Quando a minissérie de Pinguim foi anunciada, fiquei deveras feliz. Não somente por que ela expande o universo apresentado em The Batman mas por colocar os holofotes em Colin Farrell e sua interpretação de um dos vilões mais interessantes da mitologia Batman.
Por motivos óbvios, a minissérie serve como uma sequência direta dos eventos de The Batman, logo, é recomendável assistir o filme antes de se aventurar na obra. Contudo, a produção é coesa o suficiente mesmo sem ter conhecimento prévio acerca do filme.
Como o nome da série sugere, aqui temos um foco no Pinguim e em sua violenta trajetória para alcançar o topo da cadeia alimentar de Gotham. Comandada pela showrunner Lauren Lefranc, não pense que essa é mais uma história sobre máfia e homens disputando por poder.
Os eventos da minissérie buscam responder uma questão antiga: seres humanos nascem monstros ou se tornam?
Uma Gotham ainda mais caótica
Após a inundação que destruiu a cidade, um enorme vácuo de poder se instaurou em Gotham, onde vários criminosos buscam subir no conceito da Família, sindicato do crime que manda na cidade.
Colin está espetacular como Pinguim, e, arrisco dizer, que esse é um dos melhores papéis de toda a carreira do ator. Ele consegue destacar bem as várias facetas do vilão e trazer uma humanização que torna tudo ainda mais interessante.
As motivações, traumas e sonhos de Oswald Cobb são abordadas de um jeito único, permitindo que os fãs tenham um mergulho merecido no mythos que compõe o personagem. Oswald continua sendo um “garotinho da mamãe”, mas a minissérie também concede um “Robin” ao personagem.
Victor, interpretado por Rhenzy Feliz, acaba servindo como um ajudante de Oz, o que ajuda na estrutura da série e no processo de humanização do Pinguim. Com vários traumas por conta da inundação, o personagem é bem desenvolvido ao longo da série e sua relação com Oz é um dos pontos altos da obra.
Como já era de se esperar, Oswald reconhece suas forças e fraquezas e a minissérie aborda isso muito bem. Graças a sua deformidade física, o Pinguim precisa depender da sua astúcia e charme com as palavras e é fantástico ver como o personagem escapa de várias situações na série.
Por falar em fantástico, temos Cristin Milioti como Sofia Falcone, personagem que serve como antagonista e que conta com uma atuação tão boa que chega a ofuscar o próprio Colin em vários momentos.
Assim como Oz, Sofia tem múltiplas facetas e a personagem é muito bem desenvolvida ao longo dos episódios. Tão bem que a minissérie poderia tranquilamente ser chamada de Pinguim & Sofia.
O Pinguim é charmoso e calculista, já Sofia é brutal e imprevisível e essa dualidade entre os dois serve como um tempero muito bem vindo na trama.
É claro que nessa jornada de focar em peças centrais, como Oswald, Vic e Sofia, certos personagens acabam sendo subaproveitados, como Johnny Vitti, personagem interpretado por Michael Kelly.
Falando em trama, a estrutura me agradou muito. Ela segue o DNA de obras como O Poderoso Chefão e The Sopranos. A máfia é uma temática central e isso é respeitado aqui. A sonoplastia, takes e uso de cores se assemelham ao que vimos em The Batman, ajudando a construir o senso de uma expansão de universo.
Tudo que começa bem, acaba bem e Pinguim é a prova disso. O material prévio é uma das melhores coisas já criadas relacionadas ao Batman e a minissérie não se afasta disso. Se você gostou do filme, não precisa nem pensar duas vezes sobre se aventurar na série ou não. Ela deve agradar até o público que não teve um contato anterior.
O primeiro episódio de Pinguim será exibido na Max no dia 19 de Setembro. Gostou da nossa crítica de Pinguim? Deixe o feedback nos comentários!
Pinguim é uma minissérie espetacular, elevada pelo seu elenco super talentoso e um roteiro brilhante que raramente comete falhas.