Batora: Lost Haven é um novo RPG de ação que não busca e nem promete grandiosidade. Pelo contrário, ele aposta na simplicidade bem feita para cativar os fãs de um gênero que carecem de boas opções. Com visão isométrica e uma jogabilidade que flerta com o hack’n slash, é inevitável pensar em Diablo ao longo da nossa experiência. Mas calma, o sistema de loot não se faz presente aqui e o estúdio Stormind Games optou por um caminho diferente para diferenciar sua criação dos demais jogos.
A Salvadora
A narrativa do projeto é um tanto quanto clichê. Nós controlamos Avril, uma humana que acaba sendo escolhida por duas entidades para salvar o mundo. Com a Terra colapsada, a garota parte em uma jornada por quatro mundos diferentes com a finalidade de restaurar os núcleos de cada planeta e trazer o equílibrio de volta.
Para fugir do óbvio, os desenvolvedores decidiram colocar decisões morais na história, gerando dois tipos de caminhos distintos: o Caminho do Conquistador e o Caminho do Defensor. Como os nomes já indicam, um dos caminhos é mais pacífico e acolhedor, já o outro é mais bruto e resolutivo. Para a minha feliz surpresa, as consequências realmente possuem um impacto profundo na trama, causando até mesmo a morte de NPCs que nós aprendemos a gostar pelo caminho, logo, a decisão da equipe foi muito bem acertada. Um ponto interessante é que as decisões não são “preto no branco” e testam o senso moral de quem joga a todo momento.
Por ser um indie, também fiquei surpreso ao saber que todos os personagens principais e secundários possuem voice act e a qualidade do trabalho de atuação dos dubladores é excelente. As cutscenes também apresentam um estilo único que em boa parte das vezes muito se assemelha à uma fábula, trazendo um senso maior de imersão para a história. A história é bem objetiva e os cenários são um tanto lineares, algo que se adequa aos padrões de aRPGS isométricos. A exploração é mínima em Batora: Lost Haven e isso é algo positivo no game.
Sol e Lua
Incorporar mecanismos multidimensionais na jogabilidade tem se tornado algo cada vez mais comum na indústria dos games. Após The Medium e Soulstice, chegou a vez de Batora: Lost Haven seguir a tendência. Avril, a protagonista, é auxiliada por duas entidades: o Sol e a Lua. Graças aos poderes desses seres cósmicos, a garota é capaz de assumir duas formas distintas. A forma física do Sol, que a concede poderes de fogo e uma espada gigantesca e a forma espiritual da Lua, permitindo que ela lance poderes à distância.
Mais do que um dinamismo bem vindo no combate, a mudança de formas é vital para resolver puzzles e conseguir progredir na história. Por falar em puzzles, senti que o jogo pesa um pouco a mão na quantidade desses enigmas. Não que a presença deles seja algo ruim, mas como não existe um grau muito grande de variação, a tarefa se torna repetitiva rapidamente, tornando todo o sistema cansativo.
Voltando a falar sobre o combate, ele é bem simples, porém incrivelmente funcional. Podemos lançar combos em cada forma, além de aprender diversas habilidades poderosas. Um redemoinho que afasta inimigos, um rodopio flamejante poderoso.. O leque de habilidades é bem satisfátorio para o tamanho do game. Os inimigos surpreendentemente também apresentam elementos específicos. Os inimigos do elemento Sol recebem mais dano dessa forma e vice-versa, o que demanda uma mudança constante de forma nos combates. Um detalhe que o jogo acaba deixando a desejar é na personalização. Como ele não apresenta um sistema de loot, as melhorias de Avril são realizadas ao equipar Runas. Essas runas podem ser obtidas ao realizar missões, com mercadores e em baús. As opções são bem básicas, seguindo o padrão de todo RPG (mais vida, maior taxa de ataque crítico e por aí vai). Senti falta de um maior senso de liberdade na progressão de Avril, mas, entendi que a proposta de Batora: Lost Haven é de fato ser um aRPG compacto.
Nova geração?
Apesar do jogo apresentar uma versao de PS5, ele deixa em evidência que foi construído com base nos consoles da geração passada. O DualSense não foi aproveitado pela equipe, contudo, o desempenho é bem satisfátorio. Os loadings, quase inexistentes, permitem que o jogador sofra o mínimo de interrupção possível, o que é um forte ponto positivo.
Os dois grandes destaques técnicos do game pra mim é a qualidade do voice acting, fator já mencionado acima, além dos visuais em low poly que garantem um charme interessantíssimo ao jogo. É preciso lembrar que Batora: Lost Haven se trata de um indie com uma proposta bem honesta, logo, podemos considerar que ele cumpre o prometido!
Batora: Lost Haven – Vale a Pena
Honestidade é a palavra que melhor define o jogo. Com uma história que beira o clichê, mas que apresenta decisões e consequências reais, e um combate simples mas satisfatório, o título é uma ótima opção para os jogadores que buscam um aRPG despretensioso que diverte bastante. Vale destacar que os textos foram localizados para o nosso idioma!
PS: Este review foi feito com um código do jogo para PS5 cedido pela Team17.