Jogos cooperativos costumam ser uma faca de dois gumes para as empresas. Em poucas horas, alguns títulos podem se tornar verdadeiros sucessos, enquanto outros precisam de vários dias, meses ou semanas para apenas convencer o público de seus conceitos.
De fato, em um mercado tão competitivo, é difícil deslanchar, principalmente quando há propostas repetitivas e falta de originalidade criativa. Mas ao mesmo tempo que vários games caem nesse limbo, outros consegue fugir um pouco da curva, como é o caso de Kill It With Fire 2.
Disponível desde abril de 2024 para PC, o game da Casey Donnellan Games LLC chega aos consoles como um verdadeiro teste de aracnofobia. Exterminar aranhas agora está bem interessante, apesar de algumas questões que podem afastar quem deseja se “especializar” na profissão.
Os exterminadores de aranhas
O multiverso inteiro foi dominado pelos animais mais perigosos e assustadores de todos os tempos: aranhas. E para combatê-las, um time selecionado de pessoas é enviado para diversas realidades alternativas que entraram em risco iminente de deixarem de existir.
Conhecidos como Exterminadores, eles são pagos para garantir o fim de cada grupo de aranhas. E não importam os meios: na guerra que deve decidir o destino da humanidade, tudo deve ser utilizado como arma. O que importa aqui é nada mais, nada menos que a própria sobrevivência.

Mas não se esqueça de que o fogo é seu grande aliado. E nada resiste às chamas de um equipamento bem preparado.
Kill It With Fire 2 é um game de ação cooperativa que também pode ser jogado solo. Sua missão é exterminar aranhas em diversos mapas únicos, explorando mundos diversos e aprimorando seu Exterminador por meio de armas adicionais e aprimoramentos.

Logo de início, o título chama a atenção pela progressão. A campanha se assemelha bastante a um mega tutorial, com muitos bloqueios, atualizações oferecidas a cada run e recompensas que podem ser tanto em cosméticos quanto em itens essenciais para evoluir seu personagem.
Cada mapa, por sinal, varia bastante em seu tempo de conclusão. Isso porque Kill It With Fire 2 não consiste apenas em eliminar uma quantidade específica de aracnídeos, mas também de obrigatoriamente encontrar um chip de portal e, alternativamente, completar vários objetivos secundários.

De fato, o game é um grande playground cooperativo. A variedade é grande e permite que os jogadores avancem da forma como quiserem, mas nem tudo é satisfatório devido à repetição e ao loop de jogabilidade.
Os ossos do ofício
A ideia de transformar Kill It With Fire 2 numa espécie de simulador o deixa bastante cansativo depois de poucas horas. O título passa a forte impressão de ser um PowerWash da vida, mas com alguns elementos que o diferenciam e o tornam mais dinâmicos.
Enquanto explora cenários e remove objetos para encontrar aranhas (identificadas por meio do ponto vermelho no rastreador), você precisa coletar Composto X. Esses itens permitem não apenas destravar áreas adicionais na sua nave espacial, como também avançar por áreas dentro dos próprios mapas.

Obviamente, Kill It With Fire 2 não é um gacha, mas há a impressão de que existem muitos requisitos para progredir. Com o tempo, você faz apenas as coisas no automático, se divertindo unicamente em cooperação (solo é muito entediante) e se tiver a oportunidade de experimentar coisas.
O game oferece uma jogabilidade bastante experimental, aliás. As armas e equipamentos para destruir aranhas são variadas e divertidas, como um aspirador de pó, um tanque de guerra portátil, armas laser, molotov e, logicamente, o poderoso lança-chamas.

As munições em Kill It With Fire 2 não são infinitas, e para isso você precisa quebrar tudo à sua frente. Aqui, temos outra vantagem: a jogabilidade baseada em física é muito legal e deixa tudo “inspecionável”. Essa é a melhor forma de encontrar uma aranha escondida.
As aranhas também são interessantes. Elas possuem atributos únicos, como atirar teia para te atrasar, enquanto outras roubam itens essenciais nos mapas e até mesmo atiram em você estando disfarçadas de soldados. É um forte conceito de alívio cômico.
Persegui-las também é divertido. Porém, o jogo é bem bugado nesse aspecto, e mesmo que um ponto vermelho esteja na sua frente, atirar na aranha ou executar qualquer ação tem chances de não movê-la por um centímetro sequer. Isso claramente é resultado de bugs.
Gameplay travado e com mau design
Outro ponto negativo de Kill It With Fire 2 diz respeito ao gameplay. Em certo momento da campanha, você porta ao menos uma dezena de itens e armas. Porém, alternar entre eles é um verdadeiro sacrifício.
Como não há roda de armas, é preciso apertar o botão direcional para selecionar equipamentos da esquerda para a direita; e vice-versa. Isso atrasa muito a ação e torna essa seleção muito contra-intuitiva, especialmente nas horas iniciais da campanha.

A movimentação do personagem também é limitada e atrapalha muito em sessões de parkour. O pulo não é tão preciso e a resistência do Exterminador a obstáculos é baixíssima, permitindo que eles tenham prioridade em comparação com o comando dado pelo jogador.
Além disso, a troca de perspectivas em Kill It With Fire 2, por exemplo, não é suave. Basicamente há uma queda de frame quando você agacha. Isso remove a fluidez das mecânicas, principalmente quando diz respeito a funcionalidades em um jogo baseado em física.

Durante nossa experiência, a conectividade também mostrou problemas. Em certos momentos, o jogo sofreu instabilidades e desconexou repentinamente as sessões. Vale lembrar que o game também possui um modo multiplayer assimétrico, mas sua sustentabilidade no longo prazo pode ser duvidosa.
Kill It With Fire 2 pode cair no limbo rapidamente
Kill It With Fire 2 pode cair no esquecimento rapidamente, principalmente em um cenário onde os jogos cooperativos estão cada vez mais consolidados. O título diverte até certo ponto, mas não demora para se mostrar repetitivo e com uma progressão bem exigente.
A sensação de alívio cômico e de apelo ao absurdo deixa a experiência convidativa para todos. Recursos de acessibilidade, por exemplo, reduzem os efeitos de aracnofobia e tornam as aranhas bem mais fofas em termos visuais. Porém, isso não se sustenta sozinho.
No geral, não foram horas ruins com Kill It With Fire 2, mas apenas pouco produtivas. Esperar demais do game deve causar grandes frustrações, algo que poderia ser relativamente contornado caso seguisse os passos do antecessor e tivesse compatibilidade com VR. Mas não é o caso.
Cheio de possibilidades e com bom senso de satisfação, Kill It With Fire 2 te deixa bastante ocupado, mas não leva muitas horas para se relativamente repetitivo.
- História
- Jogabilidade
- Desempenho
- Visuais
- Som
- Diversão