Jogos de detetives perderam a popularidade nos últimos anos, mas isso não quer dizer que eles não tenham seus nichos. E caso eles furem a bolha seja pela história, pelas mecânicas ou pela criatividade do conceito, há chances de quase tangenciarem o mainstream.
Mas infelizmente não foi dessa vez. Recentemente, a Indigo Studios, em parceria com a Jandusoft, lançou The Last Case of John Morley. O título segue bem as ideias por trás de Sherlock Holmes e de Hercule Poirot, mas com a particularidade de apostar mais no suspense e, até mesmo, no terror.
Não há como negar que o game é competente em boa parte das coisas com a qual se compromete. Porém, no geral, a experiência é bem medíocre; não no sentido ruim da palavra, mas sim no literal. Tudo bem… é um pouco melhor do que o medíocre.
Do hospital à cena do crime
Depois de se internar em um hospital devido a graves ferimentos, John Morley volta à atividade. Sentado em seu escritório, ele recebe a visita de uma mulher que o pede para investigar um caso ocorrido há duas décadas.
Intrigado por isso, ele parte em direção a uma antiga e abandonada mansão com um propósito: identificar o autor de um grave crime e inocentar as pessoas que foram enviadas à prisão. Mas algo diz que essa caça ao assassino não será fácil.

As pistas não demoram a fazer sentido e fazer conexão a alguém muito perigoso. E rapidamente, John Morley se toca de que esse pode ser o último caso de sua vida.
The Last Case of John Morley é um jogo narrativo de investigação com estética noir. No game, os jogadores devem explorar três áreas centrais enquanto buscam resolver um caso de assassinato, mas sem grande profundidade no sentido de desenvolvimento.

Isso quer dizer que, por mais que haja puzzles e diversos itens interativos, tudo é bastante telegrafado. Há um grande sacrifício para que a história seja bem contada e se torne redonda, então a jogabilidade fica muito em segundo plano.
Outra questão relevante é a duração da campanha. The Last Case of John Morley se assemelha a um filme em diversos contextos, levando cerca de 2h para ser finalizado e apostando forte na cinematografia, apesar da maioria das animações in-game serem estáticas.
Vibe noir em jornada bem acessível
The Last Case of John Morley possui um fator acessibilidade bem alto. Sem nível de dificuldade, o jogo é muito simples e não há como se perder, pois apesar de haver diversos caminhos no mapa, existe uma lógica por trás de tudo isso.
Basicamente: avance, encontre uma porta fechada, vá pelo outro caminho que está aberto, resolva algum puzzle bem simples e destrave a rota anteriormente bloqueada. O primeiro mapa é telegrafado, enquanto o segundo há um aumento na complexidade devido aos quebra-cabeças.

No terceiro, você já precisa pensar mais um pouco, mas nada que poucos minutos não resolvam. Nesse sentido, The Last Case of John Morley acaba se tornando bem raso; algo compensado pela interface minimalista e por não haver qualquer tipo de direcionamento na tela.
Assim como uma investigação, você deve descobrir por si só. Mas vá por nós: os itens interativos são bem destacados, enquanto é impossível se perder nos mapas mesmo eles tendo um volume interessante de informações.

O game também se enriquece pela sua atmosfera. Narrado em primeira pessoa, The Last Case of John Morley remete muito às histórias de investigação e suspense noir, que refletem tanto no conceito do mundo quanto em sua construção técnica.
A ideia monocromática é quase um The 7th Guest, enquanto o tratamento dos NPCs, a estética de época e outros detalhes à la Agatha Christie não passam despercebidos nesse sentido. No geral, é um universo agradável e, ao mesmo tempo, fácil de se identificar.
Construção de suspense, mas sem senso de urgência
The Last Case of John Morley é um jogo de investigação e aventura, mas há diversos elementos de suspense, seja por conta da história de assassinato quanto pela construção narrativa do drama. Dessa forma, você pode esperar alguns aspectos de terror, incluindo jumpscares pontuais.
Apesar disso, o jogo não conta com senso de urgência. Você pode fazer tudo em seu próprio tempo, sequer precisando pausar ou interromper sob riscos de acontecer alguma coisa. Ou seja, não existe morte ou falha.

Ninguém te persegue e não há risco iminente pelos mapas. Se perder apenas atrasará seu tempo de campanha, mas nada que tenha impacto direto no ritmo ou em qualquer outra questão de gameplay. Dessa forma, todas as ameaças em The Last Case of John Morley são atmosféricas.
Além disso, as respostas dos puzzles sempre estão em um mesmo cômodo, permitindo que o protagonista fique de olho apenas em poucas coisas ao seu redor. Não necessariamente é uma escolha ruim de design de missões; a curta campanha surpreendentemente favorece essa decisão.

Tecnicamente há uma boa contribuição também nesse sentido. O jogo tem um desempenho satisfatório, apesar de haver popping-in em diversos pontos do cenário. Porém, quando se fala de performance e de estabilidade gráfica, as coisas satisfazem em certo grau.
The Last Case of John Morley é bom, mas não obrigatório
Apesar de ser suficiente em diversos aspectos, The Last Case of John Morley apenas faz sombra quando se compara com as principais franquias e games investigativos.
Esse veredito se dá, especialmente, pela falta de profundidade nas mecânicas e pela ausência quase total de desafios. Caso você seja um jogador que se preocupe apenas com a história (sem querer explorar demais), as coisas podem ficar um pouco entediantes.
Mas no geral, The Last Case of John Morley se sobressai pela história instigante e bem desenvolvida, pela boa construção atmosférica e por cenários detalhados, principalmente os fechados. É um bom conceito de videogame, mas falta mais no sentido de jogabilidade.
Com uma boa narrativa, The Last Case of John Morley é uma aventura que peca pela campanha curtíssima e pela falta de profundidade no gameplay.
- História
- Jogabilidade
- Desempenho
- Visuais
- Som
- Diversão