Os jogos de terror se popularizaram, em grande parte, pelo YouTube. Canais de todos os tamanhos tiveram a oportunidade de compartilhar gameplays e impressões de incontáveis títulos do gênero, muitas vezes fugindo completamente do mainstream.
Com o tempo, estúdios e editoras passaram a apostar nesse formato: jogos compactos, bons para interações sociais, acessíveis nos termos de mecânicas e familiares, especialmente quando falamos de settings; muitas vezes conhecidos como “assets reaproveitados”.
E caso você esteja por dentro do que os principais criadores de conteúdo estão trazendo, verá que Detective – Rainy Night tem inúmeras similaridades. Tudo isso em uma aventura brutal baseada em dedução e investigação simples.
Algo de errado não está certo
Encarregado de investigar misteriosos desaparecimentos na região, o detetive Iker Carmona decide passar a noite no Holiday, um motel de estrada. Sua primeira noite é tranquila, mas a manhã seguinte revela que os próximos dias não serão fáceis.
Uma estranha tempestade toma conta do local, cortando sinais de telefones e a energia dos carros. Logo, Carmona se vê preso, ao lado de sete outros hóspedes, onde tudo indica ser o epicentro dos sumiços. E tudo piora quando mortes começam a acontecer.

Agora, o detetive precisa interrogar os sobreviventes e explorar o motel em busca de respostas. Mas à medida que símbolos estranhos começam a acontecer, a vida de todos no local passa a sofrer riscos iminentes. O que está por trás de toda essa violência?
Detective – Rainy Night é um curto jogo de exploração e terror conduzido por narrativa. Ao longo de cinco noites, os jogadores precisam avançar por 12 níveis narrativos, cada um apresentando um evento estranho específico e adicionando mais camadas à história.

Sua campanha dura no máximo 1h30 e se destaca por ser bastante linear. À medida que as coisas acontecem, você precisa estar atento para definir o caso: no final da campanha, escolhas determinantes mostrarão se os hóspedes sobreviverão ou encontrarão o fim.
Apesar de ser um jogo de dedução, Detective – Rainy Night não é tão profundo nesse sentido. Os objetivos são diretos e telegrafados, os NPCs falam algumas frases a cada capítulo e há puzzles que podem se resolver facilmente em um mapa relativamente pequeno.

Nesse sentido, o game se assemelha muito aos projetos independentes e underground mostrado por canais de terror no YouTube. História interessante para comentar e um projeto que, no geral, vale à pena ser comentado à medida que sua narrativa se desenrola.
Temas adultos e violência gráfica surpreendente
Detective – Rainy Night não demora para mostrar ao que veio. Logo nas primeiras conversas com NPCs, é possível observar que a história aborda temas adultos profundos, desde os mais reflexivos até os mais perturbadores.
Cada NPC tem sua própria história e motivação, com algumas delas sendo simples e desinteressantes, e outras sendo mais intrigantes. Além disso, alguns deles se relacionam com outras pessoas no local, dando mais ares dramáticos aos arcos narrativos.

Além disso, por ser um jogo curto, as coisas acontecem em ritmo mais acelerado (não necessariamente ruim). A violência gráfica surpreende por não ter hora para ocorrer, e ela não poupa em carnificina: mutilações, empalamentos, decapitações e outras coisas extremamente brutais.
Obviamente, os gráficos simples não contribuem para um show visual mais detalhado. Os eventos são nítidos, mas a falta de capricho técnico por meio de iluminação, sombras e texturas prejudicam um pouco esse convencimento do choque. Mas isso faz parte das limitações de desenvolvimento.
Problemas e polêmicas
Não há como efetivamente cravar, mas Detective – Rainy Night aparentemente reaproveita não apenas assets, mas modelos inteiros de cenários. O motel Holiday possui semelhanças absurdas com incontáveis jogos indies de terror, e de cara você verá que é quase um “copiar e colar”.
Eles se estendem desde level design até modelagem de NPCs. Além disso, há suspeitas de que a própria movimentação dos personagens seja “comprada”, apesar da ideia original da narrativa e de eventos que, naturalmente, acompanham os eventos da história.

Outro ponto negativo diz respeito a um bloqueio sério de progressão. Sem spoilers, mas no final da campanha você deve abrir seu caderno, revisar uma série de pistas e anotações e dar um jeito de encerrar o caso.
O problema? Depois de dar todas as respostas, Detective – Rainy Night não tem um comando ou um gatilho para confirmá-las. Assim, surge um bloqueio de progressão extremamente frustrante, impedindo que o final da história seja visto.
Detective – Rainy Night é um bom projeto para streamar
Se você está planejando seu cronograma de criação de conteúdo e busca algum título para streamar em seu canal, Detective – Rainy Night é uma boa pedida. O game é bem curto e intuitivo, impedindo que você passe sequer um minuto perdido ou buscando o próximo objetivo.
Tudo no jogo é bem telegrafado e direcionado. Assim, há um grande sacrifício à recompensa para que a história não se perca. E como o jogo é narrativo, isso faz um certo sentido. Mas ao se vender como uma experiência dedutiva, os aspectos de investigação se tornam quase nulos.
Além disso, o jogo sofre com um bloqueio grave de progressão, falhas na localização do texto para português do Brasil e supostos assets reaproveitados de outros games. Dessa forma, você deve ficar com um pé atrás sobre Detective – Rainy Night.
Mas caso você curta esses jogos de terror mais “acolhedores”, não custa nada dar uma chance para o título e ver se a história te prende em algum ponto. Só vale a pena esperar alguma atualização.
Detective - Rainy Night é uma experiência ideal para transmitir em um canal do YouTube, mas apenas pela sua curta duração e pelo conceito. Fora isso, é um título com assets aparentemente reaproveitados e com falhas na progressão.
- História
- Jogabilidade
- Desempenho
- Som
- Visuais
- Diversão