O ano é 1992, os consoles 16 bits apresentavam o que havia de melhor e mais avançado em relação a experiencia domestica de jogar vídeo games. Nos fliperamas, embora o domínio dos jogos de luta estivesse prestes a começar, outros títulos disputavam a atenção e as preciosas moedas dos jogadores, em sua grande maioria crianças e adolescentes.
Nesse ano, um jogo fez um grande sucesso, consolidando assim os jogos shoot ‘em up – ou, para os íntimos, jogo de navinha – como uma tendência que veio para ficar. O jogo a que me refiro tem dois nomes, eu o conheci como Aero Fighters, mas no Japão ele é chamado de Sonic Wings.
Dois nos mais tarde, em 1994, o SNES receberia a sua versão. Porem, o Mega Drive ficou conhecido por receber vários jogos desse segmento, que eram tão rápidos e similares ao que jogávamos nos arcades.
Titulos como MUSHA, Zero Wing e a serie Thunder Force são alguns exemplos. É também no console de 16 bits da Sega que os jogos da Ancient, fundada em 1990, pelo lendário compositor Yuzo Koshiro, ganharam vida, jogos que hoje carregam o status de clássicos, como Sonic the Hedgehog (a versão 8 bits) e Streets of Rage 2.
Trinta e cinco anos após a sua fundação, a Ancient lança mais um jogo para o Mega Drive, um shoot ‘em up bem aos moldes dos jogos dos anos 90. Eles nos apresentam agora: Earthion.
Convoque o seu melhor piloto, escolha a sua navinha favorita e venha conferir a nossa review desse jogo que vai nos levar não apenas pelo espaço sideral, mas em uma viagem de volta no tempo.

Do que se trata o jogo?
Em Earthion, os recursos do planeta Terra estão praticamente esgotados, o meio ambiente já a beira do colapso total, e grande parte da população global agora reside em Marte. Um planeta praticamente abandonado. Porém, ainda nosso planeta. E o que é nosso, ninguém pode mexer. É por isso que, quando invasores interplanetários tentam tomar o nosso planeta através de uma investida hostil, um grupo se organiza para impedir que os aliens tenham sucesso.
Na pele da pesquisadora ambiental Azusa Takanashi, pilotamos a avançada nave de combate espacial YK-IIA e lideramos o contra-ataque mais importante da história da humanidade.

A jogabilidade
Em sua essência, Earthion é uma fiel representação dos jogos shoot ‘em up dos anos 90. Fiel até demais, eu diria.
O jogo é muito responsivo em sua proposta de side-scrolling – perspectiva horizontal, da esquerda para a direita. Embora o jogo não disponha de uma loja para aquisição de itens, ou sistema de cambio dentro do jogo, há como adquirir melhoramentos ao final de cada uma das oito fases.
As melhorias são trocadas por um item chamado adaptation pod (capsula de adaptação). Essas melhorias não são exageradamente fortes, mas equilibradas para que tenhamos maiores chances ao longo da jornada. E realmente precisamos delas.
O jogo não é exageradamente difícil, porém após a quarta fase, a palavra ‘equilíbrio’ não ocupará espaço em nossos pensamentos, em especial quando o jogo chega aos momentos decisivos. Embora seja possível desviar da quantidade exagerada de projeteis e elementos na tela (algo que esperamos de um jogo desse gênero), os padrões são estranhos, e o posicionamento dos inimigos e as trajetórias também causam estranheza.

Então, como disse acima, os melhoramentos acabam sendo muito importantes para que tenhamos sucesso. Afinal, como um jogo fiel a época em que se propõe prestar uma homenagem, há uma quantidade pequena de vidas a nosso dispor, tal como o número de continues também é. E quando não há mais fichas para continuar a aventura, teremos que recomeçar tudo desde o início, do zero!
E sim, eu sei, isso pode afastar muitas pessoas que não viveram essa época, e que podem estranhar que em 2025 ainda tenhamos que passar por isso. Também pode atrair muitos fãs da nostalgia que essa mecânica pode proporcionar.
Porém, como era comum em vários jogos da época dos 16 bits, temos acesso a passwords que são gerados após cada tentativa bem sucedida, ou não, de vencer o jogo. Essas senhas permitem que a gente inicie as novas campanhas com melhoramentos e vidas extras desde a fase inicial, ou alguma outra em um momento mais adiante na história do jogo.

