The Witcher 3: Wild Hunt é um marco na história dos games. O título da CD Projekt Red criou uma legião de novos fãs para a franquia e gerou diversos produtos derivados, como por exemplo uma série na Netflix. Ao todo foram mais de 40 milhões de cópias vendidas e aclamação crítica, além do prêmio de Jogo do Ano em 2015. Tivemos, agora, a chegada de uma nova versão do game para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X/S. Mas, afinal, quais são os segredos para The Witcher 3 ser um título de tanta qualidade?
Mundo
The Witcher 3 nos trouxe um mundo aberto estonteante e fácil de se encantar. Logo em Pomar Branco, o primeiro mapa do jogo, vemos um cenário cheio de vida. Aldeões trabalham, crianças brincam, nuvens surgem no céu e as árvores balançam ao sabor do vento. Na taverna, pessoas bebem e conversam sobre a guerra.
Geralt tem muito a explorar e conhecer, mas Pomar Branco é apenas a ponta do iceberg das localizações do jogo. Em Velen, conhecemos os horrores das batalhas na terra de ninguém, um campo de confrontos e massacres. Ali necrófagos buscam por corpos, refugiados tentam sobreviver e as Senhoras da Floresta observam a tudo, influenciando a vida dos que ali residem. Em Novigrad o cenário muda completamente, uma vez que estamos na maior cidade do mundo. Grandes construções se elevam, comerciantes e ferreiros vendem seus produtos e ladrões se escondem. A Igreja do Fogo Eterno reclama para si todo o controle que pode ter e os não-humanos são colocados em guetos ou fora dos muros da cidade.
Nas Ilhas Skellige, a neve cai e os habitantes, semelhantes a vikings, compartilham suas histórias. Sereias atacam e tesouros reluzem, além de termos uma vista incrível com cumes de montanhas e florestas temperadas. Já em Kaer Mohen, fortaleza onde Geralt viveu seus primeiros anos, temos acesso a um mundo antigo em cima de uma imensidão. Lá estão os segredos dos Bruxos e alguns dos melhores momentos do game. Em Nilfgaard, os cortesãos do Imperador possuem pompa e orgulho enquanto envolvem Geralt em suas conspirações.
Mas não basta apenas o mundo ser bonito, ele deve fazer sentido e interagir com o jogador. NPCs críveis, caçadas de tesouros, ambiente que pode ser mais hostil ou simpático ao Geralt, corridas, torneios de combate e outros eventos pincelam uma experiência memorável. O mundo é responsivo e dinâmico, tendo diferentes climas, ciclo de dia e noite e fauna, flora, monstros e pessoas específicos para cada região. Tudo isso interfere em como Geralt vê o mundo e como o mundo vê Geralt, também.
As diversas atividades, recompensas e diálogos secretos somados à beleza de construção do mundo fazem The Witcher um dos jogos de mundo aberto mais envolventes já realizados. Tudo isso é temperado por uma trilha sonora muito inspirada que pode imprimir terror, nobreza ou deslumbramento ao jogador de acordo com a região ou missão na qual ele se encontra.
História e missões
O enredo de The Witcher 3: Wild Hunt é muito aclamado, se desenrolando de uma maneira a cobrir o gigantesco mundo do game e também contar uma história autêntica e atraente. Somos introduzidos a um primeiro grande mistério: encontrar Yennefer de Vengerberg, mulher do passado de Geralt. A partir daí, uma trama de incalculáveis proporções se desenrola, fazendo o jogador conhecer os mais variados personagens e se envolver nas mais incríveis situações. Até hoje questlines como a da família do Barão Sanguinário são consideradas de uma qualidade acima da média nos jogos, tendo sido escritas com maestria pela equipe da CD. Somos levados a dilemas, monstros e embates inacreditáveis.
Mas nada disso seria possível sem o grande carisma dos personagens que se tornam simpáticos ou odiáveis aos olhos do jogador com suas ações e batalhas internas. Geralt, por exemplo, se destaca por ser sarcástico e mal-humorado. Ciri é curiosa e otimista, Yennefer é impetuosa e impaciente… Todos os personagens possuem nuances, até mesmo os muitos secundários, o que torna o game mais crível.
Outra questão que o jogo traz é a guerra, sem romantismo ou ilusões. Nilfgaard trava combate contra a Redania, com o campo de batalha sendo um lugar traiçoeiro e desolado. Também há espaço para a política, com as maquinações envolvendo os líderes das duas nações. Claro que este jogo de interesses não é o foco da aventura de Geralt, mas ele tem seu espaço aqui e, em arcos como o de Novigrad, brilha.
Ao contrário do que normalmente se pensa, The Witcher 3 também é um jogo com grandes preocupações sociais. Temas sensíveis como homofobia, racismo e fanatismo religioso tomam lugar com alegorias muito bem-feitas e que a todo momento põem o jogador a questionar o mundo onde ele se encontra.
A CD Projekt trouxe missões excelentes de história, mas é nos objetivos secundários que o game talvez mais se destaque. Há jornadas laterais que são determinantes ao próprio enredo principal, enquanto outras criam uma completa e nova percepção sobre uma cidade, raça ou conflito. Estas quests são introduzidas de maneira orgânica e em muito adicionam ao game.
Há ainda os contratos, missões onde Geralt é pago para caçar e matar um determinado monstro. São jornadas que enriquecem a lore do game e nos permitem conhecer as realidades locais.
