Com lançamento para 26 de setembro de 2025, nas plataformas PS5, Switch e PC, a franquia Atelier vem nos agraciar novamente com seu segundo jogo em 2025, Atelier Resleriana: The Red Alchemist & The White Guardian.
Com a promessa de retornar ao combate de RPG por turnos e uma história mais amigável, será que a Gust conseguiu acertar e nos entregar um RPG que tenha presença em um ano com outros RPG bem fortes sendo lançados? Vem comigo que contarei minhas impressões neste review.
A história
Atelier Resleriana: The Red Alchemist & The White Guardian é uma sequência do jogo gacha Atelier Resleriana: Forgotten Alchemy and the Polar Night Liberator, que era exclusivo para celulares e PC e teve seu suporte encerrado recentemente. No entanto, o mais novo lançamento é totalmente offline e sem nenhuma característica de jogos gacha.
Felizmente, a história deste novo jogo não tem ligação direta com o anterior. Existem algumas citações de acontecimentos, mas nada que estrague a experiência. Assim, quem não jogou o gacha pode desfrutar plenamente da nova aventura.
Ao iniciarmos a história, já encontramos duas coisas incomuns na franquia: a possibilidade de escolher entre dois protagonistas para começar e a opção de um protagonista masculino.

Os dois protagonistas da história são Rias e Slade. Rias é uma menina muito carismática, que se preocupa com todos ao seu redor, curiosa, aventureira e quer ajudar na reconstrução de Hallfein, a cidade onde mora. Slade é um jovem corajoso, atencioso e protetor, além de ser muito forte.
Ambos têm uma característica em comum: perderam entes queridos há 20 anos em um acontecimento que assolou toda a região. Rias perdeu seu avô, que lhe deixou um armazém para cuidar, e Slade perdeu seu pai, que deixou para ele um livro e uma pulseira bem peculiares.
O primeiro encontro entre os dois acontece durante a exploração de uma ruína. Rias ouviu dizer que o local guardava mistérios e tesouros, e seu instinto de aventureira a leva a explorar o local. No entanto, ao se deparar com um grande monstro e correr sério risco de vida, Slade aparece e a salva. Mal sabiam eles que aquele encontro seria o início de uma grande aventura.
Misteriosamente, a pulseira que Slade havia ganhado de seu pai quando mais novo começa a brilhar e faz com que uma porta no local seja aberta, revelando uma grande sala com vários aparelhos desconhecidos e um grande caldeirão. Eles encontraram uma sala de alquimia, uma arte há muito tempo esquecida e que utiliza Mana para criar vários objetos.

A Mana é uma energia bastante rara no local. Apareceu na região junto com a queda de alguns meteoros no passado e hoje é encontrada raramente. Rias se sentiu automaticamente atraída pela energia emanada pelo caldeirão e, por algum motivo, entende que há um pouco de Mana concentrada dentro dele.
Durante o desenrolar da aventura, os dois descobrem que esta sala de alquimia pode ter ligação com o acontecimento de há 20 anos e pode dar respostas sobre o que aconteceu com seus parentes. De dentro da sala, o jogador encontra fendas que levam a dimensões paralelas, com diversos monstros e itens. A exploração dessas fendas se torna um dos objetivos principais.

Dentro das fendas dimensionais encontramos certas fadas, que são pequenos seres extremamente dóceis, e a nossa protagonista se apaixona imediatamente por eles. Eles estavam presos nas fendas e, ao encontrarem Rias e Slade, finalmente conseguem ir para o mundo real.
Eles oferecem ajuda a Rias para auxiliar na reconstrução de sua cidade em troca de dinheiro. Rias então decide utilizar a alquimia e as vendas em seu armazém para auxiliar na reconstrução da cidade com o auxílio de tais fadas.

Uma coisa bastante legal nesse jogo é que durante nossa exploração, encontramos diversos personagens dos outros jogos da franquia, que misteriosamente foram transportados de seus mundos para o do jogo. Alguns aparecem rapidamente para pedir ajuda em alguma missão, e outros até entram para nossa equipe.

Para os fãs da franquia, a introdução de personagens antigos acontece muito bem. Desde Ayesha a Ryza, todos são bem escritos, carismáticos e possuem uma excelente interação com nossos protagonistas. Um grande destaque é Raze, personagem do jogo Mana Khemia 2. Ele é o primeiro a entrar na nossa equipe, é bem forte e sua ajuda durante todo o jogo é vital.
No geral, a história do jogo é bem agradável. Possui um tom mais leve que Atelier Yumia, um foco maior em ajudar na restauração da cidade em que os protagonistas moram e no relacionamento entre os personagens, mas também tem seus momentos mais tensos, com algumas lutas contra Chefes bem interessantes, envolvendo um certo grupo de alquimistas mal-intencionados.
Como os personagens de outros mundos foram parar no mundo de Resleriana? Qual a ligação da sala de alquimia com as fendas dimensionais? O que aconteceu há 20 anos? Todas essas dúvidas me deixaram bem interessado em continuar a história.
A jogabilidade
Diferente de Atelier Sophie, que nos entregou batalhas com mais ação, Atelier Resleriana volta aos moldes antigos, trazendo de volta as batalhas por turno, com algumas características bem interessantes.
Os personagens podem usar ataques básicos, habilidades especiais, itens e defender durante as batalhas. Em relação à defesa, ela não vai zerar o dano que nosso personagem vai tomar, mas vai reduzir uma certa quantidade. No entanto, se defendermos exatamente no momento do ataque do inimigo, a redução de dano é maior, o que exige mais atenção do jogador.
Durante as lutas, temos uma espécie de fila demonstrando quem será o próximo personagem ou inimigo a fazer alguma ação. Isso é até comum em jogos de RPG de turno, porém a grande adição são efeitos bônus e até mesmo malefícios que podem vir nessa fila.