Ainda falando sobre jogabilidade, e mecânicas, há muitos acertos também. Contamos com um medidor de poder do tiro padrão, que pode ser melhorado e aumentado à medida que coletamos as gemas que os adversários derrotados deixam na tela. Além desse medidor de potência de tiro, também temos a disposição um escudo protetor, também segmentado em barras que podem ser aumentadas.
Cada acerto sofrido, causa dano de uma barra de escudo. Elas, por sua vez, podem ser restauradas com o tempo, caso a gente evite ser acertado mais uma vez em sequência. Se a barra de escudos chegar ao zero, perderemos uma vida. Os danos sofridos impactam no medidor de potencia do tiro normal, no escudo e na barra de arma secundaria.
Aqui, eu não entendi muito bem o porque precisamos apetar um botão para o tiro normal e outro para a arma secundaria. Tudo bem que o jogo disponibiliza um atalho para que ambas sejam usadas ao menos tempo e de forma mais pratica. Mas fica a pergunta: quem gostaria de ter uma arma secundaria e não a utilizar?
As armas secundárias possuem sua própria barra medidora de dano. Ou seja, podemos perde-las após vários acertos dos adversários.
Aspectos visuais e sonoros
A direção artística em geral é bastante competente. O jogo é inteiramente desenhado em estilo pixel art muito bonito. Além disso, há vários filtros disponíveis para aumentar ainda mais o sentimento de nostalgia. Em especial, os filtros CRT são belos. Ouso dizer que figuram entre os melhores que eu já vi.

Agora, o que falar sobre os efeitos sonoros e trilha sonora original? Acredito que preciso apenas seguir com um nome para atestar quão boa é a trilha, e o quão bem feitos são os efeitos sonoros: Yuzo Koshiro.
O jogo tem, dentro das opções, um singelo modo teste para que possamos ouvir os efeitos sonoros isoladamente, assim como as musicas de cada fase do jogo.
É isso. Uma trilha composta por Yuzo Koshiro para o nosso deleite.
O desempenho
Embora tenha sido desenvolvido e planejado para usar os 200MB de um cartucho do Mega Drive (o jogo será ainda lançado nesse formato em um futuro breve), as versões para consoles contemporâneos e PC contam com um arquivo maior do que isso devido a também contem o emulador para rodar a rom do jogo.
E por isso, não problema algum na performance. Não houve quedas da taxa de quadros mesmo em momentos em que a tela esteva lotada de elementos visuais – tal como como as ruas de Salvador durante o Carnaval. Então, fica apenas o questionamento aberto em relação a esse quesito para ser respondido quando a versão para Mega Drive for lançada.
O jogo não apresenta alguma funcionalidade mais atual em relação a acessibilidade, no que diz respeito a pessoas portadoras de alguma deficiência visual. Elementos estes que, embora não presentes nos jogos da década de 1990, mas que agora, em 2025, são, deveriam ter sido incluídos no jogo.

Review de Earthion: Vale a Pena?
A Ancient nos brinda com Earthion, um jogo que entrega uma experiencia nostálgica com uma jogabilidade muito veloz, dinâmica, responsiva e direta ao ponto – Afinal, é um jogo de navinha. A direção artística é muito competente e todos os elementos visuais são muito bem feitos e conversam entre si durante as 8 fases, e, juntos, contribuem muito para uma experiencia visual muito boa.
Logicamente que os efeitos sonoros e uma trilha sonora criada por Yuzo Koshiro também chama, e muito a atenção dos jogadores de maneira muitíssimo positiva.
A história não é, para mim, o ponto forte do jogo; embora a cena de encerramento seja muito bem feita e bonita. Em Earthion é a jogabilidade de um shoot ‘em up aos moldes clássicos que realmente conduz toda a experiencia em direção a diversão.
A Ancient nos brinda com Earthion, um jogo que entrega uma experiencia nostálgica com uma jogabilidade muito veloz, dinâmica, responsiva e direta ao ponto. Em Earthion, é a jogabilidade de um shoot ‘em up aos moldes clássicos que realmente conduz toda a experiencia em direção a diversão.
- Narrativa
- Gráficos e Efeitos Visuais
- Trilha e Efeitos Sonoros
- Desempenho
- Jogabilidade