Não é nenhum segredo que eu sou um grande fã da franquia Tails of Iron. O primeiro jogo, lançado em 2021, me encantou demais e, diante disso, o hype para a sequência estava gigantesco. Felizmente, eu tive a oportunidade de jogar a versão final em antecipado, e, graças a isso, trago esse super review de Tails of Iron 2 pra vocês!
Pelo Norte
No primeiro jogo acompanhamos Redgi em sua jornada heróica que lembrava um conto medieval de cavaleiro. Nessa sequência, o herói da vez é Arlo, um bastardo que acaba perdendo seu pai e o lar em um ataque impiedoso dos morcegos liderados pelo Conde Kozak.
O anterior, como mencionei acima, tem uma temática que se assemelha mais aos cavaleiros medievais e a sequência puxa mais para uma temática nórdica, onde o Norte e seus costumes ganham foco.
A narrativa segue um tom quase que idêntico ao do primeiro jogo, com Arlo partindo em uma jornada para vingar seu pai e o seu lar. Até a ordem cronológica dos eventos é a mesma: a cidade é destruída, recrutamos NPCs cruciais para a reconstrução da vila, ajudamos povoados próximos e depois reunimos uma coalizão para derrotar os morcegos de uma vez por todas.
A novidade aqui é na escala do conflito. Arlo explora o mundo em busca de novas alianças e conhecemos vários reinos diferentes. Os diálogos continuam acontecendo através de ícones e sons engraçados e as explicações ficam a cargo do narrador Doug Cockle, a voz de Geralt de The Witcher 3: Wild Hunt. O trabalho de Doug continua impecável e concede um charme a mais para a história do jogo.
Todos os textos estão localizados em nosso idioma e a duração é satisfatória. Eu obtive o 100% em cerca de 9 horas jogando na dificuldade Normal. Em suma, é a mesma duração do primeiro jogo. Penso que esse é o tempo ideal que ajuda a evitar que a sensação de repetitividade tome conta da jornada.
O poder dos elementos
O combate de Tails of Iron 2 segue os mesmos preceitos do primeiro, logo, espere por embates brutais que podem resultar na morte de Arlo em poucos golpes. O jogo conta com uma seleção de dificuldade, incluindo a Bloody Whisker, que chegou posteriormente como DLC do primeiro, desde o início da aventura.
Eu joguei na dificuldade Normal e penei muito no começo. E olha que sou um veterano em jogos com mecânicas souslike. A curva de dificuldade do jogo é bem inusitada. O começo é cruel e você vai morrer MUITAS vezes, contudo, do meio pro final, o jogo se torna incrivelmente fácil.
Na medida que você evolui a base de Arlo e começa a aprimorar as armas e equipamentos, o game vira um passeio no parque. O sistema de upgrade é bem simples e funciona da mesma maneira que o anterior. As armas e armaduras possuem três níveis de raridade. São MUITAS peças de equipamentos por conta do sistema fortemente inspirado em Monster Hunter. As construções da base também apresentam três níveis e são bem tranquilas para serem aprimoradas.
Temos a Loja, onde compramos consumíveis e materiais, a Cozinha, onde preparamos refeições para aumentar o HP de Arlo, o Ferreiro que é autoexplicativo e a Construtora que serve como uma espécie de empreiteira e permite melhorar as outras edificações. O sistema é direto ao ponto. O jogo quer que você saia, explore e enfrente os perigos, não que gaste horas gerenciando uma base ou NPCs.
Uma das novidades do jogo são as caçadas e, para a minha feliz surpresa, elas realmente funcionam de maneira muito parecida com a franquia da Capcom. Pegamos o contrato com o NPC responsável por elas na região e vamos atrás do monstro. Na medida que vamos tirando HP deles, eles começam a ficar machucados e fogem para um novo local.
Não demora muito para liberarmos a viagem rápida dentro de cada zona, logo, não fique com medo do backtracking. Tails of Iron 2 não é um metroidvania!
As caçadas podem ser repetidas para que a gente consiga materiais e fabrique os sets específicos de cada monstro. Honestamente, eu achei que o jogo tem muitas opções de armas e armaduras. Mais do que deveria ter. E o excesso acaba inutilizando a maioria.
Eu usei a mesma arma, um machado de fogo, praticamente o jogo quase todo. O motivo é que boa parte dos inimigos possuem fraqueza contra o elemento. O mesmo vale pro set. A maior parte dos adversários usam ataques de veneno, logo, priorizei a armadura da Tecelã que concede uma boa defesa contra esse elemento e ela ainda é leve, garantindo mobilidade nos combates. E sim, é preciso ficar atento ao peso.
