Blacktail, um RPG de ação em mundo aberto chega hoje (15) para PlayStation 5, Xbox Series S e X; e PC. Tendo por trás de seu desenvolvimento o estúdio estreante Parasight, com suporte do Focus Entertainment, responsável por A Plague Tale 1 e 2, fiquei extremamente curioso com o título. A narrativa sombria em um mundo colorido e misterioso rapidamente me atraíram e incentivaram a iniciar essa jornada. Será que Blacktail consegue envolver o jogador em seus contos e histórias? Bom, de início posso dizer que o potencial é alto e que a equipe fez escolhas assertivas em muitos momentos, mas outras, nem tanto. Vem comigo!
A narrativa de Blacktail
Baseado em um conto Eslavo, Blacktail se dispõe a introduzir e envolver os jogadores a essa nova história e contextos, o que ele acerta em cheio. O mundo misterioso e instigador é moldado por uma história dramática, onde somos colocados na pele de Yaga, uma jovem bruxa que precisa partir em uma jornada na busca por sua irmã perdida, Zora.
No mundo de Blacktail somo guiados por uma voz desconhecida, que nos acompanha nos contextualizando, dando dicas e alertas. Confesso que caminhando pelo mundo do game tive sentimentos que títulos como Alice no País das Maravilhas me trouxeram, descobertas, segredos, perigos e um universo muito mágico. A história é sem dúvidas um dos pontos mais interessantes em Blacktail e o nosso maior motivador para seguir a jornada.
Jogabilidade
Em Blacktail o combate é integralmente à distância, majoritariamente desenvolvido para ser jogado com um arco e flecha misturando alguns poderes mágicos de Yaga. Como todo RPG, existem diversas atualizações e criações de novas habilidades, onde nos dá a possiblidade de evoluir nossa personagem e mixar nossos ataques.
Cada habilidade te requisita um determinado número de recursos e progressão de história. Um problema que tenho a mencionar é a forma que acessamos a aba habilidades, não é permitido apenas apertar um botão e ser direcionado para lá, como de costume. Mas precisamos acessar um gato preto que serve como “fast travel” do lugar que estivermos no mapa para um local chamado “A Cabana”. Lá acessaremos um caldeirão onde faremos as misturas para adquirir a determinada habilidade. Entendo que a equipe quis tentar uma maior imersão em ser uma bruxa, mas após algumas vezes atualizando a personagem se torna uma tarefa cansativa.
Como sabemos, Blacktail é criado em um mundo aberto, o que na minha opinião acaba virando um sabotador a excelente ambientação do título. Muitas vezes é necessário gastar um grande tempo apenas coletando itens para fabricar flechas, o que torna a experiência extremamente cansativa. Esse é pra mim um defeito além dos tradicionais mundo abertos, porque em Blacktail é ainda mais escasso. Todas essas dificuldades tornam o jogo muito mais sobrevivência do que ação.
No game também existe um sistema de moral, onde você desbloqueará habilidades de acordo com suas ações. Por exemplo, você pode ajudar os animais e personagens secundários a conseguirem seus objetivos, muitas vezes essa ajuda pode ser benéfica ou maléfica para o mundo. O sistema, apesar de complexo, não impactou diretamente na minha narrativa, sinto que independente das ações que escolhesse o destino final seria o mesmo.
Desempenho e Gráficos
Blacktail te dá duas opções de escolha, modo desempenho e qualidade, onde um é focado no 60fps, enquanto o outro tem o 4k e recursos gráficos como mais importantes. O jogo no PlayStation 5 é muito competente, mantendo os 60 fps estáveis e gráficos excelentes. O modo qualidade, na minha opinião, não vale à pena. Isso pois não se ganha muito graficamente, enquanto se perde muito em fluidez de gameplay. Lembrando que por se tratar de um jogo em primeira pessoa, quanto mais fps, mais interessante se torna a sua jogatina. Um adendo importante é que tive um problema no save e precisei reiniciar o jogo, perdendo bons 25 minutos de progresso.
O jogo é muito bonito graficamente e artisticamente, se tornando uma das maiores qualidades de Blacktail. O mundo é muito vivo com cores vibrantes, os personagens tem designs interessantes, apesar de serem repetitivos. A ambientação é muito bem utilizada e o mundo consegue, com competência, transmitir a sensação de magia, descobertas e mistérios no quesito visual.
Estas foram algumas capturas que fiz in game, jogando no modo desempenho. Podemos ver a qualidade das iluminações e ambientação, realmente de tirar o fôlego.
Trilha sonora
Sabemos que contos e mitologias sempre são carregados de muita tradição e cultura, diversas vezes as canções são as peças mais importantes para nos marcar e trazer lembranças. Com um cuidado impressionante para com a mitologia, Blacktail faz muito bem, também, esse papel na trilha sonora. É um misto de algo sombrio com um toque de esperança nas canções eslavas. A trilha para a exploração também é bem utilizada, pecando apenas para quando entramos em combate, que acaba sendo repetitiva e pouca explorada.
Blacktail – Vale a Pena?
Com rodeios e com mistérios, talvez. Blacktail é um game que consegue divertir bastante, seu mundo é muito interessante e sua história desperta muito nossa curiosidade. O jogo tem uma narrativa que poderia ter sido melhor trabalhada na minha opinião, muitas vezes a exploração do cenário para colher recursos acaba se tornando cansativa, impedindo o jogador de progredir por um tempo grande demais. Isso acontece porque a variação de inimigos e cenários não é lá muito bem trabalhada, mas tem explicação, por ser tratar de um estúdio indie com limitações financeira, alguns recursos podem não ter sido tão bem utilizados. Entra aí a minha opinião de que um mundo aberto para contar a história pode não ter sido a melhor opção. As razões para a incerteza na recomendação ficam por tudo que falo nessa review, como alguém não muito fã de jogos em mundo aberto, me senti realmente incomodado em diversos aspectos, porém reconheço a qualidade do game em diversos outros e, para os apreciadores do gênero, certamente é algo que não atrapalhará a experiência.