Na virada de 2019 para 2020, todos os membros da comunidade gamer estavam ansiosos para a nona geração de consoles que renovava o clássico embate entre PlayStation e Xbox. Aos poucos, porém, criava-se uma certeza para alguns: a Sony perderia feio esta geração, sendo facilmente vencida pela concorrência. O tempo passou e as coisas se mostraram um pouco mais complicadas, com o PlayStation 5 mantendo a dianteira até agora. As previsões apocalípticas para a empresa japonesa passaram por um erro de cálculo, aparentemente. Mas o que de fato aconteceu?
12 é maior que 9
A cada anúncio do Xbox a Sony parecia mais encurralada. Havia dois modelos geracionais: um mais poderoso, o Xbox Series X, e outro de entrada, o Xbox Series S. O Series X possui 12 teraflops de poder, ao passo que o PlayStation 5 teria “apenas” 9, elevado a 10 em condições específicas. Ou seja: a Sony não poderia fazer frente ao console mais poderoso da geração e, mesmo que diminuísse seu preço, enfrentaria a resistência feroz do Series S.
Antes de prosseguirmos, destaque-se que tanto o Series X quanto o Series S são excelentes consoles, cada um em sua proposta e que possuem ambos o poder de levar diversão ininterrupta ao jogador, inclusive com o ótimo recurso do Xbox Game Pass.
Mas a diferença de poder bruta entre Series X e PlayStation 5 não se traduziu na prática. De fato, a maioria dos jogadores sequer vai notar grandes alterações entre uma versão de game que rode em um console ou outro. Mais: em vários casos, o PlayStation 5 é na verdade quem leva vantagem sobre o concorrente. Tal fato se deve à poderosa arquitetura criada por Mark Cerny, engenheiro da Sony que temperou o novo console com incríveis tecnologias como um SSD extremamente poderoso.
Como se não bastasse, o PlayStation lançou uma versão mais barata do PS5 e sem leitor de disco, a Digital Edition, que custava 100 dólares a menos que o Series X. Em um mundo onde cada vez mais cópias digitais são vendidas, a estratégia se provou boa para flanquear a concorrência.
A este ponto, não havia como fugir da retrocompatibilidade, completamente necessária e popularizada mais recentemente pelo Xbox. O recurso se provou muito útil e foi mais um acerto da marca.
Catálogo first-party no PlayStation 5
Na oitava geração o PS4 lançou ótimos games em seus primeiros anos, mas atingiu seu auge nos últimos com títulos como Horizon Zero Dawn, God of War, Marvel’s Spider-Man, The Last of Us 2 e Ghost of Tsushima.
Com o advento de um novo ciclo nos consoles, muitos jogadores escolheram o PlayStation por saberem que algumas das franquias listadas anteriormente teriam sequência. Além disso, a expectativa para novos jogos era grande e a PlayStation queria chegar na nova geração com os dois pés na porta. Marvel’s Spider-Man: Miles Morales, Sackboy: Uma Grande Aventura e o remake de Demon’s Souls inauguraram esta era. Mais adiante tivemos um novo Ratchet & Clank e o surpreendente Returnal.
Em 2022 tivemos quatro títulos first-party, sendo duas sequências: o remake de The Last of Us, Gran Turismo 7, Horizon Forbidden West e God of War Ragnarok. Pode se argumentar que entre estes há jogos cross-gen, mas é no PS5 que eles atingem um novo potencial, com a plataforma aprimorando suas melhores características. De todo modo, nota-se um nítido crescimento na comparação com o mesmo período geracional do PlayStation 4.
Isto claro, sem falar de diversos outros projetos que surgiram no PlayStation antes que em outras plataformas. Junto à popularidade da marca, a entrega provocou um crescimento nas vendas que deixou o console à frente de seu concorrente direto.
E como a concorrência é sempre boa, foi criado um modelo que buscava fazer frente ao Xbox Game Pass Ultimate: a divisão da PlayStation Plus em tiers oferecendo um catálogo imenso de games, muitos dos quais first-party como as versões do diretor de Ghost of Tsushima e Death Stranding.
Marketing da Sony e estoques do PlayStation 5
Ao longo dos anos, o PlayStation se consolidou como um local no qual a experiência single-player teria um ingrediente de cobertura premium. Podemos lembrar, por exemplo, da fantástica E3 de 2016 onde anúncio após anúncio nos deparamos com títulos marcantes para o console. Desde então, eventos como a State of Play e os showcases dominaram a atenção dos jogadores.
A questão é que o impacto do marketing do PlayStation acaba por ser tão grande que, por vezes, até mesmo ele não acontecer é algo que gera ruído. Tenhamos como exemplo o ventilado futuro showcase que, segundo rumores, deve acontecer nos próximos meses. Mesmo a falta de informações vai tirando o sono dos jogadores, fazendo-os imaginar o que os estúdios estão cozinhando para mostrar. É uma situação que pode ser irritante e frustrante, pode se admitir. Mas também é importante que se demonstre que do marketing do PlayStation geralmente se espera algo e que a própria ausência dele cria uma discussão que pode manter um jogo ou franquia em evidência por semanas ou meses.
Na questão de gerenciamento, outra importante vitória é a garantia de produção e distribuição do PlayStation 5. Como todos sabem, os problemas nas cadeias de suprimentos causados pela pandemia diminuíram em muito as chances de conseguir um console de nova geração em seu lançamento. Os poucos disponíveis eram comprados em boa parte por pessoas conhecidas como scalpers, que os obtinham com a única finalidade de revenda a preços abusivos. Hoje os estoques foram regularizados.
Conclusão
Apesar de enfrentar um cenário que poderia ser considerado desfavorável em um primeiro momento, a Sony soube navegar por águas turbulentas e manter a liderança ante seu principal concorrente. Isto não quer dizer que o Xbox é ruim. Além de possuir respectivamente o console mais poderoso e o mais acessível desta geração, a marca liderada por Phil Spencer tem uma série de franquias e jogos por demais interessantes. No contexto atual, porém, é preciso dizer que a PlayStation passa longe de previsões apocalípticas. E não há problema em julgar isso bom: a marca manter-se firme é sinal de que ela pode continuar oferecendo grandes games e suporte durante muito tempo ainda, satisfazendo a vontade primordial de quem pega o controle e liga o console: jogar.
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