Dentre os incontáveis jogos de PlayStation 1 e 2, existe uma franquia que passou décadas tendo o seu retorno demandado pelos fãs. Seja através de remasterizações ou de um remake/reboot. E, claro, estou falando de Legacy of Kain.
A Aspyr, que se especializou na revitalização de jogos clássicos para a atual geração, ouviu os anseios dos fãs e resolveu trazer um pacote duplo com os dois jogos da saga Soul Reaver. Com lançamento programado para 10 de dezembro desse ano, vem ler o nosso review de Legacy of Kain: Soul Reaver Remastered e vem descobrir que se o pacote merece a sua atenção!
A história
Ao iniciar Legacy of Kain, nos deparamos com Nosgoth, mundo governado pelos vampiros. Prontamente somos introduzidos à Kain, o líder dos vampiros e seus 6 filhos. O protagonista dos jogos, Raziel, é um dos filhos de Kain.
Misteriosamente, Raziel acabou conquistando uma evolução inusitada em seu corpo. Ele adquiriu asas. Ao observar que o seu filho adquiriu a evolução antes dele, Kain toma uma decisão brutal. Ele arranca os ossos das asas do próprio filho e o joga no abismo do Lago dos Mortos.
A atitude acaba servindo como uma condenação à morte, visto que na lore do jogo, a água é mortal para os vampiros. Após muitos anos se passarem, Raziel é ressucitado por uma entidade misteriosa, com um corpo diferente, novos poderes, a capacidade de se alimentar de almas e um poder que permite que ele alterne entre o mundo material e o mundo espiritual.
Raziel então parte em uma jornada de vingança com o auxílio da Soul Reaver, sua espada capaz de ceifar almas. Mas será que a vingança é o caminho correto a se seguir?
Confesso que fiquei maravilhado com o decorrer da trama. A princípio, ela parece uma história relativamente simples, contudo, na medida que avançamos, uma série de traições, mentiras e reviravoltas acontecem, apimentando a narrativa e mantendo o jogador vidrado na tela.
O escopo da trama cresce muito na medida que progredimos e atinge o ápice no segundo jogo que funciona como uma sequência direta do primeiro.
A jogabilidade
O combate dos dois jogos segue a cartilha básica de títulos do gênero: podemos pular, bater, desviar e planar.
O principal diferencial da franquia é a capacidade de transitar entre os dois mundos, o plano material e o espiritual. Várias vezes nos deparamos com algum trecho que, em primeiro momento parece um beco sem saída, contudo, ao alterar o plano, um novo caminho acaba sendo revelado.
O mecanismo pode parecer algo comum para os dias atuais, mas, na época do lançamento do jogo original, ele foi revolucionário, sendo um dos principais difusores desse conceito de transição entre planos.
O mapa é muito bem interligado e quase sempre a exploração é recompensada com melhorias para Raziel e para a Soul Reaver, a espada usada pelo protagonista. Um ponto negativo é que não temos uma variedade expressiva de inimigos e isso contando os dois games.
O time acabou desperdiçando o potencial da mecânica de transição de mundos. Ao concluir as duas jornadas, senti também que as lutas contra os chefes do primeiro jogo foram bem mais criativas do que as do segundo. O primeiro game demanda um senso maior de estratégia, já o segundo se resume mais na porradaria.
No quesito dificuldade, achei o primeiro título um passeio no parque. A única dor de cabeça são os puzzles que realmente exigem um certo racíocinio por parte de quem joga. Já o segundo game deixa claro a evolução da tecnologia. Os inimigos contam com uma IA bem melhor, apresentando uma variedade de ataques maior e, consequentemente, oferecendo um grau de desafio mais parelho.
Além da transição de planos, a segunda principal característica de Legacy of Kain são os puzzles. O estúdio realmente se dedicou para criar enigmas que demandam a atenção e inteligência do jogador e, para a minha surpresa, eles são bem variados.
Como ficou o remaster?
O jogo que mais teve melhorias foi o primeiro, por ser mais velho. As modelagens dos personagens, que no original tinham um aspecto mais quadriculado, nesse remaster ficaram mais naturais. Os cenários também receberam alguns retoques, mas nada tão bem trabalhado igual a modelagem dos personagens principais, inimigos e bosses.
Referente ao segundo jogo, notei melhorias mais sutis. Uma leve melhorada no modelo de alguns personagens e um uso melhor de cores nos cenários. Entendi que o maior foco foi no primeiro game devido a ele ter um visual mais datado que seu predecessor. Um detalhe importante é que ambos estão em 4K no PS5.
No quesito de som, não notei alterações, é o mesmo áudio que ouvimos no jogo original. Tanto as musicas de cada cenário, quanto os sons dos inimigos. Poderia classificar como algo negativo, mas os sons do jogo original já eram ótimos, pois proporcionavam uma sensação de angústia, perigo e até mesmo solidão.
Conteúdos Adicionais
Ao verificar os conteúdos adicionais do pacote, me deparei com diversas artes conceituais, artes de fãs, fotos de cosplay, textos para auxiliar a compreender a rica história do jogo. Nota-se que essa coletânea remasterizada foi feita com bastante carinho para os fãs.
Existem alguns mapas não finalizados que podemos explorar, chamados de Lost Levels. Tais mapas não receberam o mesmo tratamento gráfico dos jogos principais, mas vale a exploração.
Uma ferramenta que não existia nos jogos originais foi implementada nessa coletânea: uma bússola e um mapa, auxiliando assim na localização e exploração do jogo. De início confesso que não me foi de grande ajuda, mas conforme avançava no jogo, o mapa acabou se provando uma excelente adição para a navegação.
Tem problemas?
Sim, o pacote possui alguns problemas que necessitam ser citados neste review. Vamos começar pela câmera, que ao iniciar o primeiro jogo notei que estava um pouco trêmula, e sua movimentação me causou um pouco de cinetose. Após avançar um pouco senti uma leve melhora nessa questão, mas em outros momentos senti sensações semelhantes novamente.
Um detalhe importante e negativo para nós brasileiros é de que não localizaram o jogo para o nosso idioma, o que é uma pena pois quem não é muito fluente em inglês pode não entender algumas coisas, principalmente no segundo jogo o qual a história se desenrola de uma maneira mais complexa.
Review de Legacy of Kain: Soul Reaver Remastered – Vale a Pena?
Legacy of Kain marcou toda uma geração por conta de suas mecânicas que continuam geniais até para os padrões atuais da indústria. Com o pacote saindo por R$159,99 para nós brasileiros, a dupla de jogos oferece uma experiência sólida, que muito se assemelha à uma carta de amor para os fãs que esperaram tanto tempo pela remasterização.
Por mais que o pacote conte com problemas (e sofra com a falta de legendas em PT-BR), os jogos são bem divertidos, com puzzles inteligentes e uma história maravilhosa. Recomendo!
Pontos Positivos
- 2 Jogos Completos
- Conteúdos adicionais
- Remodelagem dos personagens
Pontos Negativos
- Sem localização para português
- Câmera problemática
- Historia
- Visuais
- Jogabilidade
- Conteúdo Secundário
- Desempenho
- Trilha Sonora e Efeitos Sonoros