E aqui estou eu mais um ano falando sobre Call of Duty. Pra mim, antes do lançamento a franquia encontrava-se em seu ponto mais baixo nos anos recentes. A comunidade perdeu a fé nos desenvolvedores após várias decisões questionáveis.
Em Black Ops 7, a ideia da Activision é retomar essa confiança, mostrando que de fato escuta o feedback dos jogadores. Com uma quantidade obscena de conteúdo, vários modos de jogo e mudanças profundas solicitadas pelos fãs, será que o game vale seu tempo e dinheiro?
É isso que você vai descobrir nesse review de Black Ops 7. Para tornar a leitura mais didática e organizada, irei separar o review em 5 grandes blocos: A campanha, o multiplayer, o modo zumbis, a parte técnica e as considerações finais sobre minha experiência com o game.
A campanha
Para tornar ainda mais complexo o que já era confuso, a campanha de Black Ops 7 foi “vendida” como uma sequência dos eventos de Black Ops 2. Por conta disso, temos vários personagens idolatrados pelos jogadores de volta: Menendez, Alex Mason, Woods… O problema é como isso foi feito.
Para justificar a reaparição desses personagens, os estúdios fazem uso do Berço, uma arma biológica que é introduzida em outro título e causa alucinações na equipe. Com 11 missões ao todo, o personagem é constantemente transportado entre a vida real e o estado alucinógeno, gerando distorções mirabolantes nos cenários, inimigos e mais.

Os estúdios envolvidos com a campanha fizeram transformações profundas na estrutura, tornando-a completamente cooperativa para até quatro jogadores. Um ponto positivo nessa mudança é que a campanha foi integrada totalmente para a progressão, logo, ganhamos XP com todas as armas usadas e também nível para a conta.
Para se adequar a nova estrutura, o TTK e gunplay foram alterados para ficarem similares ao conhecido modo DMZ que é adorado por uma parte significativa da comunidade. Ao longo da campanha podemos obter aprimoramentos para o personagem, aumentando dano, velocidade de corrida, saúde e mais. Além disso, também podemos aprimorar a raridade da arma.
No geral, senti que a “RPGzação” da franquia funcionou bem em termos de jogabilidade. Os confrontos ficaram mais táticos, montar um loadout adequado para cada tipo de situação também se tornou mais importante e, surpreendentemente, as lutas contra os chefes ficaram bem divertidas.

O maior problema com a campanha de Black Ops 7 reside no roteiro. Os diálogos são terríveis, as cenas são cortadas abruptamente na maioria dos casos e a antagonista, a CEO da Guilda, é extremamente esquecível. O estúdio nem se esforçou para ao menos tentar criar uma motivação mais inteligente para Kagan. Em todas as campanhas de Call of Duty, essa certamente é a que tem o roteiro mais fraco e isso acaba tirando e muito o brilho das novas ideias implementadas na jogabilidade e design de níveis.
Temos trechos que lembram survival horror, trechos de plataforma, trechos de “cerco” que tornaram a franquia emblemática e por aí vai. Uma pena que a história é completamente desinteressante e usa o recurso de arma biológica como muleta pra jogar personagens icônicos da subfranquia Black Ops na tela. O ponto positivo é que em cerca de 4 a 5 horas, a campanha termina, dando início a uma outra ideia inusitada das equipes.

Fim da jornada?
Se a campanha tradicional já tinha um ar de RPG, quando ela termina, Black Ops 7 praticamente “abraça” essa natureza. Desbloqueamos um modo chamado de Fim da Jornada, que basicamente consiste em uma mistura do modo Zumbis com Spec Ops e DMZ, mas com elementos pesados de RPG.
Ao eliminar inimigos e concluir missões, aumentamos o nosso nível de poder e, ao preencher a barra, subimos de nível e escolhemos uma habilidade. Cada partida dura em média 50 minutos e o mapa é dividido em setores, indo do 1 ao 4. O setor 4 obviamente é o mais difícil e o que concede as melhores recompensas.

Fiquei surpreso com o quanto o modo é divertido, ainda mais quando jogado com amigos. Certamente não é algo que vai agradar os fãs mais puristas de Call of Duty, contudo, consigo ver o modo tendo uma boa adesão para os adeptos do DMZ.
O multiplayer
A estrela da casa. Black Ops 7 entrega uma experiência tradicional do multiplayer de Call of Duty. Temos confrontos ágeis, com uma temática semifuturista (sem as loucuras de jetpack) e, o melhor, tudo isso acontece em boa parte dos mapas que tornaram a subfranquia Black Ops se tornar icônica. Hijacked, Raid e Express retornam em grande estilo.
Não é só de nostalgia que o multiplayer sobrevive e, felizmente, os mapas inéditos estão tão bons quanto os clássicos, trazendo um spawn justo e pouquíssimos ou nenhum local pra abusar de pontos como head glitches e afins.
A comunidade solicitou várias mudanças no multiplayer, como um nerf no aim assist, lobbies que não se desmanchassem após a partida e, a principal exigência, matchmaking sem SBMM. Como eu mencionei no começo do texto, a franquia estava em um de seus piores momentos e, em virtude disso, a Activision atendeu à praticamente quase todos os pedidos.
Ao menos nessa janela de lançamento, Black Ops 7 entrega uma das melhores experiências de multiplayer no lançamento de um jogo da franquia. A quantidade de conteúdo é absurda, as armas, em sua maioria, estão bem equilibradas e o grind das camuflagens nunca foi tão grande como agora, visto que todos os sistemas de progressão foram refeitos.