Por exemplo, estamos em uma luta contra três inimigos, e na fila aparece um símbolo que indica cura de vida. No entanto, esse símbolo pode aparecer tanto em nossos personagens quanto nos inimigos. Caso chegue a vez do inimigo de fazer uma ação e o símbolo estiver em seu ícone, ele irá recuperar um pouco do seu HP.
Aqui entra uma estratégia interessante: se você derrotar o inimigo antes que chegue a vez dele, o símbolo passa automaticamente para o próximo da fila. Então, saber qual inimigo derrotar primeiro é vital para um desempenho melhor em uma batalha.
Ao finalizarmos as batalhas, os personagens recebem experiência, o que pode fazer com que seus níveis aumentem, e recebem pontos de habilidade, que podemos utilizar para melhorar ataque, defesa, vida e liberar habilidades especiais bastante poderosas.

Inicialmente começamos a jornada somente com Rias e Slade como personagens jogáveis. Conforme progredimos na história, novos personagens entram no nosso time agregando bastante na experiencia.
Durante as batalhas, somente 3 personagens são usáveis, os outros ficam em um campo atrás dos 3 principais. Mas diferente de muitos RPG de turno atualmente, podemos utilizar algumas habilidades dos personagens que não estão sendo usados, chamado de Multi-Action, consumindo pontos chamados de TP, que conseguimos normalmente durante as lutas.

Conforme progredimos na história, liberamos um modo onde enchemos uma barra chamada Unite. Quando cheia, ela possibilita que outro personagem aleatório utilize uma habilidade contra um inimigo após fazermos uma ação. De início eu achei isso bem forte, mas depois o nível dos inimigos foi aumentando e o desafio ficou bem interessante.
Nesse mesmo modo, a cada nível de Unite, recebemos algum tipo de melhoria. Quando a barra atinge o nível 5, podemos entrar em um modo especial ao apertar o botão R3, chamado Unite Burst, onde nossos personagens se tornam mais poderosos e algumas habilidades exclusivas podem ser usadas.
De modo geral, as batalhas são bem divertidas, as novas mecânicas são bem introduzidas, sendo um grande diferencial para o jogo em um momento em que temos diversos RPGs bem conceituados sendo lançados.
Os ataques adicionais de personagens secundários e a possibilidade de usá-los usando o TP deixam o combate muito mais dinâmico, e em nenhum momento eu senti cansaço ao jogar.
Só preciso fazer uma ressalva envolvendo a quantidade de inimigos. Temos uma pouca variedade de inimigos e eles se repetem muito, mudando apenas cores e elementos. Isso é um problema recorrente da franquia, infelizmente.
A exploração
Todos os jogos da franquia Atelier sempre exigiram bastante exploração, pois um dos corações da franquia é justamente a alquimia. A criação de diversos objetos utilizando vários itens que encontramos durante a exploração, como madeira, ferro, animais, e várias outras coisas.

Ao analisarmos cada item que encontramos, vemos que eles possuem duas cores, uma do lado direito e uma do lado esquerdo. O objetivo é combinar as cores dos itens usados na alquimia para melhorar a qualidade e o poder do objeto que vamos fazer.
Um grande alívio nesse jogo é que a alquimia é extremamente fácil de entender. O processo é bem prazeroso e é fácil conseguirmos itens melhores. No entanto, é necessário coletar bastante recursos.
Um fator importante a considerar na alquimia é o nível dos itens. Cada item que encontramos nos cenários (obtido ao matar um inimigo ou construído usando a alquimia) possui uma letra, entre S, A, B, C, D, E, sendo E o mais fraco e S o mais poderoso. A criação nos entregará itens mais poderosos se utilizarmos sempre itens com níveis mais altos.

