Mais de um ano após seu lançamento na Steam, Pools, o walking simulator inspirado em Backrooms, ganha uma nova casa. Ou novas casas. O título da Tensori já pode ser jogado no PS5 e no PS VR2, e tivemos a oportunidade de aproveitar essa estranha jornada do início ao fim.
Ao longo dos últimos anos, Backrooms se tornou mais conhecido por retratar a essência de uma boa creepypasta. Diversos títulos seguiram essa onda e colocaram monstros de todos os tipos nas famosas salas liminares amareladas, apostando nos mais diversos conceitos estéticos.
Mas o que vimos em Pools é algo diferente e especial. O game abre mão do terror tradicional para explorar o medo interior dos jogadores, investindo em belíssimas áreas fotorrealistas marcadas pelo silêncio e pelo contraste gritante entre estruturas.
Um parque aquático… ou um sonho
Pools é um jogo de exploração baseado em walking simulator. Ao longo da campanha, os jogadores devem correr, andar ou nadar por até 3h, atravessando um total de seis fases narrativas e uma prequela.
Os mapas são interligados e evoluem de forma gradativa, com os primeiros se assemelhando mais a um parque aquático fechado e os últimos alterando completamente a estrutura ao inserir maior quantidade de abismos, de beiradas e de anomalias.

E falando em anomalias, Pools não é um jogo de terror em si, mas é. Sim, o horror de Schroedinger. Não há monstros, sustos ou qualquer tipo de ameaça direta; apenas sons estranhos, eventos esquisitíssimos e uma exploração profunda de medos muito íntimos.
E isso torna o game bastante especial: a forma como ele progride no sentido de angústia, fobia, tensão e outras sensações incômodas é surpreendente. E além disso, ele é bastante contemplativo, exigindo que você sempre encare as coisas de frente… ou busque outros caminhos.
Labirinto surreal
Pools parece muito com um sonho. Tudo criado dentro do jogo se aproxima consideravelmente do surrealismo, intercalando piscinas de todos os formatos e tamanhos, tobogãs, escorregadores, boias e outras estruturas que costumam passar a impressão de segurança e familiaridade.
Ao mesmo tempo, o título surpreende pelo contraste. Há muitos abismos e quedas, perspectivas atordoantes, beiradas, escadarias e elementos que, quando surgem, não fazem o menor sentido dentro daquele contexto. Isso forma a receita para uma espécie de sonho lúcido e quase impulsionado por alucinógenos.

Apesar da ideia de walking simulator, Pools está longe de ser um jogo simples. Sua facilidade consiste em não haver desafios maiores, mas a grande quantidade de labirintos, as sugestões de rotas e as confusões visuais são constantes. Você não precisa de muito tempo para se sentir perdido. Mas “entenda como isso é bom”.
Pools é uma grande experiência de jogo e oferece sensações reais por meio desses conflitos. A decisão estética do game vem com um grande estímulo ao avanço, e aí temos mais um contraste: persistência versus desistência. Por mais que tudo incomode, uma força maior te empurra para a frente.

O título também tem interações especiais que favorecem o relaxamento. Você consegue se colocar no meio de uma boia, sentar em uma sauna e sentir o calor e sentar em cadeiras de plástico para observar tranquilamente o ambiente. Faça isso sempre que achar necessário.
Megalofobia, talassofobia e outras fobias
Pools parece ter sido projetado para explorar fobias irracionais dos jogadores. Os cenários liminares do game, que naturalmente exploram sentimentos de estranheza e desconforto, não estão necessariamente vazios, mas são marcados pelo desolamento e pela distância de um contexto normal.
Quanto mais os jogadores avançam pelo parque, mais eles são surpreendidos por mega estruturas, algo que já explora a primeira fobia: megalofobia. Os cenários são marcados por rostos gigantes, estátuas, enormes construções à la torre de babel, toboáguas e piscinas espaçadas, dando uma sensação semelhante a um transtorno de ansiedade.

A talassofobia também está lá e deve pegar pessoas que já sofrem normalmente com isso. Mesmo as piscinas rasas afligem, enquanto o simples ato de se agachar e mergulhar a cabeça torna as coisas muito mais intensas. É incrível.
E assim como já ocorre nos Backrooms, Pools também assombra pelos grandes espaços vazios. São corredores longos e estreitos, escuridão infinita e mais, o que caracteriza a agorafobia; e até mesmo a claustrofobia, pelo jogo ocorrer em locais fechados.
Excelente desempenho e destaque em RV
Pools chega ao PlayStation muito bem otimizado. A versão flat conta com gráficos absurdos, muitos recursos de acessibilidade (incluindo velocidade de movimentação) e opção de deixar o jogo priorizar 4K ou os 60 FPS.
No momento, apenas o modo Equilíbrio não vai bem. A Tensori disse ter ciência dos problemas visuais nesse sentido e prometeram melhorar para deixar a experiência mais estável para quem deseja jogar com gráficos e performance aprimorados. Porém, isso ainda não tem data para ocorrer.

A versão definitiva de Pools está no PlayStation VR2. O título conta com suporte completo ao hardware, desde a configuração de movimento foveated (com rastreamento da cabeça) até compatibilidade com os recursos dos controles Sense.
Além disso, os ajustes permitem ajustar a altura, fluidez e graus da rotatividade e tom de pele das mãos. Vale lembrar que o game é compatível com 90Hz e possui física, com as mãos fazendo diversos gestos, agarrando em escadas e grades de proteção, segurando boias e brincando com a água.

A versão de PS VR2 é muito imersiva e ganha mais impacto quando se joga com o headset. Como review também é recomendação, sugerimos jogar nessa modalidade.
Pools é uma experiência única e profunda de terror
Jogo de terror? Walking simulator? Aventura? Você decide o que é Pools. Porém, não há como negar que ele mexe muito com as sensações dos jogadores, e basicamente com as que envolvem medo.
O jogo tem gráficos belíssimos, sistema de som absurdo de bom e ótimo senso de exploração. E enquanto a história pode ser bastante confusa e sem pé nem cabeça, para quem curte elaborar teorias há como criar teorias interessantes, pois as críticas distópicas presentes no game são bem sugestivas.
Infelizmente, o modo Equilíbrio está ruim no PS5. Porém, os de Desempenho e Qualidade vão muito bem mesmo. Já a versão de PS VR2 nem se fala: é um espetáculo em todos os sentidos e mexe profundamente com o jogador, contrastando entre a segurança e a angústia.
Fique de olho: na PS Store, o game está custando o dobro em comparação com Steam. Ciente disso, a Tensori se pronunciou nas redes sociais e confirmou que reembolsará jogadores, pois o preço planejado é o mesmo da plataforma da Valve. Então, são cenas dos próximos capítulos.
Impactante, silencioso e angustiante, Pools chega aos consoles com uma proposta diferenciada e longe, mas muito longe mesmo, de ser entediante.
- História
- Jogabilidade
- Desempenho
- Som
- Visuais
- Diversão