Horizon Forbidden West ganhou recentemente sua expansão, Burning Shores. A DLC engrandeceu ainda mais o escopo do game, trazendo novos modos de travessia e uma colossal batalha ao seu final. Os planos para a franquia não param por aí: tivemos um projeto em VR, Call of the Mountain, haverá um jogo multiplayer e, na linha de games principais, um terceiro título está praticamente confirmado.
Com tantos projetos e notoriedade, é de se pensar que a aclamação da franquia seja muito grande. Ainda assim, há discordâncias no sentido de que Horizon não traria bons produtos aos jogadores. Por vezes, prevalece o discurso de que as aventuras da Aloy não possuem qualidade. A opinião aqui neste texto busca rechaçar isto e apontar que Horizon, além de ser uma grande franquia é, por vezes, subestimada.
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A lore é fantástica
Quando a Guerrilla apresentou a franquia pela primeira vez, em 2015, fomos surpreendidos com uma grande guinada do estúdio, responsável pela franquia Killzone. O mundo onde Horizon se passaria colocaria um passado no futuro, com uma realidade distópica uma infinidade de anos após a queda dos humanos de nosso tempo, os “Antigos”. Os habitantes deste novo mundo estariam organizados em tribos e dividiriam a natureza com poderosas máquinas em um equilíbrio misterioso.
Todo o contexto do mundo, a chamada lore, é algo simplesmente fantástico. A ideia de misturar passado e futuro tem toda uma identidade própria, com fios e metal se somando a lanças, bastões e outras armas de pedra ou madeira. As tribos também são muito bem divididas, com cada uma tendo suas cores, rituais e sistemas de crenças. Enquanto os Nora têm um comportamento de caça e coleta, os Carja denominam seu território de reino, por exemplo. Além disso, todas as civilizações possuem vantagens e também problemas, com uma boa complexidade. Ao mesmo tempo, as edificações dos Antigos estão por toda a parte, nos lembrando de um mundo que não existe mais.
Quando descobrimos a verdade sobre o que aconteceu com os humanos há um milênio nos sentimos recompensados: a ideia é bastante original. O projeto Zero Dawn e os motivos para seu parcial sucesso, além da Praga Faro, se encaixam bem no universo da trama.
Em Forbidden West tudo isso é expandido, com os Utaru, Tenakth e Quen. Temos novos grupos que foram feitos de maneira muito criativa, além de mais paisagens que referenciam o novo mundo. San Francisco e Las Vegas, por exemplo, são inseridas no segundo game de maneira belíssima. E os lugares em suas ruínas possuem toda uma história a ser descoberta.
Está aí a maestria da Guerrilla em apresentar diferentes futuros. Temos uma versão mais leve, ambientada na segunda metade do século XXI, e uma versão mais distópica, longínqua e que mescla natureza e tecnologias avançadas. Tudo isso proporciona uma riqueza de detalhes bem esculpidos pela equipe de desenvolvimento.
Horizon possui uma grande protagonista
Aloy, personagem principal de Horizon, é uma das mais famosas protagonistas nos jogos. Mesmo tendo estreado nos games há pouco mais de meia década, ela obteve seu espaço e se consagrou como um dos medalhões do PlayStation ao lado de Kratos, Ellie e Nathan Drake.
A jovem Nora foi uma grande personagem desde sempre. Sendo uma exilada de sua própria tribo, Aloy foi treinada por Rost e se tornou uma exímia guerreira, caçadora e exploradora. Tais atributos a fizeram vencer a chamada Provação e ter o direito de representar os Nora como Emissária.
Além de possuir um verdadeiro arsenal à sua disposição, Aloy é uma protagonista cheia de personalidade. É curiosa, esperançosa, solícita, persistente e feroz às injustiças que vê pela frente. Seu caráter é a chave para transformações em seu mundo. O fato de ser exilada lhe faz entender a situação de pessoas que precisam de ajuda e não hesitar em auxiliá-las. Em suma, uma excelente personagem.
Horizon possui um combate vibrante
Ainda em 2015, fomos apresentados a um combate excepcional de nossa protagonista contra um Tirânico. A máquina é apenas uma das várias existentes em Horizon Zero Dawn. Desde então foram várias batalhas travadas contra robôs baseados em diferentes formas animais. Em Forbidden West, chegamos ao número colossal de 47 tipos diferentes de máquinas. Todas possuem seus próprios padrões de ataque e cada luta é diferente, proporcionando variedade e dinamismo aos enfrentamentos.
E se engana quem pense que Aloy apenas utiliza um tipo de arma. A tecnologia à sua disposição lhe oferece uma gama de efeitos elementais. Alguns podem congelar uma máquina, outros exploram suas fraquezas. Mas não só isso: há uma variedade de equipamentos ofensivos. Cordas, armadilheiras, dardos, manoplas… Há muito para Aloy testar nos adversários.
Somando a alta variedade de armas aos nossos inimigos (que incluem humanos, também!) precisamos observar seus pontos fracos para conseguirmos derrubá-los. É uma combinação prazerosa que proporciona momentos de adrenalina e júbilo ao jogador.
