Desde sua fundação em 1985 por Hayao Miyazaki, Isao Takahata e Toshio Suzuki, o estúdio se tornou um dos maiores símbolos da animação japonesa, conhecido por transformar cada quadro em arte e contar histórias profundas que vão além do entretenimento. São tantas obras que é quase impossível elencar os melhores filmes do Studio Ghibli.
Suas produções exploram a complexidade da vida humana, a conexão com a natureza e a busca por identidade, criando mundos fantásticos que cativam públicos de todas as idades.
O diferencial da Ghibli está na maneira como aborda temas universais. Infância, comunidade, mitologia e ecologia são recorrentes em seus filmes, mas sempre apresentados com uma sensibilidade única. Em vez de se apoiar em vilões tradicionais, o estúdio prefere narrativas que convidam à reflexão, equilibrando beleza visual com profundidade emocional.
Esse estilo inconfundível rendeu ao estúdio tanto aclamação da crítica quanto sucesso comercial. Meu Amigo Totoro se tornou um dos ícones mais reconhecíveis da Ghibli, enquanto A Viagem de Chihiro conquistou o Oscar de Melhor Filme de Animação em 2003, consolidando o prestígio internacional do estúdio. Ao longo dos anos, suas obras transcenderam fronteiras e gerações, tornando-se verdadeiras joias da animação.
Com esse histórico impecável, vale a pena revisitar a filmografia do Studio Ghibli e explorar suas obras mais marcantes, daquelas menos conhecidas às que se tornaram clássicos absolutos.
Diante da “febre” mundial de transformar as imagens baseadas no estilo do estúdio, nós do Repúbica DG resolvemos fazer essa lista com os melhores filmes do Studio Ghibli. Se prepare para uma viagem maravilhosa com esses títulos espetaculares.
O Menino e a Garça

Certamente, um dos melhores filmes do Studio Ghibli, O Menino e a Garça é um desfecho digno da brilhante carreira de Hayao Miyazaki, um cineasta cuja imaginação moldou gerações. Essa obra, carregada de melancolia e beleza, só foi possível graças à sua longa trajetória e à profundidade emocional que ele domina como poucos.
A trama acompanha Mahito, um garoto de 12 anos que vê sua vida desmoronar após perder a mãe em um incêndio devastador. Anos depois, ele se vê forçado a reconstruir sua existência ao se mudar para uma casa no campo. No entanto, a nova vida traz desafios inesperados. Enquanto lida com o bullying e a dificuldade de aceitar sua nova família, Mahito encontra refúgio na fantasia — um universo onde a dor e a realidade se entrelaçam de maneira surpreendente.
O Menino e a Garça é um filme sombrio, mas extraordinariamente belo. Cada cena transborda sensibilidade, criando um espetáculo visual e emocional que atinge o espectador em cheio. Se esta for realmente a despedida de Miyazaki, ele encerra sua jornada com um verdadeiro broche de ouro.
O Conto da Princesa Kaguya

O Conto da Princesa Kaguya, dirigido por Isao Takahata, é uma obra-prima que deve ser apreciada com a mesma delicadeza com que foi criada. Cada traço aquarelado carrega a sensibilidade de um artista no auge de sua expressão, tornando o filme uma verdadeira pintura em movimento.
Além disso, na época de seu lançamento, tornou-se o filme japonês mais caro da história, com um orçamento de 49,3 milhões de dólares. No entanto, seu verdadeiro valor vai muito além dos números. Mais do que um marco cinematográfico, essa foi a última obra de Takahata antes de sua morte, um testamento visual e emocional de sua genialidade.
A trama é baseada em uma das mais antigas e conhecidas histórias do folclore japonês: O Conto do Cortador de Bambu, também chamado de O Conto da Princesa Kaguya. Tudo começa quando um casal de idosos encontra, em um talo de bambu brilhante, uma pequena menina.
Em um piscar de olhos, a garotinha cresce e se transforma em uma jovem de beleza radiante. Convencidos de que o destino dela é a nobreza, seus pais fazem de tudo para torná-la uma verdadeira princesa. No entanto, Kaguya sempre carregou no coração o desejo simples e sincero de permanecer no campo, onde sua felicidade sempre esteve.
Com uma animação que parece flutuar como um sonho e uma história de melancolia e beleza atemporais, O Conto da Princesa Kaguya não é apenas um filme. É uma despedida tocante de um mestre e uma carta de amor à arte da animação.
Túmulo dos Vaga-Lumes

Para muitos, este é um dos melhores filmes do Studio Ghibli. Dirigido por Isao Takahata e baseado nas experiências reais de Akiyuki Nosaka, o filme narra a jornada dolorosa de dois irmãos tentando sobreviver nos últimos meses da Segunda Guerra Mundial. O Studio Ghibli, conhecido por trazer magia e esperança para suas histórias, aqui toma um caminho diferente. A guerra não é romantizada nem amenizada. Pelo contrário, Takahata retrata seu impacto com uma crueza devastadora, onde a inocência infantil se desfaz diante da fome, do desamparo e da indiferença.
A animação, belíssima e delicada, contrasta ironicamente com o peso da narrativa. Cada cena, cada vaga-lume que brilha por um instante antes de apagar, carrega uma melancolia sufocante. Portanto, não há finais felizes, apenas a dura realidade de uma época cruel.
Além disso, Túmulo dos Vaga-Lumes não é apenas um filme, é um manifesto contra a guerra, um lembrete de suas cicatrizes e uma experiência que, uma vez vivida, nunca se apaga da memória.
Princesa Mononoke

