No Rest for the Wicked, o jogo mais recente da Moon Studios (conhecido pela franquia Ori) lançou no dia 18 de abril na Steam em acesso antecipado por R$117. O jogo recebeu muita atenção por parte da mídia e dos jogadores, curiosos para saber se a incrível sequência de jogos maravilhosos do estúdio vai continuar.
Nós respondemos essa pergunta em nosso preview de No Rest for the Wicked.
Nova jornada para os jogadores (e para o estúdio também)
Começando pelo elefante na sala.. Muita gente, incluindo quem vos escreve, estranhou e achou muito interessante a mudança que a Moon Studios almejou em seu terceiro jogo, saindo de um molde 2D focado em plataforma e puzzles, para um “soulslike” 3d com câmera isométrica e com muitas mecânicas interligadas dignas dos maiores RPGs atuais.
Felizmente, a perícia do estúdio aparenta ser prominente em mais de um tipo de jogo, pois mesmo tendo uma quantidade significativa de pontos que deixam claro que se trata de um projeto em acesso antecipado, sua fundação já se mostra muito competente.
A trama do game acompanha a jornada de nosso protagonista, proveniente de um antigo grupo de individuos chamados de Cerim, guerreiros poderosos capazes de usar magias. Os Cerim possuem o objetivo de exterminar a pestilência na ilha de Isola Sacra.
A pestilência se trata de uma doença avassaladora que transforma pessoas em monstros ferozes. A situação gera um embate complexo onde os habitantes da Ilha querem ajuda para destruir a praga e os inquisidores de Phalen querem destruir tudo, acreditando que esse é o único caminho para a erradicação da peste.
A dublagem em inglês é um dos pontos fortes da narrativa, com literalmente todo personagem encontrado tendo uma qualidade acima da média e com “tiques” muito bem apresentados, como, por exemplo, os acompanhantes da Madrigal Seline, uma das personagens principais da história, que falam sempre sussurrando. Por se tratar de um acesso antecipado, a história acaba sendo uma das mais afetadas se comparado ao produto final, mas o pouco que temos no momento é bem satisfatório.
Potencial grande, mas ainda não alcançado
O gameplay de No Rest for the Wicked é extremamente ambicioso e algo que eu certamente não esperava encontrar. Temos um combate claramente inspirado nos soulslikes atuais, com mecânicas de parry, defesa, peso corporal e até um menu de atributos idêntico à Elden Ring, um sistema de coleta e crafting que lembra bastantes jogos do gênero survival, aprimoramento e construção de edifícios similares a simcitys da vida e uma exploração que me lembrou de Baldur’s Gate 3, com sua câmera isométrica ajudando ainda mais nessa correlação.
Essa grande mistura resulta num game com um potencial significativo, e pontos como o combate contra bosses e segredos espalhados pelo mapa que apenas os mais observadores conseguirão achar realmente me cativaram bastante.
Toda essa junção entrega uma experiência bem fresca, mas que no final acaba oferecendo na maior parte do tempo algo menor que a soma de seus fragmentos, com uma barra de estamina bem ruim de observar no combate, coleta de recursos pouco recompensadora, exploração castigada pelos controles que não sabem se pertencem a um jogo focado em plataforma ou combate, com mecânicas de parry e quebra de guarda bem obscuras e duras.
A performance do jogo também é bem ruim pelo que ele entrega tecnicamente, sendo talvez a maior reclamação dos jogadores nesse período inicial, mas como vimos em jogos como Baldur’s Gate 3 e Hades, isso é algo que irá melhorar bastante no lançamento final.
Entretanto, as partes que entregam o que propõem apresentam uma qualidade assustadora. A dublagem como já citada antes, as animações de combate fluidas e bem animadas, a qualidade das texturas dos corpos de águas e florestas, iluminação dinâmica que com o sistema de dia e noite revelam um visual absurdo e, sendo impossível não citar, as cutscenes e direção de arte em geral que pessoalmente, estão entre as melhores do ano até então, algo surpreendente para um jogo no início de seu acesso antecipado.
Vale (muito) a pena esperar
A versão atual do jogo conta com apenas 3 áreas principais: A praia do Naufrágio/Fortaleza Invadida pelos Revoltos, a Cidade e Zona Segura Principal do jogo chamada Sacramento e a grande Pedreira da região que se conecta com antigas ruínas bem importantes para a história. Sacramento é a região que passei boa parte das minhas 14 horas jogando No Rest for the Wicked, aprimorando e liberando construções novas.
Caso você não queira interagir com essa parte do jogo, o acesso antecipado dura menos tempo ainda.
No Rest for the Wicked atualmente é um jogo que está longe de seu potencial completo, com mudanças claras e numerosas que devem ser feitas no decorrer de seu acesso antecipado.
Vale destacar que eu não considero isso um sinal ruim. É óbvio que o novo game é um desafio gigante e muito diferente dos projetos entregues anteriormente, e mesmo que eu não recomende o jogo atual para a maioria das pessoas, é inegável que podemos ver o diamante valioso que se encontra dentro dessa rocha.
O game já entrou na minha lista de jogos mais esperados dos próximos anos. Estou confiante que a Moon Studios entregará mais uma obra-prima e entrará de vez no panteão dos maiores desenvolvedores da atualidade!