É preciso pontuar que em Forbidden West o combate é muito melhor, atrativo e se aproxima mais do gênero RPG com as muitas habilidades que Aloy possui combinadas a multiplicadores ganhos no uso de suas armas.
Horizon possui alguns dos melhores gráficos dos games
Horizon Zero Dawn possui excelentes gráficos, sendo amplamente elogiado por suas paisagens inebriantes. Montanhas, florestas e desertos surgem de uma maneira belíssima, dividindo lugar com os diabos metálicos. Mas havia espaços para melhorias.
Forbidden West colocou a franquia em outro patamar, elevando tudo o que era bom e promovendo acertos onde Zero Dawn patinava. As expressões faciais, por exemplo, se tornaram muito mais naturais. A quantidade de partículas na tela em muito aumentou e as texturas deixaram Zero Dawn em muito para trás. Não é exagero dizer que Forbidden West bate de frente com games como Red Dead Redemption 2 e The Last of Us Part II no quesito gráfico. Grandes paisagens se erguem e podem ser desbravadas, uma variedade de biomas que impressiona e aguça o sentido de exploração do jogador. E tudo isso em um mundo aberto! Estamos diante de uma franquia muito bonita e que vem se aprimorando cada vez mais.
Horizon promove discussões importantes
A franquia Horizon possui o condão de desenvolver assuntos importantes ao jogador. Lealdade, justiça, verdade e fanatismo religioso são alguns dos temas que Aloy descortina em sua jornada. Mas não só isso. Um exemplo é a comunidade LGBT, da qual a própria protagonista faz parte. Outro grande exemplo é a forma delicada e acertada com que o jogo tratou parte da narrativa de Kotallo, um Tenakth que havia perdido um dos braços. Em dado momento, Kotallo pede para que Aloy crie um braço novo usando tecnologia Far Zenith, mas depois decide usá-lo apenas em batalha: ele entende que já é completo sem o braço mecânico e que não precisa da prótese para provar algo a si mesmo ou aos outros.
Para completar, a franquia faz uma pesada crítica ao capitalismo predatório, às grandes corporações e à gestão do meio-ambiente pela humanidade.
Horizon possui fanservice
Fanservice é importante! Forbidden West ajuda a responder as perguntas de Zero Dawn, funcionando praticamente como uma grande extensão do primeiro jogo ao expandir todos os conceitos anteriormente apresentados. Locais como o Oeste Proibido são finalmente desbravados. Hades encontra seu destino. Conhecemos os “mestres”, os Far Zenith: humanos que alcançaram a imortalidade e fugiram para Sirius, criando uma colônia.
Utilizar a Far Zenith como organização vilã principal do segundo jogo se mostrou uma ótima escolha da Guerrilla: além de responder à questão sobre quem eram os “mestres”, trouxe uma nova perspectiva para a franquia aprofundando seu cerne de ficção. Mais ainda: teve que lidar com a ideia de criar um novo futuro distópico no qual a evolução tecnológica não foi interrompida, gerando novas armas, máquinas e procedimentos como a imortalidade física e a chamada tentativa de transcendência humana, que deu origem a Nêmesis. Trabalhar com um futuro distópico tecnológico que se sobrepunha a um futuro ambientado no século XXI já parecia uma ideia complicada de se realizar. Utilizá-lo em contraste com um futuro distópico pós-apocalíptico já se provou mais uma camada de desafio, também. Mas a Guerrilla soube utilizar a criatividade e a aplicou bem na Far Zenith.
Outro grande fanservice é a habilidade de voo de Aloy. Pedido desde o primeiro jogo, o poder de domar uma máquina voadora foi brilhantemente utilizado e nos trouxe momentos de tirar o fôlego, dando liberdade e vistas apaixonantes para o jogador.
Por fim, algo que muitos pediam também desde Zero Dawn era enfrentar um diabo metálico, ou melhor, um Horus. A expansão de Forbidden West, Burning Shores, nos trouxe este deleite, utilizando todo o poder de fogo do PlayStation 5. Em gameplay, vemos este verdadeiro colosso se movendo e combatendo Aloy, demonstrando um feito notável na indústria de videogames.
Conclusão
Muito se fala sobre Horizon. Por exemplo, sobre ser uma franquia ofuscada ou de carecer de pilares fundamentais para ser considerada detentora de bons jogos. Claro, há pontos a se melhorar, como o combate contra humanos e alguns quesitos narrativos. Mas a verdade é que Zero Dawn, Forbidden West e Call of the Mountain são ótimas experiências. Não obstante, atraíram milhões de jogadores. Com tantos novos projetos relacionados em desenvolvimento, é de se pensar que a franquia pode não ser agradável para a unanimidade dos jogadores. Afinal, todos têm o direito de gostar ou não gostar de determinado título ou saga. Mas a diminuição da franquia por si só não traz algo factível e ignora o grande papel de Horizon não só no PlayStation, como também no cenário dos jogos em geral.