O gênero “Souls” recebeu um grande destaque nos últimos anos, principalmente com a chegada de Elden Ring no mercado. Apesar de Hellpoint ser um jogo de 2020, não podemos deixar de destacar suas qualidades mesmo sendo um projeto limitado com base em sua equipe e orçamento. O jogo recebeu recentemente uma atualização gratuita para o PlayStation 5 e Xbox Series X|S, além da nova DLC paga Blue Sun. Hoje você irá conhecer um pouco mais sobre Hellpoint, o título desenvolvido pela Cradle Games e publicado pela tinyBuild.
Um agradecimento mais do que especial para a Cradle Games e tinyBuild por terem fornecido a cópia do game para que esta análise pudesse acontecer!
Pode ficar tranquilo(a), esta análise é totalmente livre de SPOILERS!
O que é Hellpoint
Hellpoint é um jogo sombrio de ação e RPG aos moldes de franquias populares como Dark Souls, Demon’s Souls e Bloodborne. Na trama confusa controlamos a criação do Autor, um personagem com aparência “robótica” que foi enviado ao Irid Novo para desvendar mistérios que assolam a região, incluindo diversas criaturas malignas controladas por gigantes deuses cósmicos.
Sim amigos, a trama confusa não explica mais nada além destas informações que são passadas nos primeiros 10 minutos de gameplay ao acessar a máquina. Diferente de Dark Souls, os itens não contam passagens da história ou trechos de sub-chefes que estão presentes nos títulos da From Software. Quando joguei Hellpoint pela primeira vez, acabei me sentindo largado em uma jornada onde a sobrevivência é a nossa maior arma. Com diversos inimigos e chefes aleatórios espalhados pelo mapa, pude perceber que a história não é o principal foco do game.
Isso pode se tornar um grave problema para aquele jogador que busca algo equilibrado, mantendo o foco em uma boa história e um combate épico. Com tantos Souls no mercado, essa fórmula acaba não sendo original e inovadora. Seria interessante se a empresa tivesse abordado a narrativa de Hellpoint de uma maneira diferente, evitando algumas “cópias” e “repetições” de títulos do mesmo gênero.
Combate
Um dos maiores acertos da Cradle Games foram em relação ao combate! Este é sem dúvidas o maior brilho que Hellpoint poderia ter. Estamos falando de um combate fluído e totalmente diferente do que estamos acostumados em ver nos jogos de outras desenvolvedoras. É claro que o jogo possui suas limitações quando dizem respeito a magias e armas, mas funcionam muito bem, dando a sensação de liberdade nas áreas mais “apertadas” do mapa. Os jogadores poderão realizar Upgrades das armas e equipamentos no “Observatório”, facilitando nos combates contra os diversos chefes divididos em pequenas áreas a bordo do Irid Novo.
Mesmo realizando estes upgrades com os “Axions” (sistema parecido com as almas de Souls), o jogo permanece extremamente fácil e desbalanceado, permitindo assim finalizar o game sem grandes esforços. Mas calma! Fique tranquilo que este é o nosso próximo tópico.
Chefes desbalanceados
Durante a maior parte do tempo cruzaremos com chefes desbalanceados e que apresentam uma física falha. Alguns ataques não acertam o jogador, mesmo estando próximo de seu oponente, enquanto outros são capazes de atravessar a parede com magias poderosas e que levarão o jogador a morrer apenas com 2 ou 3 hits. Um exemplo claro disso são os chefes Congregadores Elevados, que além de acertarem golpes e magias pela parede, são capazes de derrotar com um único golpe. Pude notar esse grave desbalanceamento já que nenhum outro chefe do game foi capaz de matar desta forma.
Se você acha que os chefes ficarão cada vez mais difíceis e o desafio ainda maior, pode tirar essa idéia da cabeça! Infelizmente o jogo não mantém seu desafio elevado e não empolga o jogador a derrotar um inimigo como acontece em Dark Souls e outros títulos da From Software.
