Desde seu anúncio em 2021, as expectativas em torno de um novo jogo do Indiana Jones foram crescendo. A grande curiosidade era como a MachineGames, conhecida por seu trabalho na franquia Wolfenstein, conseguiria adaptar uma história do arqueólogo mais famoso do cinema ao estilo tradicional do estúdio.
Em dezembro de 2024, o jogo foi lançado exclusivamente para Xbox e PC. No entanto, a desenvolvedora já havia confirmado que ele também chegaria ao PlayStation 5 em breve. E eis que esse momento chegou: o título já está disponível para os usuários do console da Sony.
Mas será que a espera valeu a pena? É isso que vou te contar nesta review de Indiana Jones e o Grande Círculo sendo jogado no PS5.
A historia faz parte do cânone
Sim, a história do jogo faz parte do cânone do personagem. Organizando na linha do tempo, Indiana Jones e o Grande Círculo se passa em 1937, entre os eventos de Os Caçadores da Arca Perdida e A Última Cruzada.
Na trama, um indivíduo invade a universidade onde Indy leciona e rouba uma relíquia, o que desperta a curiosidade do professor sobre a motivação por trás do crime. A partir disso, ele embarca em uma jornada ao redor do mundo para desvendar o mistério.
A narrativa do jogo é um dos seus pontos mais altos. A MachineGames conseguiu captar bem a essência do personagem, entregando um enredo leve, com doses de humor nos momentos certos e personagens carismáticos.
Gina Lombardi, que busca sua irmã mais velha desaparecida, acompanha Indy durante boa parte da campanha. Já Emmerich Voss é um vilão caricato, mas competente, conseguindo transmitir com clareza seus planos e intenções antagônicas.

A parte técnica impressiona
Um dos pontos em que a MachineGames mais caprichou foi nos gráficos e na ambientação. Logo de cara, o jogo começa com uma recriação de uma cena de Os Caçadores da Arca Perdida, praticamente idêntica à vista no filme.
Utilizando o poder da id Tech 8, o jogo consegue equilibrar gráficos realistas com alta resolução e taxa de quadros estável. Praticamente não há quedas de FPS, e a ambientação beira o absurdo em quase todos os cenários. Isso se deve ao uso de mapas semiabertos — grandes, porém delimitados por áreas — um estilo popularmente conhecido como “open bairros”.

Durante a campanha, que dura cerca de 20 horas mesclando missões principais e secundárias, visitamos locais como o Vaticano, Egito e diversos outros pontos do mundo. Esses ambientes variam entre áreas amplas e mais compactas. No entanto, a última área grande do jogo apresenta uma queda de qualidade que considero estranha.
Parece que a equipe não teve tempo suficiente para trabalhar nessa parte. E não é apenas graficamente que essa queda é perceptível: as mecânicas de gameplay tornam-se repetitivas, o que empobrece a experiência.
Quase um Immersive Sim
Desde que foi revelado que o jogo seria em primeira pessoa, ele gerou polêmica, já que as principais adaptações de Indiana Jones sempre foram em terceira pessoa. Além disso, a franquia Uncharted, considerada por muitos um sucessor espiritual, consagrou esse estilo de câmera no gênero de aventura.
E a crítica faz sentido, pois a MachineGames utilizou os direitos de imagem para exibir o rosto do personagem em quase todas as cutscenes, além de mostrar o corpo em momentos de escalada.

Se o jogo seria melhor em terceira pessoa é algo que nunca saberemos, mas como o estúdio é especialista em jogos em primeira pessoa, optaram por jogar no seguro — e entregaram um trabalho competente.
Como já citado, durante a campanha o jogador será colocado em ambientes abertos em diversos momentos, onde será necessário cumprir objetivos para obter uma chave, um disfarce ou outros itens que dão acesso a novas áreas.
Apesar de ser um jogo linear, há liberdade para cumprir os objetivos com criatividade. Por exemplo: em uma missão, é preciso adentrar uma área repleta de inimigos para furtar um objeto.
Em teoria, o jogador deveria conseguir um disfarce para passar despercebido. No entanto, é possível utilizar mecânicas de stealth para atravessar o local sem ser detectado ou até escalar pelos telhados, entrar e sair rapidamente. A decisão fica por conta do jogador.
O combate é baseado em ataque e defesa, e cada ação consome uma barra de estamina. Indiana utiliza majoritariamente armas brancas, como cassetetes e pedaços de madeira. Existem armas de fogo, mas elas causam pouco dano, têm baixa cadência, munição limitada e se desgastam com facilidade — por isso, seu uso só vale a pena em situações muito específicas.