O Studio Ghibli sempre teve um talento especial para transmitir mensagens profundas e poderosas às crianças, sem jamais subestimar sua inteligência. E Princesa Mononoke é um exemplo brilhante disso. À primeira vista, pode parecer apenas uma história sobre guerreiros e batalhas, mas basta olhar um pouco mais fundo para perceber que, no coração da trama, há uma crítica feroz à exploração dos recursos naturais, ao ódio irracional entre os povos e ao egoísmo desenfreado da humanidade.
Lançado em 1997, o filme nos transporta para o período Muromachi, uma era de transformações e conflitos. Nesse cenário, os guardiões da floresta lutam desesperadamente para impedir que os humanos profanem suas terras sagradas. É nesse contexto que conhecemos Ashitaka, um jovem príncipe amaldiçoado por um espírito vingativo. Forçado a deixar sua aldeia, ele parte em uma jornada em busca de cura, mas acaba chegando à imponente Cidade de Ferro, onde a ambiciosa Lady Eboshi está travando uma guerra sem precedentes contra os deuses da natureza.
O que se desenrola a partir daí é uma aventura épica, repleta de nuances e simbolismos. Nenhum personagem é totalmente bom ou mau — todos carregam seus próprios dilemas e razões, tornando a história ainda mais rica e envolvente. Com uma animação deslumbrante e uma narrativa que desafia expectativas, Princesa Mononoke não é apenas um filme. É uma reflexão atemporal sobre equilíbrio, destruição e a eterna batalha entre progresso e preservação.
O Castelo Animado

A oitava obra dirigida por Hayao Miyazaki não é apenas um sucesso, mas também uma das mais queridas pelos fãs do Studio Ghibli. E não é para menos. Com um mundo de fantasia absolutamente fascinante, um elenco improvável e, claro, o sempre presente cenário de guerra tratado com sensibilidade, O Castelo Animado se fixou em nossas mentes e corações de forma inesquecível.
Quando Miyazaki começou a desenvolver o filme, a invasão do Iraque em 2003 estava em curso, e ele não escondeu sua indignação. Furioso com os acontecimentos, decidiu transformar sua revolta em arte, criando uma obra que carrega uma forte mensagem pacifista. Além disso, o diretor trouxe para a história temas recorrentes em sua filmografia, como o empoderamento feminino e a luta contra padrões impostos.
O resultado? Uma animação deslumbrante, repleta de emoção, crítica social e personagens cativantes. Não por acaso, Miyazaki declarou que esse é um dos seus filmes favoritos.
A Viagem de Chihiro

Mesmo quem nunca assistiu a dos filmes do Studio Ghibli ou não tem o menor interesse em animação japonesa já ouviu falar de A Viagem de Chihiro. E, muito provavelmente, gostou. A obra-prima de Hayao Miyazaki transcende barreiras culturais e se tornou um dos maiores marcos da animação mundial. Afinal, poucos filmes conseguem criar um universo tão original e, ao mesmo tempo, contar uma história tão universal sobre amadurecimento e autodescoberta.
A jornada de Chihiro, uma menina de 10 anos presa em um mundo mágico repleto de espíritos e criaturas fantásticas, é mais do que uma simples aventura. É um conto sobre liberdade, resiliência e identidade, tudo isso envolto em um espetáculo visual que deixa qualquer um boquiaberto.
Miyazaki se inspirou na filha de amigos que costumava visitar sua casa e, a partir disso, criou o filme mais bem-sucedido do Studio Ghibli. O impacto foi gigantesco: A Viagem de Chihiro se manteve como a maior bilheteria do cinema japonês por quase duas décadas, até ser ultrapassado por Demon Slayer em 2020. Além disso, conquistou o Oscar de Melhor Filme de Animação, consolidando-se como um dos maiores clássicos do gênero.
Um filme que encanta, emociona e sempre revela novos detalhes a cada nova visita ao seu universo. Definitivamente, um tesouro da animação.
Meu Amigo Totoro

Lançado em 1988, ele se tornou a porta de entrada para a animação japonesa para muitas crianças dos anos 90, que o guardam com um carinho especial no coração.
No entanto, diferente de O Castelo Animado ou A Viagem de Chihiro, que exploram universos vastos e cheios de magia, Meu Amigo Totoro brilha na simplicidade. A história de Satsuki e Mei, duas irmãs que encontram o enorme e adorável Totoro em meio a um dos momentos mais difíceis de suas vidas — a doença da mãe — é contada com uma sensibilidade rara.
Apesar de ser um filme com uma narrativa singela, ele compensa na emoção e na beleza dos detalhes. Além disso, cada cena é um abraço, cada paisagem transmite calma, e cada criatura mágica, como o Catbus e os susuwatari, já se tornou icônica. E claro, Totoro, com seu sorriso amigável e seu jeitão desajeitado, se tornou o símbolo definitivo do Studio Ghibli.
Mais do que um simples filme infantil, Meu Amigo Totoro é uma celebração da infância, da imaginação e dos pequenos momentos que fazem a vida valer a pena e, certamente, um dos mellhores filmes do Studio Ghibli.
As Memórias de Marnie

