Eu preciso começar esse review de Death Stranding 2 fazendo algumas confissões – eu não joguei o primeiro e esse é apenas o terceiro jogo dirigido por Hideo Kojima que eu zero na vida.
Na época, o primeiro jogo não me despertou interesse, contudo, após vários amigos insistirem pra eu dar um voto de confiança, eu decidi “visitar essa praia”. E, bom, eu fiquei bem feliz de ter feito isso.
O jogo está longe de ser perfeito mas a “experiência Hideo Kojima” é única demais e merece ser vivenciada ao menos uma única vez. Nesse review de Death Stranding 2, eu vou te contar tudo que eu gostei e desgostei no jogo e darei o meu aval final se ele merece seu tempo e dinheiro!
Laços e bastões
Eu fiquei receoso com o que iria achar da narrativa da sequência, afinal, eu não joguei o primeiro. Todos os comentários sobre Death Stranding 1 reforçavam o quanto Kojima é um “gênio louco”, que a história era complexa e tudo mais.
Me preparei antecipadamente assistindo e lendo recapitulações e me joguei nessa sequência.
Eu fui jogar o 2 com essas expectativas e acabei me surpreendendo mas não de um jeito positivo. A história do segundo jogo é bem óbvia e o estúdio não faz esforço pra esconder os maiores segredos da aventura. Se você prestar atenção, muitos dos enigmas que servem de alicerce pra história podem ser desvendados logo nos capítulos iniciais.

O jogo também respeita e assume que muitos são novatos, explicando vários termos através dos diálogos. Isso é feito de uma forma inteligente e bem dosado, de modo que os veteranos não fiquem de saco cheio com a reexplicação das coisas.
No geral, meu sentimento é de que a história é ótima mas não chega a ser excelente.
Temos 3 narrativas que se desenrolam de maneira simultânea e o foco acaba sendo em explicar as coisas. Em virtude disso, eu acabei sentindo falta de um maior desenvolvimento de personagens e dos temas abordados na trama.
Rainy e Tomorrow foram adições fantásticas, reforçando o quanto o elenco de personagens (e atores) são fantásticos. Mas qual o sentido de ir além e chamar Elle Fanning pro seu jogo e não tornar ela o foco da coisa?

Até as críticas que Death Stranding 2 flerta em fazer acabam sendo vagas, tudo por conta do senso de urgência em colocar um ponto final em perguntas que nem existiam antes.
Comentando com um amigo, muitas vezes me vi pensando na intencionalidade dessa sequência. O sentimento é que, diferente do primeiro jogo, a ideia principal da sequência foi fazer dinheiro e não gerar provocação.

É claro que, graças a sua criatividade e ousadia, uma obra majoritariamente comercial do Kojima ainda consegue ser essencialmente diferente de praticamente tudo que existe no mercado, contudo, há de se reconhecer que não é isso que um jogador médio espera dele.
Pediu, chegou!
Um dos meus maiores medos ao aceitar fazer o review de Death Stranding 2 foi não suportar o sistema de entregas. 57 horas depois e estou completamente viciado, colocando todas as bases no máximo pra pegar a platina.
O mais irônico é que eu fazia parte do time que achava o 1 um porre olhando os vídeos. Mas por ser uma sequência, o processo de entregas do 2 está muito melhor, com veículos sendo desbloqueados de maneira mais rápida e novas construções e ferramentas que tornam o processo divertido.

É claro que eu tenho algumas ressalvas. Algumas instalações concedem recompensas terríveis que não fazem valer o esforço de colocar a base no nível máximo de reputação. Outro ponto é a inconsistência pra subir de nível com as bases.
Em certos momentos, acumulei duas entregas de pedidos padrões e 4 cargas perdidas e só ganhei 1 estrela. Em outros, entreguei apenas um pedido e ganhei uma estrela e meia, menos recebendo curtidas a menos. Essa imprevisibilidade me incomodou.
Eu não joguei o primeiro então fiquei encantado com o aspecto multiplayer do jogo. Em uma missão por exemplo, tinha que ir até uma base enorme e coletar um objeto no teto da base. Quando eu cheguei no local, outro jogador já havia deixado uma corda, facilitando todo o processo. Esse aspecto colaborativo me encantou demais e fico na torcida pra que ele seja copiado em outros jogos.
É estranho falar isso, mas fazer entregas e planejar rotas foi altamente relaxante e em certos momentos serviu quase como uma terapia, tornando-se um ponto de conexão comigo mesmo. Além de contemplativo, Death Stranding é reflexivo e eu espero que você tenha a oportunidade de se sentir assim com a experiência também!

A melancolia das entregas é reforçada pela trilha sonora estupenda do jogo. Existem músicas, como To the Wilder de Woodkid que reviram a alma de quem escuta.
Portador da Destruição
Após as críticas do primeiro jogo, a Kojima Productions deu uma atenção maior ao combate da franquia. Sam agora está mais experiente e implacável, contando com um arsenal bem maior de armas, granadas e ferramentas para despachar os inimigos.
Metralhadoras, espingardas, snipers, pistolas, temos até uma massa de pizza que pode ser usada como arma.
O combate é bem funcional e apresenta uma variedade de opções pra quem gosta de jogar como o Rambo ou quem prefere uma abordagem mais furtiva. Eu não gostei tanto do combate corpo a corpo, definitivamente não é o forte do jogo, apesar de conter um leque interessante de opções nesse sentido.