Esse é um dos pontos negativos do jogo: o combate não é fluido, as animações são ruins e a sensação de impacto dos golpes parece deslocada da ação. O jogo possui clubes da luta como missões secundárias e, como o foco é o combate, evidencia a precariedade da mecânica.

Além disso, a inteligência artificial (IA) dos inimigos é fraca. Eles não elaboram estratégias, possuem padrões de comportamento facilmente decoráveis, o que permite eliminar vários oponentes com facilidade.
Para piorar, a IA é limitada por pontos específicos do mapa: se você atacar um inimigo, ele pode chamar reforços, mas basta sair correndo e eles logo esquecerão da perseguição. Em certos trechos, os inimigos nem atravessam determinados pontos do cenário, chegando a virar as costas para o personagem.
Puzzles divertidos
Se tem algo que não gosto nos jogos, são os puzzles. E, sabendo que eles fazem parte da essência de Indiana Jones e de qualquer outro aventureiro, fui com um pé atrás.
Contudo, acabei me sentindo instigado a completá-los, já que são criativos e não muito complexos. Durante a exploração, será constantemente necessário resolver esses desafios para finalizar missões secundárias, obter colecionáveis e adquirir itens usados para realizar upgrades no personagem.

A exploração tem fortes inspirações em mecânicas do gênero metroidvania, com portas bloqueadas que só poderão ser acessadas futuramente, após o avanço na história.
Como já citado, a campanha dura em média 20 horas, e esse tempo pode dobrar caso o jogador decida buscar os 100% de progresso. No entanto, o ritmo do jogo não me agradou.
Nas primeiras 10 horas, eu estava amando tudo o que era proposto, já que constantemente eram introduzidas novas mecânicas de exploração, como o uso do chicote, a obtenção de um isqueiro e outras ferramentas. Contudo, após a passagem pelo Egito, o jogo segue com a mesma estrutura, o que torna a experiência repetitiva e maçante.
Dublagem e trilha sonora
A Bethesda segue com sua política retrógrada de vincular a dublagem dos jogos ao idioma do console. Ou seja, se o console estiver configurado em português, o jogo será obrigatoriamente dublado nesse idioma.
Eles contrataram Troy Baker, o principal nome da dublagem masculina no mundo dos games, para interpretar Indiana Jones, e ele entregou um trabalho primoroso. Contudo, caso o público brasileiro queira ouvi-lo, será necessário jogar com todo o idioma em inglês, incluindo interface e legendas.
A dublagem nacional não chega a ser péssima, mas está bem abaixo da qualidade do idioma original.
Já a parte sonora como um todo é competente, com trilhas nostálgicas e, ao mesmo tempo, modernas, que intercalam bem os momentos de calmaria e de ação.
Conclusão
Indiana Jones e o Grande Círculo tinha a missão de apresentar um personagem popular dos anos 80 para audiências modernas, e conseguiu cumprir esse papel com um jogo competente.
Ele falha em pontos importantes, como a inteligência artificial, a dificuldade praticamente inexistente e o ritmo da campanha. Porém, como o grande foco está na aventura e menos na ação, o jogo entretém, transmitindo a sensação de estar vivenciando uma jornada autêntica, digna de um dos melhores filmes do Indiana Jones.

Você acha que o jogo faz jus ao legado do personagem? Ou esperava mais da adaptação? Deixe sua opinião nos comentários!
Lançado para PS5, Indiana Jones e o Grande Círculo entrega uma experiência autêntica de aventura com pontos altos em história e ambientação, mas tropeça em IA e ritmo.
Pontos Positivos
- Gráficos de ponta
- Ambientação imersiva
- História divertida
- Carregamentos rápidos e desempenho geral sólido
Pontos Negativos
- Inteligência artificial dos inimigos
- Repetitivo após algumas horas
- Combate simples com animações deslocadas
- História
- Gameplay
- Gráficos
- Trilha Sonora