Não é nada fácil inovar no gênero metroidvania. Presente na indústria por décadas, já vimos quase de tudo nele. Mas o estúdio canadense Lucid Dreams tinha um sonho: fazer o impensável.
Nesse review de Biomorph, você vai descobrir como o time teve êxito fazendo o improvável e os motivos que me levam a recomendar o jogo!
PS: Joguei no PS5 Pro mas no momento do review o jogo não tinha um patch disponível para o console.
Era uma vez um biomorfo
Nossa jornada é protagonizada por Harlo, um ser de uma espécie perdida que acorda sem memórias.
Como era de se esperar, na medida que progredimos na história, acionamos flashbacks que explicam nossa missão e de onde viemos.
A narrativa de Biomorph não é ruim mas ela também não é fantástica. Já vimos a história mais de uma vez em outros metroidvanias e, por conta da falta de voz nos diálogos, os personagens acabam meio que sem identidade.
E aí que temos um choque de dualidade. Mesmo com uma história que faz o básico e personagens nada marcantes, é muito difícil largar Biomorph até ver os créditos na tela!
Eu levei cerca de 16 horas pra platinar o jogo. É preciso coletar tudo, fazer todas as missões e os 3 finais. Um ponto digno de nota é que o estúdio caprichou nos finais do game. Temos duas escolhas impactantes a serem feitas e com desfechos profundamente diferentes.
O final verdadeiro está atrelado ao 100% do jogo, algo padrão em títulos desse tipo. É curioso ver que existiu um capricho com o texto dos finais e o de algumas missões secundárias.
Temos missões bem legais e que só não são tão marcantes pelo problema da falta de identidade e importância com os personagens do jogo.
A duração das 16 horas é perfeita e em nenhum momento tive o sentimento de repetitividade. E, vale mencionar, todos os textos estão localizados em nosso idioma!
Agora, você deve estar se perguntando: o que é um biomorfo? Explicarei no tópico a seguir!
O ápice da adaptação
No começo do texto eu falei que inovar em um metroidvania é difícil. Bom, a Lucid Dreams dá uma pista de como eles conseguem através do nome do jogo.
Ao derrotar os inimigos comuns, Harlo é capaz de absorver suas formas. São mais de 15 tipos diferentes de bioformas e elas estão intrinsecamente ligadas à exploração e progressão.
Existe um inimigo por exemplo que é uma espécie de piranha. Só conseguimos explorar áreas aquáticas que são fundas ao usar a forma dele.
Cada bioma diferente apresenta entre 3 a 4 inimigos novos que demandam que o jogador absorva suas formas para progredir. A variedade é simplesmente absurda, ainda mais para um indie. Graças a isso, Biomorph nunca fica chato e surpreende em cada esquina!
Em paralelo à isso, Harlo aprende habilidades de travessia que seguem o padrão do gênero: o dash no ar, planar e por aí vai. No fim, temos dezenas de habilidades de travessia que foram muito bem conectadas ao game.
O level design é intuitivo e o próprio mapa avisa se todos os segredos da “sala” foram descobertos. Ela fica com a moldura dourada. Biomorph é um metroidvania bem democrático e isso se reflete em sua dificuldade. No começo ele é desafiador mas depois vira um passeio no parque, demandando atenção apenas nos trechos de plataforma.
No quesito progressão, ela se divide em três categorias: os biomorfos, os chips e os mementos. Cada vez que absorvemos uma criatura, o contador de biomorfo é preenchido, indo até o nível 3. Todas as formas de inimigos podem ser melhoradas.
Os chips são as habilidades ativas de Harlo. Temos duas luvas que servem como boxe mas podemos trocar elas por um lançador de granadas, uma espingarda, um lançador de gatos e por aí vai. A variedade é bem grande.
Além dos chips, temos os mementos. Os mementos são meio que o equipamento de Harlo e contam como habilidades passivas. Encher o life mais rápido, reviver, dar mais dano.. Eles seguem a cartilha padrão dos metroidvanias.
Por fim, mas não menos importante, temos um hub onde podemos melhorar nossos chips e mementos, conversar com os personagens, construir e aprimorar projetos de prédios e laboratórios e por aí vai.
O sistema é bem básico mas cumpre o propósito de servir como uma espécie de evolução do hub.
Uma decepção no que tange o gameplay foram os chefes. Não temos nenhum chefe marcante e eu achei todos muito fáceis de serem derrotados, até o chefão do final verdadeiro. Não precisa ser impossível mas não me senti desafiado em nenhum momento.
Um indie de respeito
O estúdio canadense não escondeu que fez Biomorph com poucos recursos disponíveis e, mesmo assim, entregou um trabalho técnico impecável.
Os visuais cartoonescos combinaram muito bem com a vibe do jogo, não tive nenhum problema de desempenho e a localização do texto estava perfeita.
Os loadings só existem quando trocamos de um bioma para outro e mesmo assim são bem rápidos. Tecnicamente falando, o que mais me impressionou no jogo foi o trabalho feito com os efeitos sonoros.
Podemos ouvir o som das máquinas, gatos miando e muito mais. O empenho feito nesse departamento foi formidável!
Review de Biomorph: Vale a Pena!
Inovar em um metroidvania é um sonho de muitos estúdios e, felizmente, a Lucid Dreams fez isso com louvor. Apesar de não ser perfeito, Biomorph entrega qualidade e um charme difícil de encontrar no meio. Abrace a forma e dê uma chance, você dificilmente vai se arrepender.
Como um sonho lúcido, Biomorph traz inovações incríveis para um dos gêneros mais concorridos da indústria, entregando uma aventura excelente que merece ser jogada por todos os fãs de metroidvanias.
Pontos Positivos
- Mecânica genial de absorver inimigos
- Level design intuitivo
- Efeitos sonoros incríveis
Pontos Negativos
- Falta de voz nos diálogos
- História poderia ser melhor
- Chefes muito fáceis
- História
- Jogabilidade
- Desempenho
- Visuais
- Som