Com a alquimia, podemos criar diversos itens, desde equipamentos, armas, itens de cura, acessórios, entre outros. Para conseguirmos criar um item, é necessário finalizar missões secundárias e falar com vendedores na cidade para conseguir receitas.
Além de conseguirmos diversos itens e receitas, as missões secundárias exploram bastante alguns personagens secundários e seus problemas pessoais. É altamente recomendado fazê-las, pois além de ajudarem com itens, alguns personagens se tornam bem mais interessantes.
A exploração das fendas dimensionais é extremamente vital, pois podemos conseguir itens e equipamentos mais raros e com níveis maiores. Além disso, podemos enfrentar inimigos mais fortes, conseguindo assim mais experiência para os personagens.
Em Atelier Yumia, o mapa para exploração era bem grande, quase um mundo aberto. Neste jogo atual, a Gust optou por fazer mapas menores, com telas de carregamento de um para o outro. Considero um retrocesso, mas entendo que foi escolhido para deixar a exploração do jogo mais leve.
Comparando com Yumia, podíamos pular, atirar com a baioneta da personagem e até mesmo andar com uma moto que ela criou. Por outro lado, aqui em Resleriana, tudo ficou mais básico: só podemos explorar um mapa pequeno, quebrar algumas rochas que estão fechando alguma entrada e utilizar uma espécie de corda para balancear de locais específicos para o outro lado.

Um grande detalhe, e que ajuda bastante no “farm” de itens, é poder selecionar os itens que mais precisamos no momento. Eles aparecem com um símbolo no mapa, e podemos simplesmente nos teleportar para o local mais próximo e conseguir o item facilmente. Os teleportes nesse jogo são muito bem-vindos, auxiliam bastante na alquimia.
Um ponto bem interessante é que, ao aprender a usar a alquimia, Rias decide começar a fabricar vários itens para vender em seu armazém. Com isso, parte da arrecadação é encaminhada para ajudar na restauração da sua vila.

O armazém também possui níveis, que são aumentados conforme escolhemos os itens certos para a venda. Estes podem ser itens encontrados na natureza, equipamentos, itens manufaturados, entre outros. Quanto maior o nível do armazém, melhor a ajuda financeira enviada para a cidade.
As fadas nos ajudam na manutenção e nas vendas do armazém. Existem três funções e vagas para duas fadas em cada: Atendimento ao Cliente, Armazenamento e Limpeza. Cada fada possui um nível específico para cada função, e cabe ao jogador distribuir as tarefas buscando um melhor resultado.
Desempenho e Gráficos
No quesito desempenho, ao iniciar o jogo, não encontrei a opção de alternar entre os modos Desempenho e Qualidade. Infelizmente, não tenho métodos concretos para verificar em quantos FPS o jogo roda, mas sinto que, na maioria das vezes, atinge 60 FPS.
Algumas leves travadas ocorrem ocasionalmente, mas são rápidas e raras. Tive um problema que me fez reiniciar o jogo: ao colocar um personagem para dormir, a tela ficou preta e não voltava mais. Isso me irritou um pouco, mas por sorte o jogo tem save automático e não perdi nenhum progresso.
Em relação aos gráficos, a franquia Atelier nunca foi conhecida por ter visuais bem trabalhados, o que deixa a sensação de que a desenvolvedora se acostumou com um budget menor. Vemos texturas de baixa qualidade em vários locais. No entanto, há áreas com grande beleza artística, como regiões com lava, tumbas e campos gramados. Todos são bem bonitos no quesito artístico, mas com vários locais com texturas bem ruins.

Sons e Localização
Em todos os locais que exploramos, ouvimos uma música extremamente relaxante, o que nos proporciona uma leve sensação de paz enquanto procuramos itens nos cenários. Em momentos mais tensos, a música de fundo também se torna mais tensa, e nas batalhas ela adota um ritmo mais acelerado. Como sempre, no quesito sonoro, a Gust sempre acerta nas escolhas musicais.
Infelizmente, como de costume, Atelier Yumia não teve legendas em português, e o mesmo se repete aqui. Já está passando da hora da Gust, junto com a Koei Tecmo, começar a investir mais nessa questão. Garanto que muitos brasileiros se sentiriam mais atraídos pela franquia se houvesse, ao menos, tradução nos textos.

Review de Atelier Resleriana: The Red Alchemist & The White Guardian – Vale a Pena?
Atelier Resleriana é um excelente RPG, possui mecânicas nas batalhas de turno e de alquimia bem interessantes, um combate dinâmico, uma história mais leve, porém com momentos mais sérios bem interessantes e que prendem o jogador do inicio ao fim. Peca por seus gráficos dos cenários serem bem inferiores aos vistos atualmente por outros RPG, os mapas menores também demonstram um retrocesso comparado aos últimos jogos, além de não ter tradução em português. Mas no geral, é uma experiência bem positiva que recomendo a todos que gostam de um bom JRPG.
Atelier Resleriana: The Red Alchemist & The White Guardian é um bom jogo, possui mecânicas bem interessantes em suas batalhas de turno, o que não as deixam cansativas. Possui uma história bem intrigante, com várias reviravoltas. Porem falha ao ter mapas pequenos, com pouca interação e com gráficos bem aquém dos esperados atualmente. No geral é um ótimo jogo para fãs de JRPG.
Pontos Positivos
- Historia interessante
- Batalhas de turno com mecânicas interessantes
- Sistema de Alquimia bem amigavel
Pontos Negativos
- Falta de tradução pra portugues brasileiro
- Cenários pequenos com pouca opção de exploração
- Pouca ou nenhuma evolução gráfica.
- História
- Desempenho
- Visuais
- Gameplay
- Som