Jogabilidade RPG
Apesar de ser um jogo colossal, The Witcher 3 permite muitas ramificações à sua história. Escolhas em maior ou menor grau possuem consequências. Existem múltiplos finais e decisões menores podem causar um grande impacto em eventos pelo mundo. Missões, inclusive, podem falhar e ocasionar tragédias dependendo da inação do jogador. O fator replay é enorme, uma vez que há diversas combinações a serem utilizadas. Um final bom? Um final ruim? Uma jornada com aliados? Um encerramento solitário? Você decide.
Em relação a Geralt, nosso protagonista é um bruxo, possuindo mutações que lhe dão habilidades sobre-humanas. Ele tem uma infinidade de espadas à sua disposição, utilizando prata para monstros e aço para humanos.
Nosso protagonista também tem diversas árvores de habilidades. O jogador não precisa escolher uma classe pré-definida aqui: é possível fazer um misto de builds de acordo com o que mais agradar. Este grau de liberdade é muito benéfico para o jogo e se traduz em maior versatilidade, além do já citado fator replay.
Geralt possui sinais para se defender. Aard usa a telecinese a favor do bruxo, derrubando inimigos. Igni queima os adversários, Yrden os prende em armadilhas, Quen cria um escudo e Axii permite controlar mentes. Cada sinal, como imaginado, possui aprimoramentos e usos alternativos. Geralt também pode beber poções que lhe concedem diferentes atributos, como maior força, vida, velocidade, dano contra um tipo específico de inimigo e até enxergar melhor no escuro ou prender o fôlego por mais tempo debaixo d’água. E no combate corpo a corpo, além das espadas, Geralt também pode se esquivar dos adversários, girar suas armas em uma espiral perigosa entre outras ações.
Há ainda uma árvore de habilidades não vinculada a outras, com vantagens variadas como aumento de vida ao ingerir qualquer tipo de comida. Não bastasse isso, Geralt pode colocar óleos em suas espadas e também usar variadas bombas, além de ter à disposição uma besta para atacar inimigos aéreos.
Combinar habilidades de um mesmo tipo cria bônus para Geralt, potencializando os seus efeitos. A dinâmica é muito profunda e alguns jogadores levarão um bom tempo para construir as suas próprias builds.
No que se refere aos inimigos, temos muitos espalhados em diferentes classes. Há necrófagos, construtos, demônios, híbridos, humanos, animais entre outros, cada um demandando uma postura por parte de Geralt. Bosses também são diversos e majestosos, levando os jogadores a batalhas intensas e heróicas.
The Witcher 3 também possui um dos melhores minigames da indústria: Gwent. O game de cartas possui quatro baralhos no jogo base, cada um com cartas que serão familiares aos fãs da franquia e que possuem efeitos criativos no tabuleiro. Norte, Monstros, Nilfgaard ou Scoia’tael: não há uma escolha certa, apenas a destreza e sorte de uma boa mão que concedem uma vitória. Embora comecemos com um baralho relativamente fraco, o jogo logo nos leva a partidas e torneios que nos dão cartas mais fortes e tornam Gwent um vício dentro do próprio game.
Expansões e outros conteúdos pós-lançamento
A CD Projekt Red sempre buscou deixar como marca registrada o apreço pelos jogadores e quis manifestar isso no conteúdo lançado após o game. Assim, armaduras, missões e aparências alternativas logo chegaram a The Witcher 3. Mas o que mais impressionou foram as expansões dedicadas.
Hearts of Stone é uma odisseia sombria e melancólica, apresentando uma história surpreendentemente criativa. Geralt recebe um contrato no qual deve matar um monstro, mas as coisas logo saem do controle e ele percebe que o peso de sua tarefa é muito maior do que o imaginado. Mas não só as implicações são de deixar o jogador grudado na tela: as atividades que nosso bruxo realiza são fantásticas: é possível participar de um casamento bem-humorado, realizar lances em um leilão e até contratar uma gangue para um assalto aos moldes de GTA V. Hearts of Stone também brilha ao apresentar um dos melhores vilões dos videogames nos últimos anos em um trabalho que realiza uma perfeita simetria entre sutileza e terror.
Blood and Wine, por sua vez, é profundamente refrescante. Somos introduzidos a um novo e gigante mapa que possui um clima ensolarado e um mundo que reage a Geralt de maneira diferente ao jogo base. Há inúmeras atividades, missões (com mapas inteiros perdíveis caso façamos as escolhas erradas) e uma adição inusitada: uma casa. Geralt ganha um vinhedo personalizável que inclui até mesmo um mordomo.
As duas expansões também apresentam inovações para a jogabilidade. Na primeira Geralt pode usar runas em suas armas e armaduras, desbloqueando características únicas. Na segunda temos as mutações, habilidades extras que diminuem o dano recebido por Geralt ou mesmo concedem formas muito mais poderosas dos sinais.
As expansões são maiores do que muitos games AAA completos, o que mostra a disposição da CD em ampliar os horizontes de The Witcher 3 e oferecer uma experiência realmente valiosa para os jogadores.
Conclusão
The Witcher 3: Wild Hunt se destaca com muitos pontos fortes: a trilha sonora, a jogabilidade que explora as possibilidades de um RPG, as missões ramificadas e satisfatórias e um mundo responsivo e atraente. São características que o tornam não só o melhor jogo de 2015, como uma pérola na indústria e um dos maiores títulos de todos os tempos.
Com a atualização para a nova geração de consoles temos diversos novos conteúdos e uma nova roupagem para este impressionante título. Para jogadores experientes no game ou novatos na franquia, é uma excelente oportunidade para explorar este mundo e vivenciar uma aventura realmente especial.