Eu senti um certo desbalanceamento nas armas. A Espingarda é tão forte que usei ela quase o jogo inteiro, tanto contra humanos contra BTs. Um ponto negativo é a falta de variedade de inimigos. Temos três grandes grupos – BTs, humanos e máquinas. Contudo, os arquétipos deles se repetem bastante. Seria tão fácil inovar no design dos BTs mas isso acaba não acontecendo.
Eu joguei boa parte da história no Normal e a dificuldade mais parece o Fácil. O jogador quase não é exigido e certos chefes podem ser derrotados até se a gente ficar parado. Considerando que existe até uma opção para pular os chefes, é nítido que existiu uma vontade de tornar o jogo o mais acessível possível.
Isso reforça o meu sentimento sobre essa sequência e que ela nasceu mais do desejo de lucro do que o de passar uma mensagem. A história responde perguntas que ninguém tinha, a dificuldade é super acessível, as entregas foram muito facilitadas, o estúdio criou um leque muito maior de opções de combate.. Todas as atitudes tomadas foram em prol de trazer mais jogadores e não de fazer um jogo de fato melhor.
O maravilhoso mundo da Decima
A franquia Horizon e o primeiro Death Stranding já serviam como uma baita vitrine da Decima Engine, um dos melhores motores gráficos do mercado.
Tudo que era excelente em Death Stranding 1 foi amplificado nessa sequência. Texturas dos terrenos, expressões faciais, efeitos climáticos… Você já deve ter visto vários clipes dos minutos iniciais do jogo e confirmo – boa parte dele está de fato com visuais fotorealistas.
Os efeitos climáticos, como as tempestades de areias, incêndios e nevascas, estão absurdos e a experiência é amplificada pelo uso formidável do DualSense. Death Stranding 2 tem a melhor integração do controle desde Astro Bot. Podemos até ouvir Lou chorando com sons saindo do controle.

Eu joguei no PS5 Pro e o jogo rodou de maneira perfeita no modo performance a 60 FPS estáveis. Também não notei nenhum bug e nem tive crashes. Tecnicamente falando, apenas três coisas me incomodaram. A primeira foi o fato de existir um pequeno delay pra carregar o mapa ao apertar options.
E por falar em carregar, acho que esse é o primeiro jogo do PS5 que não existe tempo de carregamento do menu pra continuar a jogatina. Pois é, ele aparece instantaneamente.
A segunda foi pra qualidade da dublagem em PT-BR. A PlayStation geralmente acerta nisso mas a experiência não foi tão positiva dessa vez. Os atores de voz escolhidos as vezes não passam uma emoção autêntica em algumas cenas, tornando trechos que deveriam ser emotivos mais frios.
E por fim e talvez o ponto mais importante – o México e a Austrália. Eu entendo que o jogo se passa em um período desolado, mas eu não me senti visitando uma versão distópica do México e tampouco da Austrália. A representação da Kojima Productions dos dois países mais lembra Marte e outros planetas, não países altamente reconhecíveis. Os únicos elementos que lembram a Austrália são os animais como os coalas e cangurus que encontramos pelo caminho.
Review de Death Stranding 2 – Vale a Pena!
Death Stranding 2: On the Beach é, possivelmente, um dos jogos mais comerciais de Kojima. O jeito peculiar do criador de ver o mundo e de dirigir as cenas ainda se faz presente, mas, fazendo uma porção de concessões para tornar sua obra mais palatável para o público.
Com isso, Death Stranding 2 é um ótimo jogo mas que acaba se esbarrando nas conexões entre uma história e outra e no excesso de repetições em vários departamentos.
No fim, o jogo responde o que pra mim é a pergunta principal da franquia – deveríamos ter nos conectado? E a resposta acaba sendo sim. Apesar dos riscos e perigos, viver e comunidade são praticamente sinônimos.
E aproveitando essa deixa de comunidade, respondo duas perguntas que instaurei no começo desse texto – sim, é completamente possível jogar a sequência sem ter jogado o primeiro e ficar encantado com a proposta. E sim, Death Stranding 2 merece seu tempo e dinheiro.
O que você achou desse review de Death Stranding 2? Deixe seu feedback nos comentários!
Kojima apostou no seguro, entregando uma jogabilidade mais acessível, mais opções de combate e uma história que fica aquém do esperado.
Pontos Positivos
- Trilha sonora evoca muitas emoções
- Visuais fotorealistas
- Combate aprimorado
- Elle Fanning
Pontos Negativos
- Dublagem em PT-BR deixa a desejar
- História segue um caminho repleto de obviedades
- Pouca variedade de inimigos
- História
- Jogabilidade
- Desempenho
- Visuais
- Som