Level Design confuso e Bugs irritantes
Chegamos a um dos piores momentos desta análise! Infelizmente é preciso abordar sobre todos os problemas que tive ao longo das minhas 10 horas de gameplay no PlayStation 5. Por se tratar de um relançamento, a empresa deveria ter priorizado na correção de bugs graves e que muitas vezes impediram a progressão na história. Em uma determinada área de Hellpoint, o jogador precisa adicionar códigos para desbloquear portas e avançar no combate contra os chefes (todos os meus códigos bugaram). Felizmente esta luta não é obrigatória, porém, os caçadores de troféus poderão sofrer com estas falhas! O jogo também impossibilita de avançar ao morrer em algumas áreas, onde ficamos presos em paredes ou caindo no “Limbo” eterno. A única forma de resolver esta situação é fechando o aplicativo no console ou tentando forçar o encerramento através do menu principal.
O Level Design é um dos pontos mais preocupantes devido sua extrema repetição e “reciclagem”. Em diversos momentos da aventura acabamos nos perdendo, dando a entender que aquela região foi colocada apenas para parecer que o jogo é maior. É claro que esta é uma situação específica devido ao baixo orçamento do título. É uma pena que os desenvolvedores tenham tomado essa atitude ao invés de “reduzir o game”.
Falta de variedade de inimigos
Outro ponto que devo mencionar nesta análise é a falta de variedade de inimigos espalhados em Hellpoint. Toda vez que derrotamos um chefe, automaticamente ele se transforma em inimigos espalhados pelas áreas do Irid Novo. Sei que o orçamento é o maior vilão do desenvolvedor mas a falta de novos inimigos poderá decepcionar quem espera uma grande evolução na gameplay.
Gráficos
Os gráficos de Hellpoint não são inovadores e passam longe de um jogo de nova geração, porém são completamente funcionais e suficientes para divertir os jogadores. A proposta principal é manter o jogador entretido em seu combate único, realizando combos poderosíssimos para avançar para as novas áreas.
Trilha Sonora
Durante minha jogatina, o silêncio acabou me incomodando inúmeras vezes, principalmente em áreas cheias de inimigos que seriam grandes potenciais para tocar uma boa trilha sonora. Confesso que nas áreas dos chefes principais, as músicas acabaram despertando o interesse, “cancelando” assim a visão que tive do silêncio e monotonia. Seria interessante se a empresa adicionasse mais efeitos aos inimigos e músicas temáticas para cada região.
Tempo de duração
Falar sobre o tempo de duração em um RPG pode ser um tanto quanto complexo, porém, é possível finalizar Hellpoint em apenas 10 horas ou menos. É claro que isso irá depender totalmente do nível de familiaridade com jogos do gênero. Não pense que isso é algo negativo ou que irá interferir na experiência final do usuário.
O jogo conta com 3 finais diferentes e será exigido para platinar ou miletar o game. Prepare-se para rejogar e viver uma experiência diferente de tudo aquilo que estamos acostumados a ver.
Vale a pena jogar Hellpoint MAS ESPERE!
Hellpoint pode decepcionar em diversos aspectos, entretanto, é válido destacar que seu combate poderá ser o grande diferencial na tomada de decisão do jogador. Com uma proposta interessante, Hellpoint tenta alcançar o sucesso com os jogos do gênero Soulslike. É claro que o baixo orçamento se tornou um grande vilão para que o projeto final saísse conforme o esperado. Mesmo assim, a Cradle Games fez um excelente trabalho trazendo a nostalgia de jogos populares e algumas mecânicas de outros gêneros. Entretanto, suas falhas não podem ser deixadas de lado, principalmente por se tratar de um relançamento de 2020. Hellpoint é um jogo que poderá ser explorado ainda mais, principalmente com sua expansão e adição de novos chefes, entretanto, o valor sugerido para o game não condiz com o “serviço” que ele oferece. Recomendo aguardar uma futura promoção para a aquisição do game. Caso tenha interesse em adquirir mesmo assim, saiba das suas limitações e falhas que podem ocorrer durante a jogatina.