Exoprimal é a mais nova aposta da Capcom no universo dos jogos multiplayer. Com uma personagem de cabelo vermelho e a temática de dinossauros, o jogo claramente não tem o nome que os fãs gostariam, contudo, ele ajuda a termos um vislumbre do que pode vir em relação à temática. Apesar de se distanciar (bastante) do tipo de jogo que os fãs da Capcom costumam consumir, Exoprimal apresenta boas ideias que podem se tornar um caminho a ser seguido nos games multiplayer, contudo, algumas imperfeições na execução acendem um alerta para o ciclo de vida do jogo. Saiba mais em nosso review!
Albius, viagens interdimensionais e um “novo” jeito de contar história
Para a surpresa de todos, Exoprimal apresenta um componente narrativo. A aventura é protagonizada por Ace, um piloto de exotrajes, tecnologia avançada fabricada pela megacorporação Albius. Nós somos enviados para a ilha de Bikitoa para investigar um problema que ocorreu na ilha. A equipe é composta por Lorenzo, Alders e Majesty, cada um com uma personalidade bem distinta e motivações próprias.
A ilha servia como um centro de pesquisa e fabricação da Albius e era supervisionada por uma IA chamada de Leviatã. O lugar, cheio de mistérios, acaba servindo como uma espécie de arena interdimensional onde a IA Leviatã, que se tornou “independente”, passa a enviar os combates de exotrajes para batalhas interdimensionais com a finalidade de coletar dados. Todo esse contexto serve como pano de fundo para justificar a matança de dinossauros e, claro, as disputas entre exocombatentes.
Exoprimal e seu jeito inusitado de contar histórias
Diferente do que estamos acostumados, a narrativa de Exoprimal se desenrola de um jeito bem estranho. Precisamos jogar partidas com o objetivo de obter dados. Ao obter esses dados, precisamos ir até um Menu separado, chamado de Mapa de Análise, para ir descobrindo novos arquivos, assistindo vídeos e fazendo ligações entre as novas informações. O mecanismo é bem similar ao que encontramos em jogos de detetive como Hercule Poirot e Sherlock Holmes.
Para se chegar na conclusão da história, é necessário jogar 55 partidas, algo em torno de 12 a 13 horas, um tamanho bem satisfatório para os padrões atuais. No geral, achei o plot interessante e cheio de reviravoltas. Apesar de conter clichês batidos de histórias que envolvem sci-fi e megacorporações, o conteúdo é bem aproveitável.
Exotrajes em ação!
No melhor estilo Overwatch, os exotrajes de Exoprimal são divididos entre classes/categorias, são elas: Ofensiva, Tanque e Suporte. Cada um dos 10 trajes apresenta habilidades distintas e podem ser trocados a qualquer momento da partida, trazendo um senso interessante de estratégia. Os jogadores que se tornam peritos em uma boa quantidade de exotrajes aumentam consideravelmente as chances de vitória da equipe, visto que cada situação vai demandar um traje diferente.
As partidas, que são estruturadas entre PvP e PvE, colocam os jogadores enfentando milhares de dinossauros e, caso você caia numa missão PvP, o final da partida consiste nos dois times se enfrentando em prol da realização de um objetivo (geralmente tomar pontos ou escoltar um cubo). O PvP funciona bem e tive partidas emocionantes que foram ganhas nos segundos finais, muito por decisões acertadas dos colegas de equipe em substituir os exotrajes na hora certa e para as opções mais viáveis.
Um elemento interessante nas partidas de PvP é que, o time em desvantagem, recebe um Dominador antes dos adversários. O Dominador é a capacidade de summonar um dinossauro poderoso, como um Tiranossauro, para impedir que o time da oposição conclua seus objetivos. Saber quando “pushar” é crucial e quase sempre determina a vitória. Outro detalhe interessante é que nas partidas os jogadores podem obter chips de criação, possibilitando que objetos como barreiras e plataformas sejam construídos.
Cada exotraje apresenta três espaços de módulos que são basicamente equipamentos que garantem bônus passivos gerais, como redução do tempo para regenerar vida, ou alterações em habilidades específicas do traje. Apesar de ser bem simples, o sistema flerta um pouco com criação de builds, permitindo que cada jogador crie um formato único de jogar.
Falha no Sistema
Exoprimal deixa em evidência que o jogo foi feito por uma equipe ainda inexperiente com GaaS e isso gera diversos problemas. A variedade de mapas quase não existe, assim como os modos de jogo. Outro problema é que o matchmaking é atrelado a quantidade de partidas jogadas em virtude da escolha para o formato da narrativa, prendendo diversos jogadores a cenários e objetivos repetitivos. Em seu estado atual, é bem díficil acreditar na longevidade do projeto que, mesmo com o lançamento super recente, já sofre com a carência de conteúdos.
Outro problema é que o tempo entre partidas é muito grande. A falta de um recurso básico, como permitir que o lobby se mantenha e que vote no próximo mapa/modo poderia resolver facilmente esse problema. Na maior parte dos casos, você vai levar entre 3 a 4 minutos para começar a jogar uma nova partida, o que afeta profundamente o loop de gameplay. Outro aspecto negativo é que, caso você caia de uma partida, não existe a possibilidade de retorno, o que é bem frustrante.
Um Passe de Batalha bem feito
Uma coisa que a equipe fez muito bem foi na montagem do Passe de Batalha. As skins foram muito bem elaboradas e o Passe contém uma quantidade extremamente generosa de skins épicas e lendárias, tornando-se muito mais atrativo do que em outros títulos multiplayer. O grande X da questão é se vale a pena fazer o investimento em um jogo que talvez não dure tanto tempo. No quesito personalização, só senti falta de mais opções para alterar a aparência das armas e não vi tanto incentivo em aplicar decalques nos Exotrajes.
RE Engine continua brilhando!
Construído na RE Engine, motor gráfico que costuma arrancar elogios, Exoprimal não desaponta no quesito visual. As texturas estão ótimas, assim como todo o trabalho envolvendo o modelo tanto dos trajes quanto dos dinossauros e os efeitos das habilidades.
Não tive nenhum bug ou queda de frames perceptíveis durante a minha jogatina. No sentido técnico, só tenho a reclamar dos loadings que são bem excessivos e demorados, muito provavelmente em virtude da existência do crossplay no jogo.
No quesito som, o jogo é uma decepção e tanto. A trilha não é ruim e nem boa, pra mim é pior: indiferente, sendo totalmente e facilmente esquecida por quem joga. Os cenários não são nada marcantes, o que poderia ser diferente, melhorando a imersão.
Review de Exoprimal – Um passo importante
Exoprimal é um passo importante na história da Capcom. O jogo apresenta boas ideias que, inclusive, trazem um frescor necessário ao modo em que títulos com foco no multiplayer contam histórias. Além disso, a sinergia entre personagens é bem vinda e traz um ótimo senso de estratégia ao jogo. Contudo, em um espaço cada vez mais competitivo, um jogo deste molde precisa chegar “redondo” e com uma dose generosa de conteúdo, caso contrário, ele acaba “morrendo na praia”. O que resta é torcer para que a equipe consiga reverter a situação o mais rápido possível e não perder a player base.
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