Sim, como o nome já indica, Death’s Door é mais um jogo que toma coragem para falar sobre a morte e os sentimentos que envolvem esse rito de passagem. Por sinal, guarde isso. Rito de passagem. Eles são fundamentais no jogo. Desenvolvido pela Acid Nerve, o estúdio composto por duas pessoas que entregou Titan Souls, o game foi publicado pela Devolver Digital. Após meses de espera até que o jogo chegasse no PlayStation, finalmente Death’s Door está entre nós.
A história de Death’s Door
Surpreendentemente, o jogo conta sua história através de uma organização extremamente burocrática povoada por Corvos. Esses animais tomaram a posição de Ceifadores, grupo encarregado de levar as almas dos mortos para o “além”. Falando especificamente sobre jogabilidade, o game flerta com diversos estilos. A câmera isométrica e o combate ágil lembra bastante Diablo, mas sem o sistema de loot. Já as batalhas contra os chefes e a exploração foram completamente inspiradas em Dark Souls.
Em relação a narrativa, tudo é explicado detalhadamente e o jogo possui até um final secreto (e verdadeiro) que deixam as coisas ainda mais claras. Para resumir: somos um corvo encarregado de coletar uma Alma Grande (de um ser poderoso). Ao derrotar esse ser, um Corvo muito mais velho surge e rouba essa alma de nós. Perseguimos o Corvo e descobrimos a Porta da Morte (daí vem o nome do jogo). Para abrir esta porta, é necessário coletar diversas Almas Grandes. Não darei mais detalhes acerca da trama por ser a melhor parte do jogo. Mas, a história vale muito a pena e os desdobramentos da mesma são interessantíssimos.
Explorando e Coletando Almas
No hub do jogo, que funciona como sede dos Ceifadores, temos acesso a diversas portas que levam o protagonista para localidades específicas. Dentro desses locais, temos que circular as áreas atrás de Almas Grandes. Nesse meio tempo, conseguimos abrir atalhos como escadas, reduzindo o tempo de caminhada caso a gente morra no chefe.
Curiosamente, para um jogo que dá tanta importância para a Morte, ela quase não é punida aqui. Algumas batalhas contra chefes são um pouco desafiadoras, mas, no geral, o jogo não pega pesado no quesito dificuldade. Os atalhos são fartos e não perdemos recursos ao morrer. Ao derrotarmos inimigos, recebemos um recurso que se assemelha bastante a Almas. Através desse recurso, podemos melhorar nossos status como Força, Destreza, Poder de Magia/Tiro e mais.
No quesito passivo, obtemos 3 habilidades, além da Habilidade de Arco que já nos acompanha no começo do jogo. Essas habilidades são: Chama, Bomba e Gancho. É possível enfretar mini-chefes para obter melhorias de efeitos para essas habilidades. Além disso, ao explorar, podemos obter Cristais de HP e Magia que aumentam nosso Life e a capacidade de usar as habilidades. No geral, a jogabilidade é bastante simples, intuitiva e responsiva.
Morte e filosofia
A genialidade do game reside em sua forma de lidar com a morte. Ao derrotar os vilões, que buscam a vida eterna e não querem se desprender de suas vidas, o personagem Coveiro surge, dando um discurso que coloca em evidência as qualidades de cada vilão. Nestes momentos de “homenagem”, o jogo da Acid Nerve entrega uma lição poderosa à todos que observam atentamente a situação e se dedicam a pensar um pouco no que está acontecendo.
A morte, por mais que seja dolorosa, é um aspecto natural de nossas vidas. O jogo lida com isso de maneira sublime, com humor e bastante respeito. No fim, a mensagem que fica é a de aproveitar cada momento que temos disponível e que a tentativa de prolongar nosso tempo em vida só nos faz perder as coisas boas do mundo.
Death’s Door: Vale a Pena!
Apesar de achar o jogo extremamente superestimado, Death’s Door é um ótimo indie que traz consigo 10 horas de conteúdo feito com bastante cuidado e paixão. Com uma jogabilidade um tanto quanto simples e um sistema de progressão que não funciona bem, a história do game é sua principal arma e qualidade. A forma na qual o estúdio aborda um tema tão sombrio é genial.