A tradicional mecânica de prestígio de armas retornou, adicionando novas camadas de progressão, visando, claro, manter os jogadores ativos por mais tempo. Uma das principais reclamações referentes à Black Ops 6 foi a de que era rápido demais maximizar todas as armas e pegar todas as camuflagens. Logo, Black Ops 7 foi propositalmente concebido para mudar isso.
Um ponto digno de nota é que ao meu ver, esse pode ser um dos CoD menos amigáveis para jogadores casuais. Com o matchmaking sem SBMM, não foi incomum entrar em salas com veteranos na franquia que massacravam o lobby inteiro com facilidade. Existe a opção de procurar partidas em um lobby que considera o SBMM, contudo, durante os meus testes, sempre demorou pelo menos 90 a 100 segundos para encontrar uma sala.
O modo Zumbis
O modo Zumbis de Black Ops 7 está bem recheado, apresentando três formas de jogar. O mapa tradicional com eastereggs chamado de Cinzas dos Condenados, o Dead Ops Arcade que retorna com a família Gorila mais odiada dos shooters e o modo Sobrevivência.
Uma coisa que não deve agradar os puristas é que o mapa tem um design de “mundo aberto”, fugindo do que os fãs do modo costumam gostar. O easter egg, como era de se esperar, demanda paciência e um nível de observação aguçado pra identificar o que deve ser feito a seguir.
Um ponto excelente – e inusitado – é a inclusão do Carro-Lina, uma picape que usamos para nos locomover pelo mapa. Ela pode ser aprimorada de jeitos mirabolantes e a máquina de pack-a-punch pode ser acoplada no carro. Eu prefiro os mapas mais fechados, contudo, a Treyarch conseguiu entregar uma boa experiência de zombies com um easter egg interessante. Um ponto positivo é que a estética do mapa está excelente, com tons sombrios e grotescos que ajudam a ter uma imersão maior no modo.

Além de Cinzas dos Condenados, temos o retorno do conhecido Dead Ops Arcade. Com uma nova ameaça, o modo pode ser jogado tanto com a visão de cima ou em primeira pessoa e a dificuldade continua acentuada, mesmo no nível Casual. Se você pretende platinar o jogo, prepare-se para passar raiva em Dead Ops Arcade.

Por fim, mas não menos importante, o Zumbis de Black Ops 7 também conta com o modo sobrevivência. A experiência é divertidíssima é uma excelente opção para progredir no modo e farmar camuflagens sem se preocupar com easter eggs.
Considerando que ainda estamos na janela de lançamento, a quantidade de conteúdo no modo deve agradar a comunidade. Resta saber se os próximos mapas irão manter o mesmo nível de qualidade do que o Cinzas dos Condenados.
A parte técnica
Tecnicamente falando, Black Ops 7 faz o tradicional arroz e feijão da franquia. As cutscenes possuem visuais absurdos, contudo, o jogo não acompanha mais esse nível de qualidade. O motor gráfico já deu sinais de envelhecimento e é necessário uma atualização urgente – além de, claro, abrir mão das versões da geração passada.
As animações das explosões deixam a desejar e já passou da hora do cenário passar a ser destrutível, afinal, não faz sentido lançar um foguete numa parede e ela não quebrar.. Felizmente, a trilha sonora está ótima, assim como os efeitos sonoros e a dublagem brasileira.
Eu não tive nenhum bug ou queda de frame, contudo, os servidores se mostraram problemáticos uma vez e outra. Fui desconectado sem motivos do jogo e sofri com lags até na campanha, afinal, agora todos os componentes são online.
Review de Black Ops 7 – Vale a Pena?
A resposta para essa pergunta é – depende. Se você busca um jogo de tiro com uma boa campanha, Black Ops 7 definitivamente não é pra você. Já faz bastante tempo que a franquia deixou de priorizar o pilar da campanha para focar nos modos online, logo, é bom se habituar com isso.
Contudo, se você procura um jogo de tiro online com um loop de gameplay viciante, com conteúdo suficiente para durar centenas de horas, Black Ops 7 é uma excelente pedida. Os estúdios ouviram o feedback da comunidade e entregaram um multiplayer divertido, além de um modo zumbis repleto de conteúdo.
Inconsistente, Black Ops 7 entrega uma campanha que deixa a desejar, mas se redime no multiplayer e no modo zumbis, apresentando uma quantidade de conteúdo absurda e a jogabilidade altamente viciante que transformou Call of Duty no rei dos shooters.
- Campanha
- Multiplayer
- Zumbis
- Visuais
- Desempenho
- Som