Em 2014, o Studio Ghibli surpreendeu seus fãs ao anunciar uma pausa temporária. Com a aposentadoria de Hayao Miyazaki, em setembro de 2013, e de Isao Takahata, que viria a falecer em 2018, o estúdio decidiu tirar um tempo para repensar seu futuro. No entanto, antes desse período de incerteza, lançaram As Memórias de Marnie, dirigido por Hiromasa Yonebayashi. Apesar do impacto da notícia, o filme trouxe uma doçura capaz de amenizar a sensação de despedida.
Assim, a trama acompanha Anna Sasaki, uma jovem introspectiva que vive com sua família adotiva. Por sofrer de asma, ela é enviada para passar um tempo na casa de parentes próximos, em uma vila litorânea. É lá que conhece Marnie, uma garota enigmática que desperta nela uma amizade intensa e transformadora.
No entanto, diferente das histórias mais fantasiosas do Ghibli, As Memórias de Marnie aposta em um tom mais melancólico e sensível, explorando temas como solidão, identidade e aceitação. Com uma animação belíssima e uma narrativa carregada de emoção, o filme prova que, mesmo em tempos incertos, o Studio Ghibli ainda sabia tocar o coração do público com sua arte única.
Ponyo – Uma Amizade que Veio do Mar

Ponyo Uma Amizade que Veio do Mar reúne todos os elementos que fazem do Studio Ghibli uma referência na animação mundial. Assim, com um visual deslumbrante, uma narrativa cativante e uma carga emocional irresistível, o filme traduz a essência do estúdio de forma brilhante. A história acompanha a amizade entre Sosuke, um garoto de cinco anos, e Ponyo, um peixinho dourado determinado a se tornar humano.
Dirigido por Hayao Miyazaki, o longa traz uma releitura delicada de A Pequena Sereia, de Hans Christian Andersen, misturada à pureza da infância. Além disso, para dar vida a essa aventura encantadora, Miyazaki apostou em um trabalho minucioso, criando cerca de 170 mil imagens individuais, mais do que qualquer outro título do estúdio.
Com sua animação fluida e traços desenhados à mão, Ponyo transmite a sensação de um conto de fadas moderno. Além disso, sua mensagem sobre equilíbrio natural e o impacto humano nos oceanos reforça a preocupação ambiental tão presente nas obras do Ghibli. É um filme que encanta todas as idades e reafirma o talento inesgotável de Miyazaki para transformar histórias simples em experiências inesquecíveis.
Memórias de Ontem

O sucesso de Memórias de Ontem foi uma surpresa, mas não por falta de qualidade. O quinto filme oficial do Studio Ghibli e o sétimo dirigido por Isao Takahata conquistou o público ao mesclar temas infantis e adultos com sensibilidade. Depois de emocionar e devastar espectadores com Túmulo dos Vaga-Lumes, Takahata criou uma obra reflexiva e melancólica, que se tornou o filme japonês de maior bilheteria em 1991.
A história acompanha Taeko Okajima, uma mulher de 27 anos que sempre viveu em Tóquio, mas decide tirar alguns dias de folga no campo, na região de Yamagata. Durante essa pausa, ela revisita memórias de sua infância, recordando amigos, desafios escolares e as inseguranças da puberdade. Conforme reflete sobre sua trajetória, Taeko se questiona se permaneceu fiel à criança que foi um dia.
Com uma narrativa intimista e um estilo visual mais realista, Memórias de Ontem se destaca por sua abordagem madura e emocional. O filme captura com precisão os dilemas da vida adulta e a nostalgia que acompanha o amadurecimento, transformando-se em uma experiência cinematográfica essencial para quem já se perguntou o que restou da criança que um dia foi.
Considerações Finais
O Studio Ghibli construiu um legado inigualável na história da animação, entregando filmes que encantam, emocionam e fazem refletir. Assim, com narrativas profundas, visuais deslumbrantes e personagens memoráveis, suas obras atravessam gerações e continuam a conquistar novos fãs ao redor do mundo.
Portanto, seja pela magia de Meu Amigo Totoro, a grandiosidade de A Viagem de Chihiro ou a sensibilidade de Túmulo dos Vaga-lumes, cada filme do estúdio carrega uma essência única. Além disso, no fim, o verdadeiro encanto da Ghibli está em sua capacidade de transformar histórias simples em experiências inesquecíveis, provando que a animação é uma arte sem limites.
E você, já assistiu a algum desses filmes do Studio Ghibli? Qual é o seu favorito? Conte para a gente nos comentários!
1 comentário
Tem bastante jogo para ser lançado neste mês, em sua maioria PC. Já me interessei por alguns da lista, este mês está recheado mesmo de jogos.