A franquia The Batman é uma das melhores mídias do Homem-Morcego, trazendo uma Gotham e personagens de altíssima qualidade. A visão de Matt Reeves para este mundo nos trouxe icônicas encarnações de vilões como o Charada e o Pinguim, além do próprio Batman brilhantemente interpretado por Robert Pattinson. Mas um personagem extremamente importante para a mitologia do herói também marcou presença no final do longa e em uma cena deletada: o Coringa, interpretado por Barry Kheogan. A nova versão do personagem pode ser tão marcante quanto as que vieram antes e beber da fonte do Coringa dos Novos 52, de Scott Snyder e Greg Capullo. Mas, afinal, o que há de diferente neste Coringa e como ele pode inspirar Barry Kheogan em um futuro filme de The Batman?
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Um Coringa mais assustador e violento
Até agora, no cinema, tivemos quatro Coringas, interpretados por Jack Nicholson, Heath Ledger, Jared Leto e Joaquin Phoenix. Nicholson adotava trejeitos mais semelhantes aos de um real palhaço. Ledger encarnava algo mais próximo de um terrorista. Leto se assemelhava a um chefão do crime exibido e vaidoso. Phoenix deu vida a um Coringa cuja loucura foi potencializada com eventos externos ligados a uma sociedade decadente.
O Coringa dos Novos 52 é uma versão mais distorcida do vilão, com uma personalidade conturbada e ainda mais perigosa. Este Coringa decidiu passar por um processo de renascimento e, para isso, solicitou o auxílio do Mestre dos Bonecos. Este vilão é recente nas histórias do Batman e responsável por momentos verdadeiramente sombrios na história do Homem-Morcego, como por exemplo capturar e torturar o Comissário Gordon. Em relação ao Coringa, porém, ele vai além e remove cirurgicamente a face do vilão. O Coringa desaparece e seu rosto é congelado, ficando com o departamento de polícia de Gotham.
A Morte da Família
Um ano depois o Palhaço do Crime retorna no arco A Morte da Família (não confundir com Morte em Família), da revista mensal do Batman, matando dezenove policiais e recuperando seu rosto. Uma vez que não há possibilidade de realizar um implante ou algo do gênero, o Coringa passa a usar a antiga face como máscara. Ele envenena Gordon, captura Alfred e reencena seus primeiros crimes com uma pulsão cada vez mais violenta. Até mesmo a Arlequina, na época ainda envolvida com o vilão, admite que ele não é mais o mesmo. A tensão na HQ também surge devido ao fato do Coringa afirmar saber as identidades secretas dos membros da Batfamília.
Próximo do clímax da edição o Coringa sequestra Asa Noturna, Robin Vermelho, Robin e Batgirl. Ele chantageia o próprio Batman, obrigando-o a sentar em uma cadeira elétrica enquanto o próprio Príncipe Palhaço simula um jantar cujos pratos são os rostos dos membros da Batfamília. Apesar de atordoado, Batman consegue se libertar e percebe que os rostos de seus companheiros não foram de fato removidos. Bruce vira o jogo contra o arqui-inimigo e diz saber do seu verdadeiro nome. O Coringa se desespera e, em um descuido, acaba caindo de um precipício na Batcaverna, desaparecendo. É comprovado, posteriormente, que o Batman realmente não sabe quem é o Coringa.
Fim de Jogo
Fim de Jogo é um arco que apresenta uma conclusão para o lendário duelo entre Batman e Coringa nos Novos 52. O Palhaço do Crime retorna após uma grande ausência, tendo recuperado seu rosto e adotado um novo visual. Aqui também seus métodos vão além, chegando a um novo nível psicótico e mais elaborado como se o vilão fosse um mal ancestral.
Para começar, o Coringa infecta toda a Liga da Justiça com uma toxina e faz os heróis lutarem contra o Batman. Bruce os derrota, mas é posteriormente subjugado pelo Coringa. O vilão, se dizendo cansado do relacionamento entre os dois, libera a toxina no ar e causa caos em Gotham. Ele também demonstra, neste arco, realmente saber a identidade secreta do Batman. Outra revelação bizarra é que são encontradas fotografias da história de Gotham em que o Coringa estava presente de alguma forma, quase como uma criatura que sempre existiu naquele lugar aos moldes de um demônio ou de um ser como Vandal Savage.
Com 24 horas para curar os habitantes de Gotham, Batman pede ajuda à Corte das Corujas. A Corte se nega a ajudar, mas Batman consegue obter informações e descobre que o Coringa, após a última batalha de ambos, se curou usando um fluído existente abaixo da Batcaverna chamado de Dionesium. No final das contas, ele não havia vivido tanto quanto parecia, tendo forjado as fotos que sugeriam isso.
O Coringa promove mais caos, destruindo Gotham com uma legião de pessoas infectadas pela loucura de sua toxina. Além disso, ele corta uma das mãos de Alfred com um machado. Batman consegue enganá-lo e reverter os efeitos do patógeno utilizado pelo vilão. Os dois inimigos, no subsolo da Batcaverna, lutam até o fim. Batman impede que ele próprio e o vilão tomem mais do Dionesium e, por fim, ambos morrem.
A adaptação na TV
Em Gotham, seriado que busca falar de eventos antes do surgimento do Homem-Morcego, tivemos dois personagens similares ao Coringa. O primeiro, Jerome Valeska, era um criminoso com trejeitos semelhantes ao Príncipe Palhaço. Ele até mesmo perdeu seu rosto, reobtendo-o posteriormente. Em determinado momento Jerome morre, afirmando ser uma ideia. Seu legado passa para o irmão gêmeo Jeremiah, que vem a se tornar inimigo do Batman.
Uma curiosidade é que os dois irmãos são interpretados por Cameron Monaghan, nosso Cal Kestis da saga de videogames Star Wars Jedi.
O Coringa de Barry Kheogan
Algo que os filmes do Homem-Morcego lançados até agora poderiam ter aprofundado é a relação entre os dois arqui-inimigos. The Dark Knight e a versão do diretor de Liga da Justiça tocaram neste ponto, porém poderiam ter tornado esta dinâmica ainda melhor.
O Coringa de Barry Kheogan tem tudo ao seu favor para ser um personagem memorável: uma vez que ele está no Arkham e foi usado em uma cena deletada para ajudar o Batman a capturar o Charada, já há uma prévia história entre o morcego e o criminoso. A atmosfera da Gotham de Matt Reeves e o universo em si também permitem uma relação forte, violenta e impactante entre herói e vilão.
É claro que certos exageros não precisam acontecer, como a remoção do rosto do vilão ou a presença de elementos como o Dionesium. Mas a personalidade psicótica sendo levada a outro nível e promovendo uma desestabilização além do limite para o Batman é uma boa premissa e que pode, por exemplo, encerrar uma possível trilogia ambientada no universo de Matt Reeves.
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