Podemos dizer que 2022 foi um ano de “retorno” nos games. Diversas franquias ganharam novos títulos, já outras foram reintroduzidas para o público no formato de remaster ou remake. Esse é o caso de Crisis Core: Final Fantasy VII Reunion, relançamento do jogo de PSP disponibilizado originalmente em 2007.
Em seu estado original, o game apresentava boas ideias, contudo, elas foram acompanhadas de uma execução não tão boa, fazendo com que o título não decolasse globalmente. Agora, com a saga em alta, o remaster goza do melhor momento possível para trazer as aventuras de Zack de volta ao mundo.
A História
O enredo de Crisis Core se passa 7 anos antes dos eventos de Final Fantasy VII. O protagonista é Zack, o soldado que herda a famosa Buster Sword antes do idolatrado Cloud. O objetivo principal do título é derrotar Genesis, um Soldier 1st Class que trai a Shinra e começa a criar cópias de si mesmo.
Em meio a idas e vindas, projetos científicos e reviravoltas impressionantes, Crisis Core é um deleite para os fãs de Final Fantasy. Conhecer a história de Angeal, Genesis, lutar ao lado de Sephirot e aprender mais sobre as maquinações da Shinra é um presente maravilhoso pra encerrar 2022 com chave de ouro. Outro ponto importante é ter o primeiro contato com personagens extremamente importantes pra trama geral de Final Fantasy 7: Tiffa, Cloud, Aerith e cia.!
Assim como eu, imagino que milhões de jogadores não tiveram a chance de experimentar o game original no PSP, logo, não existe momento melhor do que agora. Os cenários receberam bons incrementos visuais, os modelos de personagens e texturas foram atualizados, tornando a experiência um pouco mais agradável e afastando um pouco a defasagem causada pelo tempo. Mas, que fique claro, apesar do makeover, o jogo não consegue esconder tão bem seus 15 anos de idade.
A campanha dura cerca de 12-15 horas para ser concluída, contudo, caso você decida completar todas as missões secundárias, a duração sobe facilmente para pelo menos 50 horas. O conteúdo secundário é vasto e oferece recompensas necessárias caso você planeje enfrentar o Hard Mode.
Final Fantasy Cassino
O combate do jogo acontece em tempo real de uma maneira bem similar ao que vimos no remake de Final Fantasy 7. Podemos golpear com a espada de Zack, desviar e usar as diferentes Materias presentes no game. Só podemos equipar acessórios e as referidas Materias, limitando bastante a progressão de personagem. Pra se diferenciar dos demais títulos, Crisis Core conta com um dos sistemas mais exóticos que já vi em um sistema de combate de um game: o DMW.
Chamado de Digital Mind Wave, o sistema basicamente consiste em uma roleta/caça-níquel que fica girando na batalha. Ao atingir numerações específicas, efeitos especiais são ativados. Aumento de HP, AP, SP, possibilidade de lançar magias temporariamente sem gastar SP e por aí vai.. Quando as figuras de personagens se emparelham, podemos lançar um ataque especial em conjunto que causa uma grande quantia de dano ou, se for o caso de combinar a figura do Summon, invocar alguma criatura poderosa.
O sistema é um tanto inusitado e pode irritar um pouco. Ele consegue facilitar até demais algumas batalhas, concedendo efeitos poderosos que permitem obliterar rapidamente o inimigo. Contudo, em batalhas difíceis, muitas vezes o aspecto aleatório do DMW me deixou na mão, dificultando ainda mais o embate.
A ideia é ousada e interessante de se ver, mesmo 15 anos depois, contudo, o caráter RNG da coisa faz com que ela seja uma caixinha de surpresas que poderia facilmente ser descartada sem prejudicar a experiência.
Pateta, é você?
Apesar dos incrementos visuais muito bem-vindos, um aspecto das cutscenes me incomodou bastante. As expressões faciais são bem enfadonhas, claramente seguindo o estilo artístico de Kingdom Hearts. Não que isso seja um problema por si só, contudo, a trama de Crisis Core é mais pesada e cheia de momentos emocionantes para um fã da franquia.
Graças às expressões faciais, muitos desses momentos perdem um grande impacto. Outro ponto é que essa filosofia também foi transportada para boa parte dos diálogos do jogo, gerando conversas bobas enquanto o mundo “se acaba”. Eu sei que Reunion é apenas um remaster e que apenas uma reconstrução do jogo resolveria esse problema, mas, não posso deixar de mencionar o aviso. Essa infantilização das cenas e diálogos não conversa com o teor da história e o grande senso de urgência que a trama contém dentro de si, o que causa um impacto enorme na experiência.
Por falar em teor da história, a trilha sonora fantástica composta por Takeharu Ishimoto. É raro um título da Square Enix decepcionar nesse sentido e Crisis Core é mais uma prova disso.
PS5 em ação
Crisis Core usa e abusa do poder do PlayStation 5 pra praticamente exterminar os loadings e entregar uma experiência incrivelmente fluída que corre a todo momento em 60 FPS. Graças a natureza de ação do seu combate, esse desempenho exemplar torna a jogatina muito mais prazerosa.
Um ponto negativo é a quase não implementação do DualSense. Por ser um remaster, imagino que o estúdio não quis gastar muito tempo ou recursos para implementar os sistemas do controle objetivando uma maior imersão.
Crisis Core: Final Fantasy VII Reunion – Vale a Pena?
Se você for um fã da franquia, eu diria que o título é obrigatório. Como mencionei acima, ele reúne diversos personagens emblemáticos e explica um pedaço gigantesco da história. Pra você que não é fã, temos alguns poréns nesse meio de campo. Apesar da repaginação visual, o título continua datado por conta de sua idade elevada. Estamos falando de um jogo lançado em 2007. As estruturas envelheceram com o tempo, apesar do combate se sustentar bem mesmo diante dos padrões atuais. Outro ponto importante que deve ser citado é a ausência de legendas em PT-BR. O ponto mais forte do game é sua história, logo, se você não entender inglês, vai perder o maior atrativo da aventura. Tenha em mente esses dois pontos antes de decidir pela compra ou não do jogo.
Não poderia agradecer o suficiente à Square Enix por ter tomado a decisão de trazer o jogo de volta para os dias atuais. Como disse, não tive a oportunidade de conhecer o original e acabei perdendo uma das melhores narrativas dentro da franquia. Mal posso esperar pela próxima reunião com Final Fantasy 7!
PS: Este review foi feito graças a um código de PlayStation 5 cedido pela Square Enix Latam.