje, Europa Universalis.
Se você não conhecer esses jogos e pesquisar no Google ou YouTube um por um, provavelmente vai achar todos bem similares entre si, mas atrás dessa primeira impressão irá notar que ter 1000 horas de experiência em um jogo como Hearts of Iron 4, simulando o período da 2ª guerra mundial, não vai adiantar muito quando for para Stellaris e suas campanhas interestelares.
Mas sem mais delongas, vamos focar em muito provavelmente o jogo mais esperado dos últimos anos da Paradox Interactive, Europa Universalis 5.
Viagem pelo tempo
EU5 abrange o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna, indo de 1377 a 1837. Isso significa que em apenas uma campanha iremos ver a decadência do feudalismo, a invasão dos otomanos na Europa, as colonizações das Américas, proliferação das armas de fogo e origem dos trens a vapor, entre outras centenas de acontecimentos históricos.

A primeira escolha que fazemos ao iniciar um novo jogo é escolher qual nação iremos controlar, recomendo fortemente ir nas escolhas recomendadas pelo próprio jogo como Holanda ou Castella, que nessa época já estão bastante consolidados geograficamente e economicamente, além também de seguir o tutorial geral passo a passo e ler as dicas especificas de seu país. Algo que sempre me agradou na franquia é como todo o planeta é representado, em jogos como Crusader Kings 3 por exemplo, a América inteira é excluída do jogo e boa parte da Ásia só chegou esse mês na ultima DLC. Mesmo sabendo que isso se da por questões históricas, colonizar ou ate mesmo controlar o Brasil sempre vai ser um ponto extremamente positivo para mim.
Após isso continuamos com o tradicional, gerir a economia, satisfazer a população e interagir com as nações ao redor, seja para declarações pacíficas ou antagônicas. O diferencial de Europa Universalis nisso é como todo ponto de seu gameplay é aprofundado: Para gerir a economia, você precisa fazer parte de um mercado e nivelar a demanda e oferta e realizando transações internacionais; para satisfazer a população, é necessário o equilíbrio de poderes entre clero, burguesia, nobreza entre outras castas, tomando cuidado com a emigração recorrente e doenças aniquiladoras como a Peste Negra; e nas interações diplomáticas irá precisar realizar casamentos arranjados, empréstimos de ouro ou até mesmo espionagem, tudo para evitar os custos absurdos e possível game over resultado de uma guerra armada.

Toda essa combinação resulta em uma das experiencias mais completas e variadas do gênero, escolher Veneza e se tornar o maior centro de comercio do mediterrâneo, contratando bandos de mercenários para defesa e se pondo como neutro diante as dezenas de embates na Europa e totalmente diferente de jogar com o Japão, podendo unificar a nação rapidamente e invadindo a costa asiática em uma onda de expansão pelo continente focado em poderio militar, mas ambos são igualmente divertidos e recompensadores.
Entretanto algo que até tem no jogo, mas de forma muito incompleta, são as missões, conhecidas também como Focos Nacionais em Hearths of iron 4, que são basicamente as campanhas de cada país, guiando com objetivos e recompensando quando são completas. Apesar de o maior chamariz do gênero é ter total liberdade de fazer o que quiser quando quiser, ter uma trilha para seguir faz muita falta atualmente.
Beleza Histórica
A apresentação do jogo está sensacional, é facilmente o mapa mais belo que a Paradox já fez. Vales, cordilheiras, lagos, planícies etc. Nunca foram melhor representados, e a escala em geral do jogo também impressiona, dar um zoom out para o continente após ficar um tempo cuidando de algumas cidades nunca deixa de ser deslumbrante. Entretanto, a UI do jogo tem muitos pontos que necessitam melhorar, a forma atual passa muito a sensação de artificial ou “plástico”, apesar de ser bem fácil de fazer a leitura dos ícones e dados importantes.

Trilha e efeitos sonoros são algo muito importante nesse gênero, afinal, jogar centenas de horas olhando um mapa é bem mais agradável com uma boa música, e nisso raramente a Paradox decepciona (tenho a trilha de Stellaris salva no celular há uns bons anos). Seja com a épica orquestra que toca em tempos de guerra ou com o som das gaivotas quando você clica no porto de sua cidade, a parte acústica do jogo sem dúvidas não desaponta, já ate salvei algumas musicas lançadas no canal oficial do jogo no meu celular.

A parte técnica me agradou, apesar de jogos do gênero serem conhecidos por sobrecarregarem sua CPU, senti que o jogo está bem mais estável que CK3 ou Victoria 3 em seus lançamentos. Algumas leves travadas e dois crashes em dezenas de horas foram os acontecimentos mais graves até agora, porém o que mais me incomodou é como a localização em português não se encontra presente em alguns eventos e menus, mas que muito provavelmente estará 100% no lançamento oficial.
Europa Universalis 5: Vale a pena?
Eu considero muito difícil fazer análises de jogos como EU5, são jogos que para você destrinchar por completo seria necessário um livro, e para sequer começar a ter domínio são necessárias dezenas e dezenas de horas, número que facilmente dobraria para um iniciante.
Contudo, EU5 conseguiu almejar o hype gigante que sobrepuseram a ele e já é um dos melhores da categoria, e com as futuras DLCs já garantidas e Mods dessa comunidade fantástica, creio que temos em mãos um futuro pináculo do gênero, e mais algumas centenas de horas adicionadas no meu perfil da Steam.
Europa Universalis 5 tem visuais excelente, trilha cativante e acima de tudo profundidade perfeitas no gameplay, já entregando um dos melhores jogos do gênero no lançamento e com potencial para ser o maior no futuro.
Pontos positivos
- Visual espetacular
- Profundidade no gameplay perfeita
- Mapa-múndi completo
Pontos negativos
- Bugs de tradução
- Falta de um sistema de missões melhor
- Narrativa
- Jogabilidade
- Gráficos
- Trilha/efeitos sonoros
- Desempenho/bugs
