Ebenezer and the Invisible World é um metroidvania interessantíssimo criado pelo estúdio brasileiro Orbit e publicado pela Play on Worlds. A história do jogo é fortemente inspirada em A Christmas Carol, obra extremamente famosa de Charles Dickens.
No jogo, nos acompanhamos o protagonista Ebenezer Scrooge em uma jornada para salvar a população de Londres antes que seja tarde demais. Os principais elementos da história foram inseridos no jogo estruturado como um metroidvania.
Temos fantasmas azuis e vermelhos com funções e mentalidades distintas, um mundo desigual e personagens secundários que precisam da ajuda de Scrooge. A maior diferença do jogo pro livro é que o game funciona quase como uma sequência dos eventos do livro.
Scrooge já encontrou a sua redenção e se esforça ao máximo para ser uma pessoa boa. O mesmo não pode ser dito da família Malthus. Liderados por Caspar Malthus e sua Guarda Privada, a família industrialista explora a população, deixando boa parte de Londres na linha de pobreza. A lore do game é ótima e temos uma vasta presença de diálogos que podem ser acompanhados graças a presença de legendas em nosso idioma.
Um metroidvania raiz
Quando se pensa em metroidvania, automaticamente pensamos em backtracking e isso é bem real em Ebenezer and the Invisible World. No jogo, temos a presença de uma série de fantasmas azuis, que, quando são auxiliados, passam a ajudar Scrooge e garantem habilidades especiais de travessia para o personagem.
Temos o teletransporte, que permite que Scrooge atravesse portões azuis, uma habilidade especial que permite pular entre balões de ar, um gancho, outra que permite viajar entre espelhos e mais. Surpreendentemente, o conteúdo do jogo é bem substancial. São muitos segredos e áreas à serem exploradas.
Além dos fantasmas azuis, temos os fantasmas vermelhos, esses funcionando como espíritos vingativos que liberam habilidades de ataque. Um elemento interessante é que podemos completar tarefas específicas para cada espírito vermelho com a finalidade de amplificar o efeito da magia em questão.
Ebenezer and the Invisible World é um jogo relativamente acessível quando comparado aos demais títulos do gênero. Todas as missões são listadas no menu e seus objetivos são bem claros. Contudo, essa filosofia não foi aplicada no mapa. Não podemos colocar marcadores sinalizando algum baú que demanda uma habilidade ainda não obtida, além disso, não é possível dar zoom in ou out no mapa, o que dificulta a visualização completa do mesmo. Outro ponto é que a presença de salas de salvamento, os checkpoints, é bem escassa.
Desafiador até demais
Metroidvanias são conhecidos por sua dificuldade mas isso é verdade e mentira em Ebenezer the Invisible World. Confuso, não? Mas explico. Os inimigos são fáceis de serem derrotados, até mesmo os chefes, contudo, por conta da ausência de checkpoints e uma escassez programada de itens de cura e moedas, o game se torna brutal.
Os itens de cura raramente são dropados pelos inimigos, demandando que o jogador compre eles. Mas aí temos dois problemas. O vendedor desses itens está na área inicial do game e são alguns bons minutos de caminhada até ele. Outro problema é que os itens são caros e as moedas são escassas. Então o jogador precisa escolher entre comprar Heirlooms, que garantem bônus passivos, ou itens de cura.
Os dois problemas podem ser resolvidos com um rápido ajuste na quantidade de moedas encontradas e, claro, no aumento do drop desses itens de curas. Até que esse ajuste seja feito, prepare-se pra dar muito rage enquanto você morre diversas vezes no caminho e volta pra várias salas atrás pra caminhar tudo de novo.
A progressão segue o padrão de todo jogo do gênero. Temos armas diferentes que aumentam nosso poder de ataque e heirlooms que podem ser equipados, garantindo um bônus passivo. São dezenas de heirlooms que podem ser encontrados pelo mapa ou comprados nos NPCs. Também é possível aumentar o HP e Mana com personagens específicos usando materiais adquiridos em baús e inimigos.
Feito à mão
Os visuais de Ebenezer and the Invisible World são feitos à mão, o que garante um charme fantástico ao jogo. As animações dos golpes, tanto dos inimigos quanto de Scrooge, estão bem caprichosas e, pra minha surpresa, a variedade de inimigos está enorme para um game desse escopo.
Os cenários, apesar de se repetirem várias vezes, são aconchegantes graças às óbvias decorações natalinas e construções cheias de ornamentos. Todos esses detalhes, quando juntos, reforçam o tremendo carinho que os devs possuem pelo projeto.
Um ponto que não chega a incomodar mas que poderia ser melhor diz respeito à trilha e aos efeitos sonoros. Eles não são ruins mas passam quase que despercebidos pelos jogadores. A trilha poderia ser um pouco mais marcante, ainda mais se tratando de um jogo que se passa na época natalina.
No quesito desempenho, não tive o que reclamar. A experiência está bem fluida, mesmo sendo a versão de PS4 rodando no PS5. Como o jogo é leve, os loadings são bem rápidos e não presenciei nenhum bug.
Ebenezer and the Invisible World: Vale a Pena!
Ebenezer and the Invisible World reflete o quanto os brasileiros podem ser criativos quando encontram espaço pra tal e que sim, temos plena capacidade de trazer boas ideias até pra gêneros altamente competitivos. Se você é um fã de metroidvanias, vale a pena adicionar o game em sua lista e dar uma chance ao mesmo quando você puder!
Ebenezer and the Invisible World apresenta boas ideias e belíssimos visuais feitos à mão que se esbarram em problemas de gameplay e progressão
- Narrativa e Lore
- Jogabilidade
- Conteúdo Secundário
- Visuais
- Som (Trilha Sonora e Efeitos)
- Parte Técnica