Um detalhe fantástico é que podemos mudar de equipamento a qualquer hora e isso é muito importante no jogo. Às vezes nos deparamos com um inimigo resistente a raio por exemplo com uma arma de raio equipada. Com a troca a qualquer momento, podemos nos adaptar à situação rapidamente. Só senti MUITA falta de um sistema com loadouts diferentes e a possibilidade de trocar eles com um único toque, algo que vimos recentemente em Enotria.
Por falar em elementos, outra novidade no combate são as magias. Podemos soltar magias de quatro elementos diferentes e elas acabam ajudando a facilitar e muito a aventura. Combinando os feitiços com as armas de longo alcance, várias lutas contra chefes acabaram se tornando triviais e eu mal era tocado.
Mesmo na dificuldade Normal, o jogo é muito generoso no que diz respeito aos recursos e isso acaba ajudando a facilitar a aventura de Arlo. Eu nunca fiquei sem flechas ao longo da jogatina e sem pedra de amolar. A pedra de amolar talvez é o item mais importante de Tails of Iron 2.
Ao usar ela, a arma fica afiada por X golpes, aumentando e muito o dano causado. Após golpear vezes o suficiente, a arma perde o fio e passa a causar dano normal, demandando o uso da pedra de amolar novamente. Esse uso é opcional, mas, acredite, NUNCA fique sem amolar sua arma!
Outro item formidável, que chega como novidade no game, são as armadilhas elementais. Essas armadilhas podem ser colocadas no chão e ajudam a interromper os ataques inimigos. Contra os chefes elas salvam vidas! Ah, o bestiário também é importante. Servindo como um almanaque do caçador, o recurso ajuda a informar ao jogador quais são as fraquezas do inimigo.
Parece que a Oddbug Studio adora caçar monstros por aí! Essas adições, que, como mencionei, lembram Monster Hunter, caíram como uma luva no jogo e tornaram a experiência melhor. É curioso pois Salt and Sacrifice, outro indie que eu gosto muito, seguiu um caminho similar.
Rodas tunadas
Tails of Iron 2, felizmente, não tenta reinventar a roda e isso funciona bem aqui. O escopo do jogo está maior e vários de seus sistemas prévios foram incrementados. Nem todo jogo precisa ser criativo, ainda mais um que esbanja personalidade desde a sua criação.
O estilo visual, que segue a proposta mais próxima de um desenho animado feito à mão, continua e casa perfeitamente bem com a ideia. O estúdio já sabia e continua sabendo trabalhar bem com um orçamento limitado e isso se reflete em toda a parte técnica do jogo.
A trilha sonora e os sons são formidáveis e até os diálogos, que não possuem vozes, arrancam bons risos do jogador graças à presença de efeitos engraçados que fazem alusão aos sons dos animais em questão. O desempenho está quase perfeito e isso já era de se esperar, afinal, estamos falando de um projeto indie em 2D rodando no PS5 Pro.
Ele só não está completamente perfeito por conta de quedas de frames em três “salas” específicas do jogo. Como o problema só acontece nesses locais extremamente específicos (e eu joguei o game com semanas de antecedência), o problema é compreensível e existem altas chances dele sequer existir na versão de lançamento.
Um ponto que me incomodou em relação a parte técnica é a falta de opções para diminuir o tamanho da legenda. Em PT-BR, muitas vezes a legenda acabava tomando parte da tela inteira, o que chegou a prejudicar até o andamento de certas lutas mas não chega a ser nada grave.
Review de Tails of Iron 2: Whiskers of Winter – Vale a Pena!
Eu confesso que sou suspeito pra falar de Tails of Iron. A IP da Oddbug Studio se tornou uma de minhas franquias indies prediletas. O primeiro jogo me conquistou demais e eu fico feliz em afirmar que as expectativas em relação ao segundo foram muito bem atendidas.
O estúdio tomou um caminho mais saudável, crescendo a franquia de uma maneira inteligente e dentro da realidade. O que já era charmoso (e brutal), foi amplificado, transformando Tails of Iron 2 em um jogo imperdível.
Se você adorou o primeiro, considero essa sequência como obrigatória. Arlo é tão cativante quanto Redgi e, no final da jornada, você vai enxergar cada ratinho da vida real de um jeito diferente!
A Oddbug Studio não inventou moda, pegando o que já era bom e tornando excelente. Tails of Iron 2 dá aula de como fazer uma sequência!
- História
- Jogabilidade
- Visuais
- Desempenho
- Som