O amor por muitas vezes é complicado, acontecendo repentinamente e possuindo várias implicações na vida. É isto que norteia Ao Seu Lado (no original: In From The Side), filme do diretor Matt Carter que estreou em 2022. Centrado em um romance com altos e baixos, o filme se propõe a reflexões enquanto lida com segredos e a consequência de erros. Mas será que o longa vale a pena? Vamos descobrir.
Ao Seu Lado acompanha um time britânico de rugby, o South London Stags. Para quem não conhece o rugby é um esporte com contato pesado, no qual o esforço coletivo é essencial para a vitória. O Stags, especificamente é um time inclusivo formado em sua maioria por homens gays. O problema da equipe é que ela não vem conseguindo bons resultados há algum tempo. Além disso, o Stags possui suas próprias divisões internas com a Equipe A e a Equipe B mantendo certa animosidade entre si. Nosso protagonista aqui é Mark Newton (Alex Lincoln), um dos mais talentosos atletas da equipe B.
Em uma festa Mark conhece Warren (Alexander King), um convencido e arrogante jogador do time A. Ambos acabam se envolvendo e fazendo sexo, mas na manhã seguinte Warren informa que precisa ir embora porque namora – e namora outro atleta A do Stags, John (Peter McPherson).
Confesso que a partir daí acabou se tornando mais difícil simpatizar com os personagens pelo fato de ambos estarem errados ao se envolverem. O relacionamento de Warren com John é fechado. Já Mark possui um relacionamento aberto com Richard (Alex Hammond), embora existam algumas regras. Por exemplo, há a de não repetir parceiros e sempre conversar a respeito deles, o que Mark acaba não fazendo com Warren. O filme nos deixa a par que tanto John quanto Richard são completamente ausentes de seus relacionamentos, mas isso não me pareceu uma justificativa eficaz para o relacionamento de Mark e Warren.
Outro ponto é a forma como ambos os personagens lidam com a questão. Mark se deixa levar pelo momento, enquanto Warren costuma fazer uma expressão tristonha que não condiz com suas atitudes.
Apesar disso, o filme abre espaço para um roteiro razoável e que desenvolve de maneira eficaz o relacionamento entre os personagens, tornando-os cada vez mais próximos. A química entre eles funciona. Minha ressalva é que o roteiro poderia ser mais consistente. O filme passa por uma virada após a primeira hora, mas a existência de momentos com peso maior na trama poderia ser melhor dosada. Há de se ressaltar que o diretor mostra ser competente em seus enquadramentos e paleta de cores, ajudando a construir a atmosfera do filme com isso.
O filme acerta, porém, ao desenvolver cenas nas quais os personagens principais possuem momentos de qualidade juntos, como em um parque de diversões ou em uma viagem de Natal na qual Warren conhece os pais de Mark. É nesta última sequência que visões de mundo são confrontadas e o peso da realidade surge sobre os ombros do protagonista.
O rugby não é um mero elemento acessório. Tudo gira em torno do time, com seus elementos intrínsecos e uma crise a ser resolvida. Há subtramas a serem observadas também, como a amizade entre Mark e seu colega Henry (William Hearle). Todo o elenco coadjuvante está muito bem, proporcionando um alicerce de sustentação ao filme como um todo.
Embora seja um longa com foco em um relacionamento LGBT, algo que pode ressoar negativamente é a falta de diversidade. Outra coisa que percebi foi a completa ausência de personagens femininos, a exceção da mãe de Mark que aparece depois da primeira metade do longa.
Com tudo isso exposto, é possível dizer que Ao Seu Lado é um bom filme. Buscando mostrar que a vida não é um simples conto de fadas, ele trabalha relacionamentos e evidencia dificuldades e desafios de afetos, além do desenvolvimento do amor. Trata-se de uma obra interessante e que figura como um bom drama.
Leia também: