Praticamente todos os elementos de Anno: Mutationem me deixaram muito empolgado para adentrar no universo do jogo. O visual em pixel art parecia (e é) deslumbrante. O mundo com temática cyberpunk parecia estar bem vivo, a história tinha um bom ar de mistério e a jogabilidade parecia ser bem responsiva e frenética. Agora, finalmente tive a oportunidade de jogar a versão final e, pra minha e a nossa felicidade, quase todas as impressões positivas que eu tive em relação ao jogo se confirmaram. Desenvolvido pelo estúdio chinês Thinking Stars, vem ler esse review pra saber por que eu indico o jogo!
A história de Anno: Mutationem
O jogo é protagonizado por Ann, uma jovem guerreira habilidosa que possui uma doença misteriosa chamada de Entanglelite. Em situações de estresse, Ann perde o controle do próprio corpo, entrando em um estado similar a um Berserk. Ela ataca tudo e todos ao redor e fica temporariamente imune a qualquer tipo de dano. Devido a natureza agressiva de sua doença, Ann está em busca de uma cura para o problema.
Seu irmão, Ryan, afirma ter encontrado a cura, contudo, ele está desaparecido e uma gangue perigosa está atrás dele. Em suma, estes são os detalhes principais da narrativa. Encontrar Ryan e achar a cura para a doença. O roteiro do jogo possui uma qualidade satisfatória. Não existe nada “Uau” nele, mas, os diálogos são bons e passam um senso de realismo. As falas não são engessadas e isso ajuda a trazer imersão para o mundo do jogo.
Por falar do mundo do jogo, este é um dos pontos fortes do título. A construção de mundo é fantástica. Aprendemos mais sobre o universo construído pelo estúdio através de arquivos e diálogos e a cada detalhe descoberto ficamos sedentos por mais. Como as pessoas se tornaram ciborgues? Quem comanda as principais empresas? Essas perguntas são respondidas facilmente caso você dedique um tempo a explorar um pouco os cenários e conversar com os NPCs. No que diz respeito ao tempo de jogo, uma jornada concluindo todas as missões e atividades secundárias deve levar algo em torno de 15 a 20 horas. Um tempo bem maneiro quando se comparado ao valor investido no jogo! Vale mencionar que ao longo da minha experiência com o jogo, encontrei diversos problemas com a localização em PT-BR, o que prejudica e muito o entendimento da história e dos diálogos.
Espada sem Fio
A jogabilidade de Anno: Mutationem funciona basicamente como um hack’n slash com elementos de RPG. É possível usar ataques de curta distância, usando a espada de Ann, e de longa distância, usando armas de fogo que adquirimos ao longo do jogo. Nas lutas, conquistamos um recurso chamado de Grombitz que é usado para aprender novos talentos. No geral, todo o sistema funciona como dezenas de jogos similares, logo, não adentrarei mais nas especificidades dele.
O grande problema que encontrei no que tange o combate do game é a enorme disparidade entre a primeira metade da aventura e a metade final. Do meio pro fim, os inimigos se tornam esponjas de dano massivas, gerando lutas tediosas e nada prazerosas. O título basicamente se torna um “esmaga botão”, não demandando quase nada de estratégia e arrisco a dizer que até habilidade. Os chefes poderiam ser muito mais memoráveis, o que acaba sendo uma grande pena.
As formas de progredir a personagem também estão dentro do padrão, como mencionei acima. Por envolver uma temática cyberpunk/futurista, penso que a equipe poderia ter saído um pouquinho mais da caixa com a finalidade de apresentar uma progressão um pouco mais original e criativa. Não chega a ser um ponto negativo, mas, tira o brilho de uma obra que tinha tudo para ser especial.
A parte técnica de Anno: Mutationem
Como mencionei acima, os visuais do jogo me encantaram. O título usa pixel art e a decisão foi extremamente acertada, entregando uma atmosfera cyberpunk/futurista bem charmosa. A trilha sonora, que usa músicas eletrônicas, casou perfeitamente com os temas abordados no game e principalmente com o universo criado pela equipe. Como testei a versão de PlayStation 5, não tive nenhum problema relacionado a bugs, quedas de frames e os loadings estão ultra rápidos.
O único problema técnico que encontrei, que é bem grave, são os graves erros na localização dos textos em PT-BR. Temos palavras sem traduzir, palavras traduzidas de maneira errada, erros de concordância verbal. A experiência é tão ruim que fui obrigado a mudar o idioma dos textos para o inglês para entender melhor os diálogos. Louco, não é mesmo? Felizmente, o problema é fácil de se resolver e deve ser corrigido com o tempo com patches pontuais.
Anno: Mutationem – Vale a Pena!
Apesar de não ser tão bom quanto ele poderia ser, Anno: Mutationem é um bom indie com uma duração ótima. Pertencente ao China Hero Project, iniciativa da PlayStation para apoiar o desenvolvimento de games indies no país, o jogo é mais um exemplar de que devemos abrir os olhos cada vez mais para os games chineses.
PS: Este review foi feito com um código do jogo para PS5 cedido pela publisher Lightining Games.